sexta-feira, setembro 28, 2018

As crônicas da academia - A Márcia é fácil de amar


            Quando o Hugo saiu da academia fiquei um tanto acabrunhada.
No seu tempo na Skill as turmas pelas manhãs eram bem pequenas, e muitas vezes, no horário das 9 da manhã, ele foi meu personal e nossa convivência era boa. Divertido e amante da música sertaneja, me fazia treinar sobre o som de Bruno e Marrone kkk... (disto eu não sinto saudade kkk).
            Então, com sua saída a Márcia passou a ser a Coache neste horário. Eu a conhecia apenas de vê-la no Box, e já tinha dela uma boa impressão. Rapidamente sua presença amenizou o vazio deixado pela saída do Hugo.
            Neste pouco tempo convivendo com ela, me impressiono com seu olhar detalhista e o seu abraço tão espontâneo e afetuoso que nos faz sentir sempre bem-vindos ao Box.
Sua paixão pelo cross é fácil de se ver. Amante dos treinos até diz que é melhor que terapia, o que é difícil para uma psicóloga concordar rsrsrs... Entretanto, ela me contaminou com seu amor.
            Quando temos tempo após um WOD, ganhamos tempo conversando e vamos descobrindo que temos um olhar tão parecido.... As vezes desconfio que nasceu para ser psicóloga, pois tão apurado é o seu olhar para o humano.
Dona de uma personalidade que sabe o que quer, se impõe sem nenhuma palavra. Porém, o que eu gosto mesmo nela é seu jeito simples e profundo, revelado tantas vezes nas frases que diariamente procura para colocar no mural da Skill Box.
Sou sua fã. Não apenas por causa da sua execução tão correta dos exercícios, ou por seu belo corpo (principalmente suas torneadas pernas), ou por sua disciplina alimentar que é admirável, mas por ser quem é.
            Martin Burber1 diz que toda verdadeira vida é encontro. Para ele o sentido da vida estava na relação entre as pessoas. E de todo coração eu creio nisto.
Por esta razão escrevo, para dizer o quanto foi bom encontrá-la na Skill Box.
No seu aniversário, 21 de setembro, não tive tempo de lhe fazer uma homenagem, contudo, eu não poderia deixar de expressar por meio das crônicas da academia quem a Márcia se tornou para mim.
E a você Márcia eu dedico este acróstico:

Maravilha é conhecer-te.
Alegro-me ao te encontrar.
Rio a me refrescar em qualquer tempo é a tua amizade.
Conquista fácil com o teu abraço.
Importante torna-te sem nenhum esforço.
Admiro-te, pois sei que és de verdade.

Te amo Márcia e de você já tenho um pouco em mim.
Seja feliz sempre.
Feliz Aniversário, atrasado, mais em tempo.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
            Referência:
1.      Martin Buber (1878-1965) foi um respeitado jornalista e teólogo.  Publicou um livro de menos de 100 páginas que é considerado um dos mais densos e belos da área: Eu e Tu, de 1923.

quarta-feira, setembro 26, 2018

Sou quem eu quero ser? Vencendo a autossabotagem para ser quem eu quero ser



 Quando queremos ir a algum lugar e abrimos o aplicativo da Uber no celular, temos que escolher o destino e depois confirmar nosso lugar de partida. E assim, do ponto de vista psicológico, também precisamos definir nosso destino, ma saber com clareza onde é que nós estamos.
 Parece óbvio? Não se engane. O óbvio nem sempre é simples, pois trazemos dentro de nós a possibilidade da autossabotagem.
Deixe-me explicar.
Sabe aquele curso que você quer fazer e adia o tempo todo? Aquele copo de cerveja que acredita que irá parar quando quiser, porém, termina sempre embriagado? Diz que vai desligar a TV e assistir menos a Netflix, mas vai deixando para amanhã a leitura/ estudo que tanto fala fazer falta? E as várias histórias que acumula de namorados (as) ou cônjuges com atitudes destrutivas? Quem sabe um dia você prometeu que jamais faria o que seu pai e mãe fez, mas na idade adulta começa fazer exatamente como eles? A lista de comportamentos sabotadores é grande. Portanto, se respondeu sim para qualquer uma destas perguntas, saiba, você esta vivendo o ciclo da autossabotagem.
A autossabotagem é um movimento psicológico, onde a pessoa de forma inconsciente frustra os seus planos com comportamentos repetitivos que impedem que ela alcance o que deseja.
Sabe-se que a autossabotagem pode se manifestar em um nível mais profundo ou mais superficial e nem sempre se revela em comportamentos claramente destruidores.
Para Stanley Rosner, psicanalista que escreveu o livro “o
Ciclo da Sabotagem”, todos nós repetimos comportamentos, porém, o problema é quando repetimos comportamentos que são capazes de destruir nossas vidas, roubar sonhos, trazendo sofrimento.
É algo terrível. Afinal, roubamos de nós o que queremos.
Quando estudei sobre o assunto, me perguntei: Como eu e você podemos vencer este estrupício que carregamos?
Os profissionais da psicologia afirmam que a autossabotagem é vencida quando a pessoa toma consciência que suas escolhas produzem o que elas não desejam para suas vidas. No entanto, este pode ser um processo longo e penoso.
Contudo, existem sinais que apontam se estamos vivendo-a e precisamos identificá-los.
O primeiro sinal a considerar é a dificuldade em assumir a responsabilidade pela própria vida. Normalmente, quem se sabota costuma culpar os outros pelos seus erros ou pelos planos não darem certo; o segundo é a tendência em permanecer sem objetivo e sem foco, enquanto reclama constantemente sem buscar soluções para os seus problemas; o terceiro é a mania de procrastinar – deixar sempre para amanhã atividades importantes que pode fazer hoje - mantendo o hábito de trocá-las por atividades desnecessárias ou fúteis; o quarto é a criação de justificativas sem fundamentos para os seus próprios erros e o quinto, e último, é viver como um barco a deriva, sem nenhum planejamento para as atividades as quais necessitam de organização prévia.
Queridos leitores acreditem: Todos nós estamos suscetíveis a autossabotagem!
Por isto, prestem atenção onde estão, para que busquem meios de chegar onde desejam. E não existem“aplicativos” psicológico que podem nos levar onde queremos com apenas alguns cliques. É preciso muita vontade e tempo para vencer a autossabotagem.
           Semana que vem falarei de como podemos vencê-la.
            Aguardo você.
                  Roseli de Araújo
                  Psicóloga clínica


sexta-feira, setembro 21, 2018

As cronicas da academia – A “nóia” da dieta



            No CT Skill Box sempre converso com a coache Márcia sobre minha vontade de emagrecer e a importância de mudar o olhar sobre a comida. Ela me influenciou muito na busca de uma alimentação saudável. E, embora esteja longe de ter a sua disciplina, concordamos que a melhor dieta é a reeducação alimentar.
Entretanto, são poucos os lugares em que encontro pessoas que não estão malucas por dietas. E, por onde vou escuto falar das mais miraculosas. Delas, nem ouso escrever seus nomes, para não correr o risco de dar algum incentivo a quem desesperadamente quer emagrecer.  Afinal, todo mundo sabe que na busca da perfeição do corpo faz-se loucuras.
Durante minha vida sempre lutei com o peso. E penso que o corpo leve e bem trabalhado pelos exercícios deve ser bom, contudo, a questão que me inquieta não é a busca por ter um corpo bonito, mas a falta de alegria por ter o corpo que se tem.
Conheço mulheres belas, algumas delas convivo na academia. Mas, são poucas as mulheres que encontro na minha rotina, felizes com sua imagem no espelho.  É como se beleza nenhuma pudesse faltar neste mundo onde o completo não existe.
O interessante é que todas sabem que as belas modelos necessitam do fotoshop para irem para as capas de revistas, e mesmo assim o fardo de ser como elas, não é questionado.
Depois que a indústria da beleza disse que há um modelo, um padrão, e que para ser feliz precisamos conquistar o corpo perfeito, nasceu à insatisfação.  
E se estar dentro do padrão estabelecido é o que nos fará felizes, o que vamos fazer com a história do Elvis Presley e Marilyn Monroe? Ícones de beleza, ambos terminaram suas vidas de forma trágica.
Não te inquietas que a beleza deles não o salvaram? Além de belos, eram ricos e famosos, mas descontentes com suas próprias vidas.
Diante da trágica história de Elvis e Marilyn, ainda resta uma pergunta: O que é mesmo que eu e você precisamos para ser feliz?
Quando minha mãe amputou parte de sua perna esquerda em 2008, sofri em imaginar qual seria sua reação em perder algo tão importante para sua imagem corporal. Contudo, diferente de mim, minha mãe estava preocupada em ficar sem dor, em manter sua vida. Ela lutava por algo maior e nunca vi minha mãe chateada com sua imagem ou acanhada em sair de casa.  
No dia em que saiu do hospital após a sua amputação, eu estava receosa de como iria enfrentar os olhares por onde passaria, entretanto, ao entrar no quarto, ela me pediu um batom e saiu cumprimentando e dando tchau as pessoas pelos corredores.
Confesso, senti vergonha por estar preocupada com algo tão pequeno. Afinal, ela estava viva e sem a dor que a perturbou por cinco longos anos.
Ela me ensinou que nada é mais belo que a vida que recebemos pra viver. E que não podemos ficar bitolados a uma causa tão pequena, enquanto a vida clama pelo seu próprio reconhecimento.
O que temo é que na busca insana do padrão imposto, vivamos a tragédia de estarmos o tempo todo insatisfeitos, e nos tomamos suscetíveis aos transtornos alimentares e de ansiedade.
Por está razão, vá a academia, faça reeducação alimentar e busque viver com alegria a vida que bondosamente recebeu.

Roseli de Araújo
Psicóloga clínica.



quarta-feira, setembro 19, 2018

Sou quem eu quero ser? Você tem coragem de olhar no espelho?



Ser quem eu quero ser não é tarefa fácil.
Acredito que para isto é necessário identificar em qual fase do desenvolvimento humano estamos para conhecermos quais são as possibilidades e desafios da nossa fase.
Entretanto, o maior desafio que temos ao conhecer o desenvolvimento humano é a auto avaliação.
            Avaliar-se exige coragem.
Para isto é preciso fazer algumas perguntas certas, para chegarmos onde queremos. Dentre elas, é crucial responder a si mesmo: Sou até aqui quem eu quero ser? Desenvolvi minhas oportunidades, venci os desafios de cada fase?
Sabemos que a vida adulta é tempo de transformações e construções. Portanto, devemos responder as seguintes perguntas: Abandonei o pensamento mágico de criança e adolescente? Fui me tornando livre e ao mesmo tempo responsável pela minha vida? Adquiri flexibilidade para lidar com a realidade?
Do adulto se espera a construção da sua própria vida. Ele tem que fazer suas escolhas e arcar com elas.
Para quem está na meia idade é tempo de colheita e balanço da vida vivida, entretanto é necessário ter as respostas das seguintes perguntas: Estou a lamentar o que não fiz? Sinto-me velho demais para alcançar quem eu quero ser. Espera-se colher frutos do que foi plantado e capacidade de se reinventar no que é possível.
Para a terceira idade, tempo de viver o resultado de tudo que foi colhido. Faz-se essencial perguntar: Como cheguei até aqui? Estou concordando que não sou mais capaz de tomar minhas decisões? Estou vivendo sem autonomia? Não existe mais nada a fazer?
Da terceira idade se espera lidar com a morte não como inimiga, aceitar as mudanças físicas, ser autônomo no que é possível. Pessoalmente creio que também é tempo de se reinventar.   
Em todas as fases o que temos em comum é o tempo presente. E a todos nós cabe a resposta do que vamos fazer com a vida que nos foi imposta.
Bronnie Ware enfermeira australiana, ao lidar com pacientes terminais em suas últimas semanas de vida, listou cinco arrependimentos mais comuns entre os que estão no leito de morte.
 O primeiro pesar deles foi não terem tido a coragem de viver uma vida fiel a eles mesmos; Segundo, lamentaram o tempo excessivo gasto com o trabalho, ficando pouco com suas famílias; Terceiro arrependimento foi o medo de não terem agradado pais, irmãos, amigos, cônjuges, deixando assim de expressar seus sentimentos com o objetivo de manter a paz em suas relações e ao fazer isto deixaram de alcançar muito do que eles eram capazes; Quarto, não cultivaram os bons amigos por não conseguirem administrar o tempo em suas vidas; Quinto, viveram a angústia de não terem percebido que a felicidade é uma escolha, portanto, presos em velhos padrões e hábitos não se deixaram ser mais felizes.
Estes arrependimentos nos apontam caminhos. Afinal, o humano não é marinheiro solitário neste barco lançado ao mar que é a vida, como tantas vezes nos imaginamos.
Sofremos as mesmas coisas e podemos aprender com estes pacientes terminais. Eles se arrependeram de não viver o que desejaram, de não cultivar os relacionamentos que lhe eram caros, de tentar agradar os outros o tempo todo, de não assumirem a responsabilidade pela construção da sua felicidade, e por ter-se importado demais com as opiniões das pessoas a seu respeito.
Penso que respeitar pais, filhos, esposos (as), amigos, enfim as pessoas que cruzamos ao longo da vida é fundamental. Existe uma ética que precisa ser respeitada na relação com outro, porém, quando nunca nos damos o direito de expressar nossas vontades e de vivê-las, adoecemos porque deixamos de exercer algo que é  inerente a natureza humana: A capacidade de escolher.
Escolher é complexo. É preciso assumir a liberdade e a responsabilidade pelas escolhas.  E não conseguem lidar com a angústia de não saber onde suas escolhas o levarão.
Contudo, para ser quem eu quero ser é preciso coragem para assumir a liberdade de escolher.
Por isto, tenha coragem de se avaliar. A dor que se sente não é maior do que a liberdade que se conquista.
Talvez, ao encontrar as respostas para suas perguntas, descubra que é tempo de ser o que é e o que deseja, ainda que tenha só mais alguns minutos.
Creio que o humano pode se tornar quem ele quer ser em qualquer fase da sua vida. E você?
Estarei de agora em diante trazendo reflexões e sugestões que poderão ajudá-lo a tomar nas mãos a sua própria vida.
Semana que vem aguardo você.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

sexta-feira, setembro 14, 2018

As crônicas da academia – Os "burpees" e as dificuldades da vida




A minha grande dificuldade para executar alguns exercícios no crossfit são os meus joelhos. Ora um melhora, ora o outro emburra.
Já fui ao ortopedista, fiz fisioterapia, sigo as orientações dos coaches. Faço os exercícios com as bands para fortalecer as pernas, não executo aqueles que produzem maior impacto, uso gelo e com muita tristeza e resistência guardei os saltos. A única coisa que ainda fujo é da dolorida liberação (a Márcia que o diga rsrsrs).
Os vilões dos meus joelhos são a minha amada psicologia e o tempo que passo escrevendo, e não o crossfit como alguns pensam. Entretanto, se não fosse à perseverança de ir ao CT Skill Box eu já estaria entrevada, com certeza.
Lembro que para conquistar a graduação tive que aguentar o cansaço, dificuldades financeiras, barulhos durante as aulas, trabalhos em grupos que poucos queriam fazer, professores ruins, outros mais ou menos, alguns exigentes demais e dias e dias sentada em cadeiras duras e salas quentes. Porém, quando peguei o canudo na mão, de um curso que sonhei a vida inteira, pensei que ia explodir de tanta alegria e gritei: Valeu a pena.
E não tem jeito, as dificuldades fazem parte da vida. Elas são muitas vezes como o “burpee”, exercício complexo e nada fácil.
O “burpee” começa com agachamento, com as mãos apoiadas no chão, em seguida as pernas são jogadas para trás e volta a posição de agachamento, finalizando com um salto com os braços levantados para cima. E ficamos suados e cansados rapidamente ao fazê-lo. Porém, o “burpee” trabalha muitas partes do corpo, define os músculos, ajuda desenvolver força e resistência, aumenta a freqüência cardíaca, auxilia no equilíbrio e coordenação e dizem que pode queimar até 300 calorias em 30 minutos.
As dificuldades da vida trabalham os músculos da alma, nos colocando em movimento, em busca de novos caminhos, nos mantendo de pé no barco diante do mar bravio, nos ensinando a calcular e pagar o preço de adiar os desejos, nos fazendo aguentar o gosto amargo do remédio até que a cura chegue, nos fortalecendo a vontade de levantar da cama quente na manhã de inverno, e nos levando a zombar da preguiça e cruzar o portão rumo a academia.
Tantas vezes as dificuldades são presentes da vida que não gostamos, entretanto, ao não nos dobrarmos a elas, produzem em nós à ilustre perseverança. 
Os meus joelhos, por vezes me desanima e irrita, contudo, já percebi que perseverança é qualidade a tecer os vencedores.
Quem dela não se apartar no crossfit evolui cada vez mais nos complexos exercícios.
Na vida, a perseverança faz os guerreiros estrangular o eu não quero, eu não gosto, eu não vou fazer isto, calando as murmurações, espantando os desânimos e os desafetos. Ela torna o sonhador realista, sem deixá-lo perder a alegria de perseguir o seu foco.
Na perseverança conquista-se os sonhos.

Por está razão,  vamos perseverar!

quarta-feira, setembro 12, 2018

Sou quem eu quero ser? A vida adulta tardia - A terceira idade não é o fim do túnel



A vida adulta tardia conforme com Papalia1, inicia-se a partir dos 65 anos, conhecida como a terceira idade.
Nesta fase, o corpo irá sofrer mudanças significativas. A altura dos homens diminuirá em torno de 2,50 cm, e as mulheres até 5 cm(eu terei que usar salto mais alto rsrs). Vamos dormir menos e sonhar menos. A capacidade do corpo de exercitar frente a um esforço irá ficar menor, exigindo mais tempo de pausa entre as atividades. A maioria das pessoas poderão fazer o que os jovens fazem, porém mais devagar.
Sexualmente, os homens irão precisar de mais tempo para uma ereção e ejaculação, e precisarão de maiores intervalos. As mulheres terão sinais menos intensos de excitação sexual, e a vagina pode tornar-se menos flexível, necessitando de lubrificação artificial. Papalia1 nos diz que o fator que mais influenciará a atividade sexual na terceira idade é a prática da relação sexual ao longo da vida, e também se for reconhecida como normal e saudável pelos familiares e o casal. Muitas vezes a  sexualidade é vista como um atributo da juventude, porém, é uma necessidade humana em qualquer fase do desenvolvimento humano.
Pesquisadores dizem que depois dos 30 anos o cérebro começa a perder peso, e aos 90 anos pode diminuir seu tamanho em até 10%, podendo afetar a coordenação motora e a capacidade de aprender. Contudo, o declínio cognitivo é lento e não compromete todas as capacidades, portanto, muitas pessoas poderão ter áreas aperfeiçoadas. Também, a capacidade de aprender não é perdida. Os órgãos do sentido, assim como todos os outros poderão sofrer desgaste, contudo, hoje, com o avanço da medicina e de outras tecnologias, muito destes desgastes podem ser minimizados.
John Lenon dizia:“A vida é o que nos acontece enquanto fazemos nossos planos”, de fato, pois se passamos pela vida sem elaborar as dores emocionais (lutos, divórcios, doenças, etc.), enquanto submetidos a condições precárias, com uma genética que nos predispôs a doenças, as quais muitas delas vivenciamos, estes fatores poderão interagir e tornar complicada as alterações fisiológicas que ocorrerão na terceira idade.
Entretanto, o maior desafio da terceira idade é o preconceito. Inseridos em uma sociedade que idolatra a juventude, o idosos é muitas vezes tratado como se fossem frágil demais, doente, rabugentos, sem nenhuma beleza, inúteis e ainda incapazes de lidar com suas vidas.
Tal concepção permeia nossa sociedade, fazendo com que as pessoas nesta faixa etária, deixem de receber atenção como qualquer outra. Por exemplo, se houver a crença de que a depressão é normal nesta fase da vida, é possível que o idoso deixe de receber o tratamento. O que é um absurdo. A depressão é uma doença... e qualquer pessoa com seus sintomas necessita combatê-los. Nem mesmo a tristeza pode ser considerada comum, se ela está presente, então necessário se faz buscar caminhos de alegrias.
 Também existe aqueles que os infantilizam. Filhos superprotetores podem passar a tratá-los como se não fossem capazes de tomar nenhuma decisão ou cuidar de si mesmo. Esse tipo de atitude pode levar o idoso assumir esta identidade de criança, roubando dele a tão importante autonomia.Tal atitude, pode trazer muito prejuízo emocional e físico, além de maiores desgastes para a família.
O equilíbrio entre, trabalho, lazer e estudo em todas as idades pode contribuir para o bem-estar emocional na velhice. Por isso, quem ainda não chegou lá, se cuide. Quem já chegou, reavalie sua vida, não se permita viver sem as possibilidades que lhe estão ainda disponíveis.
Todos estão na fila para morrer, nela fomos inseridos quando entramos na vida, e não sabemos a nossa senha. Crianças, jovens e adultos, qualquer um pode ir primeiro, entretanto, todos temos uma coisa em comum, o hoje.
É preciso abandonar o mito que a terceira idade é o fim do túnel, é estrada sem saída, é abismo sem ponte. A terceira idade é como qualquer outra fase da vida, e guarda suas dificuldades e possibilidades. A beleza do humano consiste no poder de se reinventar em qualquer fase da vida.
Então, lembre-se sempre: A vida exige movimento.
Quem pratica exercícios, se alimenta de forma saudável, cuida do sono, se mantém estudando, trabalhando, fazendo o que gosta e ao lado de pessoas que lhe fazem bem, tem a possibilidade de chegar na terceira idade e passar por ela com saúde e alegria.
John Lenon tinha razão ao dizer que viveremos coisas que não estão em nossos planos, porém, a vida é também a soma das escolhas e do que decidimos fazer com o que nos aconteceu.
Portanto, coragem! Você recebeu o dom da vida, faça dela uma canção  agradável de cantar e escutar.
Que o Criador da vida nos ajude.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

Referência: 
1. Papalia, Diane E.

sexta-feira, setembro 07, 2018

As crônicas da academia - Fique de olho Coaches, os meninos e as meninas estão no Box


Sabemos que o bebê humano não sobrevive sem o olhar dos seus cuidadores. E pela vida a fora, segue necessitando de outros olhares.
No crossfit não é diferente. A Márcia, o Rafael e o Rodrigo ficam atentos a todos os seus “meninos” e “meninas” que vão ao Box.
Eles dizem: “Muito bem, vamos começar galera”. Ao fazermos algo errado, nos convidam a prestar atenção no movimento. Se estamos desanimados com o nosso desempenho, nos encorajam com palavras de afirmação. Quando acertamos um exercício que tardamos compreender para executar, eles nos enchem de parabéns. Então nos sentimos os “caras” (pelo menos eu rsrs).
Fim do WOD, os coaches, nos lembram que “só termina quando acaba ”. Se não conseguimos dimensionar quando damos ou não conta de um exercício, nos avisam para termos cuidado para não nos lesionarmos. Por vezes, eles precisam deixar de nos ensinar certos exercícios por algum tempo, para não encasquetarmos que não conseguiremos fazer, mas depois eles retomam, e dizem, “é assim mesmo, leva tempo organizar certos movimentos”. Suas palavras produzem em nós alívio e esperança.
Certo dia, o Rafael ficou intrigado. Tentou me ensinar, mas eu não conseguia aprender. Então, perguntou-me: “Eu não estou sabendo ensinar Rô?” Como uma boa menina tive que tranqüilizar seu coração, pois o problema da aprendizagem era da aluna rsrs...
Sua atitude me lembrou a função cansativa dos pais de ensinar, ensinar e ensinar... enquanto os filhos, lentos em aprender, levam os pais a loucura, então se perguntam: “Onde é que estamos errando? ”
E assim vai... Sem os olhares dos coaches nos perdemos no Box, ainda que o treino esteja escrito no mural. E assim seguimos a vida, precisando do olhar do professor, de um amor, do chefe, dos amigos e...
Por esta razão, este tal individualismo, é mesmo um câncer a nos roubar a saúde emocional, pois o humano só se faz e se completa na relação com o outro.
E não importa a idade que estamos, trazemos a nossa criança no peito. E no decorrer da nossa jornada vamos encontrando outros pais a nos ensinar e encorajar, enquanto também nos tornamos pais, a instruir e animar.
Jesus Cristo disse que “Os olhos são a lâmpada do corpo. Portanto, se teus olhos forem bons, teu corpo será pleno de luz”,1 em outras palavras, a maneira como enxergamos a vida vai determinar como vamos viver.
O corpo é o instrumento de mediação do que está dentro de nós com o que existe fora, portanto, se nossos olhos vêem a vida como um presente a ser celebrado a cada manhã, uma oportunidade de conquistar coisas novas, de encontrar bons amigos, a luz que ansiamos para clarear o caminho não nos faltará.
Para isto é necessário nos abrirmos para as relações com pessoas que têm olhares melhores do que o nosso, pois elas nos fornecerão a luz que nos ajudará a ver o caminho além do que ousamos imaginar.
Aqui, nesta querida família do CT Skill Box, eu encontro estes bons olhares que me fazem ver que o impossível é só uma questão de perspectiva.
A vocês coaches, Márcia, Rodrigo e Rafael muito cuidado, os meninos e as meninas continuam no Box.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica.
Referência:
  1. Mateus 6:22



quarta-feira, setembro 05, 2018

Sou quem eu quero ser? A meia idade - vida adulta intermediária




A vida adulta intermediária compreende o período dos quarenta a sessenta e cinco anos, é também chamada de meia idade, ou segunda adolescência1.
Nesta fase experimentamos mudanças significativas no corpo. Tanto os homens quanto as mulheres.
As mulheres vivenciam a menopausa – onde se encerra o ciclo menstrual e ovulatório. O final deste ciclo pode ser desconfortável por causa dos sintomas que provoca, dentre eles: insônia, alteração do humor, ondas de calor e diminuição do desejo sexual.
Os homens percebem um declínio na sua força física e o desempenho sexual também não é mais o mesmo. A ereção pode surgir e desaparecer em uma relação sexual mesmo que ele esteja excitado, a ejaculação durante o ato sexual pode não ocorrer e nem sempre se sentirá disponível para o sexo2, o que pode assustar muito.
Nesta fase, os filhos vão embora, os cabelos branqueiam, as rugas ficam mais acentuadas, netos nascem e muitos se aposentam. Em outros contextos, filhos adultos retornam para casa dos pais por causa de problemas financeiros ou divórcio. Também, filhos podem se tornar cuidadores dos seus pais.
O adulto de meia idade compreende que o tempo é produto escasso, e a juventude não é eterna. Surgem então, os questionamentos existenciais, agora, o olhar que se fez para fora se volta para dentro.  Tal experiência pode ser perturbadora, afinal, qual é o sentido da vida? Trabalho, família, profissão? Fiz o que queria? Se vamos morrer... para que acumular coisas? Dará tempo de realizar o sonho não realizado?
Há aqueles que não aceitam o relógio biológico e procuram manter a juventude a todo custo (coisa comum de se vê nesta sociedade de consumo que vende a beleza em cada esquina). Para estes a idade é sigilo.
O que se espera socialmente é que seja tempo de colheita, isto é, de desfrutar do que já foi plantado. Seja no casamento, seja no trabalho e nas relações sociais.
A meia idade, portanto, pode ser tempo de balanço, e este pode trazer a tona questões de identidade não resolvidas. Se avaliarmos os diferentes papeis sociais que cumprimos ao longo da vida - ser filho, ser pai, ser mãe, ser profissional – e percebermos que não correspondemos as expectativas, é possível que se instale uma profunda crise existencial. E dependendo do que se construiu ou não, a meia idade pode trazer um desespero.
O que não foi feito é lamentado. Portanto, podemos correr o risco sério de manter o olhar no passado que não voltará – o que poderá paralisar o impulso criativo e predispor a depressão.
A vida não é tarefa fácil. E somente quem ao longo do tempo foi desenvolvendo a resiliência3, conseguirá lidar com a realidade da morte, que nos faz ver nossa finitude e impotência.
Então, a você que se encontra nesta fase, cuidado. Não fique a lamentar o que não conquistou. A dizer que não dá tempo. Ouça o conselho de Salomão:
Os teus olhos olhem direitos, e as tuas pálpebras olhem diretamente diante de ti.  Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem-ordenados!  Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal”4.
Penso que há uns males que precisamos retirar os pés: O deixar para amanhã o que podemos fazer hoje, culpar os outros pelo que não conseguimos, não ser capaz de viver a vida dentro das possibilidades oferecidas, não ser capaz de estabelecer fronteiras – o que é meu e o que é do outro-, tentar responder todas expectativas daqueles que nos rodeiam, achar que sabe tudo, carregar mágoas, não aceitar a partida dos que morreram, não respeitar a si mesmo quando o outro diz não te amar, se acostumar com o gosto amargo de viver sem esperança e viver a reclamar sem nada fazer para encontrar a mudança.
Porém, se os teus olhos em algum momento olhar direto, e o medo, porventura o prender, se o peso do tempo lhe fizer arrastar o que não queres, se rebele com a forma que você tratou sua vida até aqui, e não desperdice o pouco tempo que acredita ter.
Embora, na meia idade, nossas fantasias se calam diante da realidade caótica, a vida é um presente ofertado hoje.
Roseli de Araújo,
Psicóloga clínica
  1. Papalia, E. Dhiane;
  2. Resiliência: capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.
  3. Provérbios 4:25-27