quarta-feira, agosto 28, 2019

As consequências do orgulho na vida da igreja - Frio? Quente? Mornos? Apocalipse 3:14-22




Quando Jesus diz para os membros da igreja de Laodicéia que conheciam suas obras mornas e lamentou eles não serem nem frio e nem quente, compreenderam bem suas palavras.
Fundada no ano de 250 A. C., a próspera cidade de Laodicéia situada na Ásia Menor não possuía abastecimento próprio de água. Eles captavam as águas frias das montanhas de Colossos e as termais de Hierápolis, portanto, quando as águas chegavam em Laodicéia estavam mornas.1
                Fria e quente era apontamento para algo positivo. Águas frias de Colossos eram refrescantes e as quentes de Hierápolis, curativas. No contexto, parece que a sugestão era que a igreja não produzia nenhum dos benefícios dessas águas.
O que fazia os laodicenses não produzirem nada que fosse positivo era a crença de suas riquezas serem suficientes para toda manutenção de suas vidas. Apoiando-se no que possuíam ao invés do no quem (Jesus), eles haviam esquecido das suas palavras. Isto produziu um mal-estar em Jesus ao ponto de afirmar no início da carta que estava prestes à de vomitá-los. Cabe salientar, ter sido a autossuficiência e não suas riquezas o cerne do problema dos laodicenses. E sem dúvida, este é o maior perigo que corre os seguidores de Cristo.
A autossuficiência os encastelaram – enclausuraram dentro das quatros paredes do sofisma que suas riquezas eram suficientes. Tão fechados estavam nessa crença, que não ouviam o bater insistente de Jesus.  Voltados para eles mesmos, passaram a enxergar apenas a condição que tinham.
Se alimentada, a autossuficiência, por qual motivo for - talentos, recursos, números financeiros ou de membros – a igreja de Cristo passa a viver de forma morna a vida fervorosa que em Cristo3 foram chamados a viver.
Porém, Jesus havia dito aos discípulos que sem Ele nada poderiam fazer2, e uma vez enxertados nele, a videira verdadeira, eles, seus ramos, produziriam os seus frutos – afinal, estariam alimentados por sua seiva – natureza - DNA.
Contudo, cegos pela autossuficiência os laodicenses acreditaram que davam conta da vida sem Jesus. Todavia, a história nos relata que a única coisa que os laodicenses fizeram com sua autossuficiência foi acumular suas riquezas para si.
Eles ficaram tão pobres de Jesus que perderam a maior capacidade Dele: A de servir os seres humanos. Deixando de enxergar os outros, tornaram-se incapazes de abençoar como Ele abençoou.
Entretanto, ao final da carta, Jesus disse que estava a bater na porta da igreja de Laodicéia. Seu mal-estar não o levou a desistir deles, antes, a insistir que prestassem atenção no que estavam crendo.
Que o mesmo aconteça com as nossas vidas, se a autossuficiência quiser dominar nosso coração. Que Ele insista. Que você e eu, possamos ouvir o seu bater na porta.
Roseli de Araújo
Escritora e psicóloga clínica
 Referência:
2. Evangelho de João 15:5;         
3. Romanos 12:11.

quarta-feira, agosto 21, 2019

As consequências do orgulho na vida da igreja - Reflexão em Apocalipse 3:14-22


E ao anjo da igreja de Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;
Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.
Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Eles acreditavam que podiam fazer qualquer coisa. O dinheiro era a sua proteção. Diziam: “Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”1. Tão seguros sentiam-se na riqueza acumulada que viviam na expectativa que o futuro - esse sujeito incerto - só traria o sucesso.
Moradores da rica cidade de Laodicéia estavam cercados de bancos, da indústria têxtil e de uma boa medicina oftalmológica. Também, recebiam povos de todos os lados por ser rota comercial, e novidades não lhes faltavam.
É seguro afirmar que enxergou novas culturas – jeitos diferentes de pensar, e, produtos lançados em primeira mão.
Todavia, não só vislumbraram cultura nova, como também a absolveram. Parece-me que eles se tornaram capitalista de alma, ao crer que a riqueza da vida consiste nos bens que possuíam.
O problema de ser capitalista de alma é que eles perdiam de vista o tesouro que haviam recebido. Eram seguidores declarados do evangelho, entretanto, negavam a realidade do único tesouro que pode ocupar o coração dos discípulos: as boas novas - O evangelho – o Cristo.
Jesus se mostra indignado. Tenta chamar atenção da igreja. Bate na porta, mas eles não o ouvem. Então, fala a João na ilha de Patmos para escrever ao líder da igreja de Laodicéia. Quem sabe com uma carta em mãos, os laodicenses atentassem ao som insistente das mãos de Jesus ao bater na porta.
Soa estranho pensar em Jesus do lado de fora da igreja. Mas, é assim que Ele se apresenta aos laodicenses.
Creio que o bater na porta é a insistência de Jesus em falar com seu povo por meio da palavra.
E sem ouvir o Jesus que fala através da sua palavra, a igreja perdeu a capacidade de enxergar a si mesma. Que tragédia. Criam possuir tudo, enquanto estavam diante do Senhor da Vida de forma miserável, pobre, cega e nua.
Diante da realidade dos laodicenses me pergunto: Como será que Jesus nos vê? Qual é o diagnóstico que Ele faz de mim e de você?
Semana que vem continuamos nossa reflexão. Até lá.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
1Apocalipse 3:17

quarta-feira, agosto 14, 2019

A importância do pai na saúde emocional - O desafio do encontro do pai que ficou em nós



Este é o último texto desta série. Confesso que foi desafiador escrever sobre um tema que parece simples, porém, é polêmico e suscita muitas dores.
Na clínica, todos os dias, vejo o quanto o pai afeta a vida emocional. Porém, é difícil levar os pacientes a reconhecerem a quanto do pai ficou neles e a profundidade das marcas trazidas por essa relação.
Contudo, quando nos dispomos a cavar onde está a raiz dos nossos medos e dificuldades de lidar com a vida, iremos vislumbrar o  pai que ficou em nós.
Isto exige coragem. Porém, a jornada para termos emoções sadias passa também pelo caminho do desejo profundo de viver, sendo preciso amar a vida recebida para tentar fazer dela a melhor.
Também, é importante considerar nossas questões biológicas, neurológicas e socioculturais que podem ser barreiras nesta busca. Somos seres complexos. Alguém tem dúvida disso?
Contudo, a arrogância e o medo impedem a busca por emoções sadias.
Arrogância reside no fato de crermos que devemos conseguir sozinhos. Onde isso nasceu em nós que fomos criados para viver em sociedade e de outros precisamos desde o nosso nascimento? Essa altivez que trazemos, impede a busca por ajuda, levando-nos a caminhos onde nossas dores se multiplicam.
O medo mora na ideia de que não podemos nos expor, afinal, o que outro vai pensar de nós? Agarrados a uma imagem mentirosa sobre quem somos nos convencemos que a mentira é verdade, passando a viver encapsulados em tantos conceitos sobre nós mesmos, que nem ousamos mais questioná-los.
De forma estranha, aprendemos a amar a falsa segurança que essa mentira nos traz. Contudo, a alma sente o peso do contraditório que carregamos, então adoece.  E cada vez mais é difícil encontrar pessoas saudáveis emocionalmente.
Revisitar nossa história e encontrar o nosso pai, não importando quem ele tenha sido ou a distância que manteve de nós, pode ser um caminho de cura.
 É na verdade que novos olhares para vida podem nascer. E novos olhares sobre qualquer assunto pode nos fazer encontrar novos caminhos.
Que possamos desejar que olhares nasçam.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

quarta-feira, agosto 07, 2019

A importância do pai na saúde emocional - O Pai e a identidade sexual




A estruturação da sexualidade se inicia com o nascimento, tendo na adolescência o seu ápice. Portanto, para formação da nossa identidade sexual necessitamos da figura paterna e materna como em qualquer outro aspecto do nosso desenvolvimento1.
Nesta fase, a presença afetiva dos pais é indispensável, pois sua ausência poderá dificultar a resolução da sexualidade, podendo produzir ansiedade e angustia.
Dr. Jose Outeiral nos diz que “somos produto e criação de nossos pais – uma mulher e um homem2. Logo, fará parte da nossa constituição aspectos femininos e masculinos.
Para a psicanálise, entre os seis e três anos de idade, em sua fase fálica, a criança terá que enfrentar como parte do seu desenvolvimento o complexo de Édipo, onde desenvolverá interesse pelo progenitor do sexo oposto e uma rivalidade com o do mesmo.
E o pai, além de servir de modelo do masculino, ajudará a criança a elaborar a perda da relação inicial com a mãe, conduzindo – a para a realidade de outras relações3.
Portanto, a figura paterna é fundamental no desenvolvimento da sexualidade, sendo necessário combatermos qualquer desvalorização da sua presença na criação dos filhos.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Referência:
1. Benczik,Edyleine Bellini Peroni. Artigo A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Rev. psicopedag. vol.28 no.85 São Paulo  2011;
2. Outeiral, José. Adolescer.Editora Revinter Ltda. 3ª edição.2008;
3. Santos, DhianeGouvea e Bueno, Georgia F. Tavares. A branca de neve, o processo psicoterápico como ferramenta de integração do ego.