Facebook é um ambiente onde gosto de passar para rever os amigos, os quais não consigo abraçar e divulgar meus textos. E você? |
Antes da popularização da internet, nossa geração, influenciada pelo mercado capitalista, podia ser chamada de geração Shopping Center por ser preocupadíssima com a aparência, superficial e jactanciosa. Ainda hoje segue com as mesmas características, mas, podemos chamá-la de Geração Facebook.
A diferença da geração Shopping
Center para a Geração Facebook é a possibilidade de cada um apresentar seu
mundo como quer. No Shopping Center, tudo era e ainda é preparado para captar
possíveis compradores dos produtos da felicidade. No Facebook, não só compramos,
mas também vendemos a imagem de sucesso que adquirimos.
Antes de continuar escrevendo, quero deixar
claro que nada tenho contra o Facebook. Esta plataforma me permiti ter notícias
dos amigos que não consigo encontrar a tanto tempo, fico informada de muita
coisa interessante e ainda divulgo meus trabalhos.
Reflito aqui sobre o mito de que
a felicidade está nas coisas que adquirimos, pois, esta cultura do ter pode
roubar de nós quem desejamos ser. Afinal, para atender a expectativa social temos
que ter tantas coisas que nos perdemos.
Sabemos que a internet derrubou fronteiras.
Hoje com alguns cliques temos acesso a pessoas, lugares, cursos, países,
cidades, histórias inimagináveis. Diante de tantas imagens e informações,
necessidades que antes não tínhamos são geradas e nos tornamos insatisfeitos
com a vida real que vivemos. Então o que fica é a sensação que o mundo que
habitamos é pequeno demais. Portanto, nasce o conflito quanto ao que queremos
de fato.
Tantas vezes ao ver as postagens
nas redes sociais, acreditamos que amigos, colegas, conhecidos estão felizes
porque postaram que agora estão em um relacionamento sério, fazendo uma viagem
para o exterior, se formando, conquistando títulos, um carro novo, um corpo
sarado. Nesta leitura superficial da vida do outro é possível entrarmos em
crise com a nossa própria vida, principalmente se a pessoa estiver avançando em
alguma área a qual julgamos que estamos estagnados.
Entretanto, só serei quem eu
quero ser quando abandonar a régua da inveja que se fortalece da fantasia desta
cultura Facebook, ao parar de achar que eu tenho que ser isto ou aquilo e
compreender que é um delírio da cultura ter mais e mais.
O que eu realmente gostaria de
fazer na vida? O que de fato é possível? Quem disse que não posso ser feliz com
minhas escolhas, embora elas pareçam modestas aos olhos desta sociedade
insaciável?Quem disse que ser dona de casa não é bom? Que ser professor é
profissão medíocre? Quem disse que ser médico é ser feliz? (Cabe informar que
entre eles ocorrem muitos suicídios). Quem disse que a receita do sucesso é a
mesma para todos? E o que é mesmo sucesso?
Só serei quem eu quero ser na
medida em que eu descobrir meu propósito e focar nele.
Não vamos encontrar quem queremos
ser na aparência, na superficialidade e na jactância desta cultura. É preciso
descobrir-se, viver com profundidade – verdade o que se tem e com humildade
reconhecer as impossibilidades, limitações, dores, defeitos e doenças que
certamente todos têm.
Não caia no conto da vida
perfeita. A vida é para todos uma estrada sinuosa.
Psicóloga clínica