sábado, abril 30, 2016

Trecho do Capítulo 4 " A culpa sob a mira da Palavra"

 ...A grande questão enfrentada para vencer a culpa foi meu orgulho pessoal. É claro que naquela época não admitiria isso nem sendo ameaçada de morte. Afinal, o que leva uma pessoa a pensar : Porque eu errei? Não seria uma falsa imagem que abriga de si mesma? Para as pessoas que não creem que a natureza do homem é corrompida faz sentido essa pergunta, mas para os que creem na Palavra, e sabem que são pecadores, qual a razão? Esse talvez seja o grande problema: acreditamos muito em nós mesmos, achamos que podemos, que temos em nós a capacidade de sermos santos, que temos a palavra que pode ser ouvida porque temos uma vida que a garante. Falamos da graça, mas compreendemos muito pouco o que isso significa no cotidiano das nossas                                                                               vidas...

sexta-feira, abril 29, 2016

A solidão das palavras

Hoje é um daqueles dias em que nenhum tema para escrever visita a minha alma.. Sinto-me abandonada pelas palavras...  E, a solidão do prazer que mais me encanta, se mostra com toda sua exuberância.
Estou em casa só... De braços que me abraçam, de conversas soltas na mesa, de troca de olhares, de divisão dos afazeres, e aqui,  reina o silêncio de fora... enquanto em mim, há barulhos, e, quem sabe até entulhos que impedem o prazer de chegar aos meus dedos. Contudo, digito!
Com este silêncio autoritário, brigo, não gosto de ser por ele manipulada, mas sua força hoje se coloca esmagando qualquer possibilidade de em mim, eu, hoje, mandar.
E rendida no silêncio das palavras, ouço a voz do que nem sempre consigo encarar, percebendo minha pequenez, minha incapacidade de qualquer coisa controlar... Seria isso provar um pouco da morte? A morte,  definitivamente, agora, não me parece rondar, mas a morte, se coloca diante do que eu quero viver e não consigo. E, visitando-me sem estar, agora, presente, provoca em mim o pensar sobre o significado da vida que eu quero viver, estreitando em mim os laços com quem amo, afinal, por quanto tempo os terei?
Na verdade, por quanto tempo vou viver a vida que de graça recebi? Por quanto tempo poderei ouvir aquele música que invade minhas entranhas e me sacode? Por quanto tempo vou ouvir o som das águas que correm entre as pedras no rio de Pirinópolis? Por quanto tempo vou provar aquele chocolate que minha boca molhar só de pensar? Por quanto tempo terei os amigos construídos, no decorrer da minha jornada?
Por um instante desejo a morte sondar, mas só por um instante, não me perderei nessa loucura de tentar desvendar os mistérios do cosmo, antes, hoje, no silêncio que se faz entre as minhas paredes, decido pela Vida.
 Não esta vida, corpo, alma, que recebi para aqui compartilhar, mas A Vida, que em Cristo, recebi.
 NEle, minha esperança se alarga. NEle tudo faz sentido. NEle, o efêmero se reveste das cores mais brilhantes, que desconfio, que a eternidade deve abrigar. Por Ele, quero viver e não deixar com que nenhum entulho mate dentro de mim, a vida que Ele sempre quer me dá.



quinta-feira, abril 28, 2016

Agora entendo os marinheiros...

Foto de Parati- Passeio de barco
Na imensidão do mar, eu me encontro. Fui levado pelas ondas que invadiram a praia do meu coração. Nadei num primeiro instante enquanto ainda tinha areia para firmar os pés, na tentativa de não me entregar por inteiro. 


Mas, a onda foi mais forte e me levou para o alto mar. 
Cansado de temer a vida, descansei meu corpo sobre as águas, e, seduzido pelo canto da sereia, me entreguei.
Agora entendo os marinheiros que se deixam levar... eles compreenderam que não há nada a fazer.
Em alto mar não avisto terra firme, contudo, minha alma confortada está pelo âncora invisível que me segura, sem me roubar as ondas com seus braços a me acalentar, num movimento de vida e morte, de alegria e dor que meu coração não explica...
Sentindo o azul do céu encontro descanso para a razão que não se cala, tanto quanto me desencontro da emoção que intenta me convence a não ir em frente. 
É que agora, minha alma me assegura que não há mais terra para pisar. O medo, este visitante sem convite, sem força sussurra outros mares para me levar, entretanto, não existe outro lugar que eu queira estar.




E, surpreendido pela força do que me mantém tranquilo longe da terra firme, descubro, que o coração só descansa, quando sabe que encontrou outro coração pra amar.


terça-feira, abril 26, 2016

Vida alheia

Eu não entendo, porque a vida pessoal de alguém interessa tanto... já viram como as pessoas estão sempre perguntando sobre coisas as quais nenhuma diferença farão para suas vidas?
Mas, curiosos seguem tantos...
Eu me pergunto onde encontram tempo para cuidar do viver que é do outro, colocando seus olhos na busca de respostas que não respondem nada do que precisam, como se na vida do outro pudesse encontrar algum sentido para a sua própria, talvez acredite que a vida do outro é mais interessante que a sua. E, talvez seja mesmo.
E como encontram tempo? Dizem que o tempo é ouro, contudo me parece que para esses, o tempo é dinheiro gasto sem um bom planejamento.
A grande pergunta que surge é:'O que está por detrás de tanta curiosidade?'
A vontade de saber se a grama do lado de lá é mais verde do que a sua?
A sensação de não estar vivendo o que deveria, enquanto o outro naturalmente já desfruta?
Ou aquela inquietação diante do que não consegue ser?
O que tem por detrás das perguntas?
Eu não ouso imaginar, mas já imaginando, eu me acerco de que o coração humano é terra maligna.
Quem sabe é a vontade de ser sentir mais pleno na mediocridade da sua vida?
Quem sabe é o desejo secreto de não ter o que se vê, mas que anseia que o outro não desfrute, afinal, quem é que pode viver o que eu acredito que não posso?
Minhas respostas são sempre não sei, a todas as perguntas que faço.
Porém admirada fico com a maldade contida em perguntas que parecem a nenhum lugar chegar.
Serão amigos os curiosos? Ou serão apenas aqueles os quais não devemos nem nossa mesa partilhar? Se a curiosidade domina, o que incomoda?

A curiosidade pela vida do outro que é curioso, hoje, me visitou, nossa que horror!
Afinal, meu tempo é ouro refinado pelo mais ardente fogo, e não pode ser gasto por coisas tão sem valor.

segunda-feira, abril 25, 2016

Atrair e trair




Atraídos, vulneráveis somos.

É verdade, sem mentira, que quem nos atrai nessa vida,
pode ser também quem mais nos trai? 
Uma vez atraídos, sem reserva ao outro, nos entregamos por inteiro. 


Mas, traído, fecho-me diante da realidade que se fez maior do que aquilo que eu acreditava.

É que agora, o chão que era firme, se torna areia que se move...
E corro para não me afundar nesse abismo que me traga.
Diante do novo que se apresenta a mim, novo que eu não quis ver ou ouvir, me pergunto: Quem é você?
 Já não reconheço o que vejo, e sigo agora com o olhar cortado da beleza que um dia viu, e com esta visão desfeita, tento compreender a nova estrada que em o meu coração surgiu. 


E sem entender o porque o chão, antes, firme, se tornou agora, areia que se move, deixando-me no vazio do que não compreendo, saio mesmo sem força, e corro dentro de mim, para não me afundar nesse abismo que me abocanha.



E com as mãos vacilantes pela dor que emerge, quebro as chaves por dentro, na tentativa de não ser mais ferido, mas a ferida já sangra... quem me atraiu, partiu... 

E nesse momento quando a solidão é minha amiga mais presente... tenho medo do que vejo em mim. Talvez eu apenas não tenha desconfiado do que sempre esteve ali. Talvez a dor que mais dói, seja descobri, que fui atraído pelo que quis, e fui traído pelo que eu mesmo escolhi.


Diante desta realidade, que agora marca a minha própria imagem, vejo brotar em mim o fosco desencantado, de quem perdeu o brilho de um dia ter crido no que achou ter visto... E ao perceber que a visão que me enganara, não era a visão do outro, a minha razão se desespera diante do meu coração enganoso.



sábado, abril 23, 2016

Este livro foi escrito com objetivo de ajudar irmãos na fé a compreender que Deus não se assusta com a nossa condição humana. Nós é que lutamos contra o humano que está em nós. Infelizmente a igreja no Brasil hoje, tem ensinado um evangelho que não é o evangelho de Cristo.

O livro está a venda pelo whatsApp 62 82385297. Todo seu lucro será revertido para projetos sociais e missionários.

Trecho do Capítulo 5

"...Não raro os cristãos querem perdoar, mas desejam vingança; querem deixar de falar mal das pessoas, mas desejam expô-las; querem servir melhor, mas desejam ser servidos; querem ofertar mais, mas desejam gastar com coisas que não necessitam; querem ir mais à igreja, mas desejam estar trabalhando e comprometidos com a vida familiar e social; querem vencer os pecados da gula, mas desejam comer toda a caixa de chocolate em uma sentada; querem pensar coisas puras, mas desejam o proibido; querem aprender a esperar em Deus, mas desejam agir com pressa. E frente ao que sabemos que devemos viver, àquilo que está em oposição ao que de fato desejamos, muitas vezes cedemos à velha natureza, que nos chama a sustentar a mentira, ou desanimamos com os padrões da vida cristã. Muitas vezes, vivemos uma verdadeira esquizofrenia espiritual, acreditando que não podemos sentir, enquanto estamos sentindo. Negamos assim a realidade dos sentimentos que fazem morada em nós, ou que nos assaltam diante de tudo que vamos experimentando no decorrer da vida. É impressionante o quanto o ser humano pode ser tornar especialista em negar o que vive, o que sente..."

sexta-feira, abril 22, 2016

Sombras


Por vezes no coração se faz sombras. Sentimentos opacos brotam não permitindo passar luz como um corpo escuro e sombrio, fazendo a luz da alegria de um momento tão rico, não encharcar a alma da gente. Nos perguntamos, 'O que surge tão sorrateiramente'?
Então descobrimos que há sombras que assombram o momento ainda que o sol se desponte no horizonte. Elas estão dentro e não fora desta terra estranha e desconhecida, que abriga todos nossos mais profundos desejos e dores.


Quando as sombras surgem, tememos. Até que nos damos conta que sem elas não aguentaríamos o sol do meio dia, porque são elas que dão aos olhos o conforto para que eles vejam para além do tempo.
E, vamos aprendendo que as sombras fazem parte do caminho, do humano, ainda que sejam sombras que escondem o olhar que se faz dentro, ainda que sejam dúvidas que nos roubam a certeza do novo caminho. O sol forte não podem cegar os olhos se as sombras se apresentam.

E, a certeza de que a vida vai dar certo invade, na verdade, a vida já deu certo. E as sombras que surgiram para assombrar se tornam sombras que descansam o coração da gente.

E, nesses dias aquecidos pela alegria presente, a luz que irradia não pode ser contida, por nenhum sentimento opaco, apenas pode ser sombra que torna possível o coração aguentar a certeza de que agora chegou o tempo de ser feliz, ainda que o medo se faça presente.

E nos assentamos na cadeira de balanço que a sombra constrói no alpendre da alma da gente. É que a sombra artesã, só existe porque está no caminho onde a luz incide sobre corações opacos, que se encontram.
Ao Criador, toda reverência pelas sombras.








quinta-feira, abril 21, 2016

Guerreiro Cansado


A estrada é incerta. Não se sabe se longa ou curta. Porém, o guerreiro vem com sua armadura. A espada já pesa frente a realidade de não saber o tempo, e o coração se sobrecarrega com o pensar da pergunta: Até quando?
Mas o guerreiro segue. Ele vislumbra a cruz ao longe e, atraído por ela não consegue abandonar o deserto. É necessário cruzá-lo.
A cruz que o atraiu, é a cruz que o colocou no caminho. Que tornou possível seus passos ao seu rumo. 
É a cruz, hoje, vazia, mas que um dia, na plenitude dos tempos, fora levantada com o Filho do Homem. 
E o guerreiro atraído se pôs no caminho aberto, no caminho que é deserto, que é estreito. Por que?  É certo que nele a Verdade e a Vida se faz por inteiro.
E, mesmo cansado, o guerreiro avança, passo a passo. Suas mãos se abaixam, e a espada antes carregada em punho, agora, arrastada está. Mas ele segue sem vacilar, fora buscado pelo Deus que se fez homem, e que assentado está a interceder por ele. 
Seus inimigos se apresentam de todos os lados, são lobos, são como leões que rugem, mas no seu caminho está o Leão da tribo de Judá.
Sua vitória é garantida, e ainda que se sinta fraco, é e sempre será, sustentado pelo Criador do cosmo, o ressuscitado.
Texto: Roseli de Araújo

quarta-feira, abril 20, 2016

O amor entre o homem e uma mulher

 O amor sempre salva. ainda que seja o amor humano. E penso que está certo o que Lulu Santos e Nelson Motta ao escrever o "teu amor me cura de uma loucura qualquer". É verdade que o amor entre um homem e uma mulher pode nos curar de dores que trazemos.
Muitas vezes acreditamos ser o patinho feio, até que somos olhados pelos olhos de um apaixonado, e passamos nos sentir mais belos. Tantas vezes cansados das nossas próprias escolhas, pensamos,        'perdemos oportunidades, fizemos tudo errado', mas chega alguém que nos provoca esperança de novo, e nos vemos sonhado como na época de adolescentes.  

O amor entre um homem e uma mulher  tem si o poder de nos tirar da desilusão para os sonhos, da solidão para a vida em família, do caminho sozinho para o andar de mãos dadas. 

Talvez por isso, não seja raro ouvirmos, que a pessoa depois que começou um relacionamento passou por uma verdadeira transformação. É que o amor sempre provoca no outro um novo caminho.
E a vida sempre nos presenteia com tantos amores, cores e flores, nos fazendo seguir em uma direção nunca, antes,  imaginada. Quando chega, traz o gosto pela simplicidade da vida, tornando um pão com café um banquete oferecido pelos deuses.
Porém, os amores humanos são limitados em sua cura. Seus efeitos duram enquanto aquela relação existir, e se pessoa amada  vai, a gente se perde. O ódio não cogitado se desponta, e queremos morrer ou matar quem se ama. 
Mas, apenas o amor de Deus nos cura de todo mal que abrigamos no peito.
O amor de Deus é o único dos amores que tem o poder de nos fazer fortes diante das batalhas árduas da vida. 
O amor de Deus nos dá esperança diante do impossível. 
O amor de Deus mantém nosso bom humor diante do que não compreendemos. 
O amor de Deus nos faz seguir adiante mesmo machucados por quem amamos. 
O amor de Deus nos  faz querer vencer o mal com o bem. 
O amor de Deus nos promove segurança no meio do mar revolto das nossas emoções. 
O amor de Deus é sempre porto seguro diante da morte que nos rouba o que tanto queríamos ter.
O amor de Deus é a certeza de que todos amores da vida são presentes, ainda que eles digam não ao nosso caminho. 
E diante da saudade que os amores nos deixam, da decepção que passa a existir no coração, nos levando a desacreditar que amar vale a pena, o amor de Deus se faz presente nos revelando a verdade de que a morte foi vencida pela vida. E nessa caminhada com Deus, Ele vai nos livrando da nossa maior loucura, a de vivermos longe dos propósitos seus.








terça-feira, abril 19, 2016

Jesus - Deus Homem


Ele, diante de dois peixes e cinco pães, não murmurou do pouco, mas ergueu a sua voz em gratidão ao Pai, nos ensinando o caminho do milagre da multiplicação. 
Ele, o Santo, a Luz do mundo, abaixou os olhos frente a uma mulher exposta, a pecadora que os homens queriam apedrejar. Perguntado sobre o que dela fazer, cala seus acusadores, que um a um saem com suas pedras nas mãos, nos mostrando que não há lugar para lançar pedras, quando a verdade do que somos, presente está. 
Ele não suportava a hipocrisia dos fariseus, e esses, dele sempre escutava as verdades como facas. Mas, nos ensinou que o amor é o caminho para lidar com os inimigos.
Ele sabia ouvir as entrelinhas do que não era dito, e se compadecia daqueles os quais a esperança fora levada pela força do sofrimento. E diante de um homem que por 38 anos buscou cura, o fez ver que ainda que a sua fé estava fraca, sua misericórdia é força que o faz realizar o impossível em qualquer tempo.
Ele suportou o beijo que o entregou...  e sua pergunta inquieta, 'amigo o que o traz'? Ele sabia tudo, mas por três anos andou com aquele que sempre o roubou até o vender.

Ele, o amigo do Deus Pai, não hesitava orar por horas a fio, mesmo cansado após um dia árduo de trabalho. Por certo, Ele encontrava nesses momentos, a harmonia do dialogo mais misterioso de todo o cosmo... era o Deus Homem falando com o Deus que o enviará.
Ele sabia dormir quando o mar se agitava. Acordado, acalmava o coração dos discípulos, e mesmo vivendo o comum da vida, quando queria dizia para o mar se aquietar.
Ele escolheu seus discípulos e os fez primeiramente amigos, mas ao ressuscitar os chamou de irmãos. Que mistério! o Arquiteto das estrelas, fazendo de humanos pecadores, filhos adotados do seu Pai.
Ele em Caná da Galileia fez o final da festa de um casamento servir o melhor vinho, dando esperança aos homens, de que a alegria foi sua primeira agenda ao começar seus milagres.
Ele, sendo tão perfeito, entrava na casa de pecadores como Zaqueu, que a nação judaica odiava, e no encontro com Ele, o ladrão se fez honesto, o imperfeito, encontrou o amor que o fez de novo.
Ele que criou o planeta e os seus habitantes, cultivava amigos em Betânia, Lázaro, Maria e Marta, e os visitava para lá descansar. O Deus do cosmo, dormindo e comendo em comunhão com amigos, como a gente, em um dia de domingo, dá pra imaginar?
Ele mudou sua rota para com uma mulher não aceita, conversar, e lhe prometeu água viva, pois via no seu coração o desejo de adorar. 
Ele que ressuscitou mortos, subiu ao calvário. Estranho caminho, loucura diante do humano. Mas, os humanos sabem quem são os loucos, ainda que morram dizendo, 'somos saudáveis'.
Ele, Jesus, não precisou de ninguém tirar a pedra do seu túmulo, porque lá, já não estava. 
E agora ressuscitado, é certo que Ele vai voltar. 

















segunda-feira, abril 18, 2016

Espelhos




Naquela casa havia espelho, mas ninguém ousava vê-los.
E na falta de brilho da solidão dos olhares, era possível ver que não havia nenhum dividir do pão.
Contudo, os espelhos estavam por toda parte.
Na sala a TV ligada para preencher a conversa que não se fazia.
 No quarto, o sono inventado para não ser tocado e nem incomodado, ou a dor de cabeça que não se pode medir, mas que na insistência da sua presença, mostra qual é a sua régua.
Na varanda, a cadeira de corda, a rede, sempre vazia. É que naquela casa não havia nenhum espaço para os outros, ela já estava preenchida pelo eu dos seus habitantes.
Na cozinha, o sentar à mesa já não era bem vindo, sendo preferido não comer por medo de engasgar com a indiferença sempre posta sobre a mesa.
O banheiro, um escape, para viver a solidão sozinho.
Na garagem, um carro, uma esperança... sair era o que mantinha aquela convivência.
Mas, naquela casa havia espelhos, e ninguém se inquietava do fato de que ninguém os olhavam.
Eles. os espelhos, se falassem, gritavam, ‘Vejam, vejam, vejam, a morte ronda, salve a casa’.
Mas o medo os dominavam, era melhor apontar o outro do que se ver no espelho... e assim a morte já reinava... o perdão já se despedira, a educação se perdeu no ralo do “to nem ai”, e a conversa que um dia fora leve, pesada ficou, até que o silêncio se impôs, na construção de muralhas...
Os espelhos mostravam o que precisava ser visto, e revisto, retocado... mas ninguém se sentiu responsável... e sozinho ficou a mostrar o que não era bem visto.
Naquela casa, um dia houve sorrisos. E os espelhos eram amados. Porém, o tempo dos eventos que ventos fortes trouxeram desorganizou aquela casa... e nenhum móvel podia ser mantido como era... que pena! Nasceu bonita, cheia de vida, prometia ser bela, mas se tornou escombros... sem possibilidade de florescer de novo...
Os espelhos foram ignorados,  e até a bruxa da branca de neve tratou o seu espelho melhor do que eles... Naquela casa, os espelhos, nem foram consultados, ‘espelho ,espelho meu quem é mais belo do que eu’? Os moradores não queriam saber da beleza do outro, se perderam como Narciso.

Mas os espelhos naquela casa continuam. Estão sujos pelo desprezo dos que passam por eles, mas estão lá, e quem sabe um dia, a vida volte a correr naquela casa, e a morte deixe de lá rondar.

sábado, abril 16, 2016

Sou gente?



Gente dá trabalho, mas tem gente que trabalha.
Gente cansa, mas tem gente que estende a rede para outros descansar.
Gente fere, mas tem gente que cura.
Gente ocupada, mas tem gente que dá pausa para encontrar outros...
Gente amarga, mas tem gente com o coração doce.

Gente grita, mas tem gente que fala mansinho...
Gente bagunça, mas tem gente que arruma.
Gente pessimista, mas tem gente que produz esperança.
Gente rouba, mas tem gente que dá.
Gente mata, mas tem gente que trabalha para salvar vidas.
Gente encolhem as mãos, mas tem gente que estica para consolar.
Gente estupra, mas tem gente que sabe como acariciar.
Gente fofoca, mas tem gente que só fala com graça para abençoar.
Gente afasta, mas tem gente que abraça.
Gente vítima, mas tem gente que sabe no seu destino mandar.


Gente avarenta, mas tem gente que dividi o que tem na despensa.
Gente inimiga, mas tem gente que até o olhar convida pra amizade.
Gente banguela na alma, mas tem gente que é sorriso fácil.
Gente falsa, mas tem gente sincera.
Gente mal educada, mas tem gente de uma fineza que nos faz querer estar com ela.
Gente má, mas tem gente boa.
Gente angustiada, mas tem gente leve de alma.
Gente enlutada, mas tem gente que crer na ressurreição.
Gente incrédula, mas tem gente que tem fé pra muitos.
Gente exploradora, mas tem gente que semeia.
Gente solitária, mas tem gente que é companheira.
Gente pobre, mas tem gente que sabe ser a maior riqueza.
Gente faminta, mas tem gente que alimenta.
Gente sedenta, mas tem gente que traz água pra matar a sede.
Gente dissimulada, mas tem gente que tem o que pensa escancarado na cara.
Gente arrogante, mas tem gente que sabe ser "humus", pó.
E assim tem gente de todas as cores e tamanhos, com todas as maldades e belezas, com todas as possibilidades e impossibilidades, com todas as dores e alegrias. E a pergunta que me move e comove é,  'qual pessoa eu quero ser'?


sexta-feira, abril 15, 2016

Beijo

Dia 13 de abril foi dia do beijo. E beijar de fato é melhor que escrever sobre o ato. Mas, eu não poderia deixar de escrever sobre.

Dizem que beijar acalma as dores...  E que os lábios ao tocar outros acende a paixão que está guardada. É que a boca guarda tantas estradas que nos levam ao abraço mais estreito, ao toque que se torna fogo. 
O beijo é o íntimo que se torna público, na busca de encontrar em si mesmo os lugares que se desejam partilhar com o outro uma vida inteira. Não é peça de um e noventa nove, é artigo raro e dado a quem se quer pagar todos os preços.
E, dos mistérios que o comum guarda, o beijo é o casamento de almas que se dedicam sem nenhuma reserva, fazendo da exclusividade a cumplicidade dos que se encontram na alma e nos lábios.
Mas, o beijo é também dado com as primeiras intenções. É a busca incerta da intimidade, que o humano anseia construir ao longo do caminho... é amizade, é fraterno, é ato que se faz com reverência diante do que nos é oferecido. É amor demonstrado sem nenhum preço, quando o que ser quer é andar pelas pontes, onde as relações se fazem possíveis.
O beijo, esse manjar que experimenta quem se entrega sem medo, é selo de que entre eu e o outro nasceu a possibilidade de jorrar os amores.
E o que seria da vida sem os amores?
 Seja o de pai, ou de mãe, seja o de irmão, ou do colega de trabalho, seja dos amigos que escolhemos e por eles fomos escolhidos, seja o amor que seguramos com paixão. A vida não seria sem os amores. 
Beijar? Quem me escolhe? Ou a quem vou escolhendo pelo caminho?
Eu sou aquela que procura entre tantos, os que posso beijar pra vida inteira. E ao viver eu descubro que preciso de todos os amores. E você?




quinta-feira, abril 14, 2016

Pequenos poderes


Como eles encantam!
E sem nenhuma sutileza os humanos se devoram por eles.
Em casa, o marido pensa,’sou o rei deste lar’ e pensar assim, já o transformou em selva, criando a falta de espaço para a alegria, a troca, o carinho de graça...
No trabalho, os chefes com um tom baixo despedaça ou com gritos assustam aqueles que o obedecem, mas não sabe ele, que por dentro se rebelam. E na sua ausência, ou no silêncio dos pensamentos, se tornou aquele que ninguém quer ver.
No trânsito, os motoristas se impõem, e as ruas que antes é meio para chegarmos onde queremos, se tornou em campo aberto para todas as indelicadezas, deixando de ser caminho para serem temidas.
Os pequenos poderes são buscados, desejados, cultivados, e por eles toda força é gasta, porque se acredita que tê-los é lugar de honra, tornando troféus que os humanos ambicionam. E como temem perder o lugar que nunca tiveram quem por eles assim se desgastam.
Os pequenos poderes estendem suas mãos para quebrar outras mãos que estendidas se fazem, decompondo em dor e distância, um gesto que fez sem nenhuma maldade, fazendo com que os oprimidos se perguntem,’ até quando’?
A verdade é que com as mãos quebradas seguimos... não escrevemos mais, não pegamos mais nada, não abraçamos, não lavamos o que é sujo, não tiramos mais as pedras do meio do caminho. Ficamos imobilizados! Uma sensação de grade invade a alma...
Até que olhamos para o Cristo crucificado...  Seu calvário, suas lágrimas de sangue... Ficamos a ver Aquele que se fez carne, sendo tão grande... E nos admiramos do Perfeito se fazer imperfeito por nós. E vemos que Ele se fez oferta sendo o dono de todas as coisas, e nos calamos ao perceber que por nós Ele suportou na cruz a distância do Pai.
Diante dEle quem não fica constrangido?

E aqui a contemplar sem voz...extasiada com o conforto que jorra de ser por Ele amada, minha alma antes tão farta...se aquietar. É que compreendo que nesse estreito caminho, Ele segue comigo de mãos dadas.

segunda-feira, abril 11, 2016

Meu Pr. Orlando.

O amor é uma força tão poderosa, que é capaz de nos prender, nos deixando livre como as folha de outono. Escapar eu não desejo, do que consola e alegra a minha alma que estava cansada da falta de beleza na estrada.

Por vezes o cenário era deserto, e em vão eu procurava oásis, e me sentia a desfalecer de sede. Mas Você chega com todo cuidado, se coloca ao meu ao lado com carinho e mata a sede... fazendo da estrada antes tão árida, agora, com fontes que circundam todo o presente, deixando minha alma saciada com sua presença.

O amor que Você me traz é como manta que me abraça e me aquece nas madrugadas frias... fazendo da noite um lugar que não me provoca mais certos medo. Como é bom ter um amor na caminhada.

Nós sabemos que a vida é marcada pelas suas lágrimas, o deserto é certo, mas poder andar de mãos dadas torna a travessia tão mais fácil.  Nós temos aprendido que a vida com Jesus têm nuvens para nos proteger do sol ao meio dia, a coluna de fogo não nos abandona, o pão nos é trazido todo dia, e as nossas sandálias segue segurando nossos pés. E que ter um companheiro no caminho, é presente recebido daquele que criou os amores, tornando o deserto um lugar onde podemos, também, ver suas belezas, e compor as mais belas poesias.

De tanto escutar que eu não daria certo, que eu já havia passado dos quarenta, que ninguém daria conta da minha história, e até que Deus me queria era mesmo sozinha, tentei acreditar... mas sou insistente em meus sonhos de construir uma família, de ter e ser porto, onde o descanso é possível no final do dia.

 E você chegou... e eu tenho encontrado em você a resposta da oração que fiz ao Senhor: Quero um homem que ame o Senhor e a sua Palavra, não preciso de mais nada. E você chega. Estou feliz com o que vislumbro.

Você chega sem nenhum julgamento, é que você traz também a marca de quem já descobriu quem é. 

Você chega sem nenhuma expectativa de que eu seja uma outra pessoa, e o que já viu, é o que afirma gostar. 

Você chega com esse bom humor de um menino que não perdeu a doçura, manso, mas sabendo bem o que deseja, e guarda uma teimosinha não vista, mas que me encanta.

Você chegou para juntos trilharmos uma nova estrada, teremos desafios, seremos desafio um para o outro, contudo, sabemos que o amor que nasce, brota, firmado na mais forte rocha, Jesus, a quem nós dois entregamos nossas vidas para servir.

Te amo Orlando. Também amo o Pastor Orlando. E no meu coração apenas um desejo de fazer do nosso futuro ninho, um lugar de paixão e descanso.

sexta-feira, abril 08, 2016

O silêncio que rouba

Um silêncio tácito demarca a linha tênue e invisível que separa nossos mundos. E, chegamos próximos, mas distante o bastante para permanecermos distantes.
E andamos seguros pelo que nos separa.
E seguimos sonhando com que tanto queremos e que não habita o real, trazendo na boca o gosto do beijo que nunca foi dado.
Porém, seguimos no real de nossas vidas... no vazio que preenchemos com o impossível, na certeza de que o chão que pisamos é mais firme que as nuvens que viajam no céu das construções dos sonhos.
O coração, este teimoso que abrigamos no peito, triste segue, queria mesmo é pegar com as mãos o desejo que oculta em secreto. Mas, o medo que impede que o perfeito amor floresça como muralha se levanta, e acreditamos que a vida reservou para outro, o que tanto ansiamos.
E nos rendemos a pior de todas as experiências, a desistência de tentarmos o que tanto queremos, deixando de descobrir que o não nós já abrigamos, e que o sim da vida deve ser buscado sem a valentia do concreto.
E nessa saga de vivermos nossos sonhos platônicos, seguimos sozinhos com medo de perder o que já não temos, e assim, perdidos ficamos, no silêncio que nos rouba as armas que nos capacitaríamos a lutar pelo que queremos. Se a coragem vencesse o medo, descobriríamos que o tão temido não, já vigorava, e ainda assim nosso coração temeroso continuaria na direção de fazer da vida uma estrada com a nossa cara. Certamente que a morte de um sonho pode acontecer, mas aprenderíamos que um sonho pode virar adubo para outro florescer.

Triste é mesmo esse silêncio que nos rouba as armas que certamente nos fariam lutar pelo que queremos.

quinta-feira, abril 07, 2016

Eis o significado de comparar


com.pa.rar 
(lat comparare) vtd 1 Examinar simultaneamente duas ou mais coisas, para lhes determinar semelhança, diferença ou relação; confrontar; cotejar: "Compara os beijos e, por eles, verás a diferença" (Coelho Neto). Comparei esta tradução com aquela. vtd 2 Confrontar, cotejar: "Quem os compara não vê nem o rei nem o escravo" (Machado de Assis). Compare isto àquilo. Nunca o comparei com outros. vpr 3 Igualar-se, pôr-se em confronto; rivalizar: O discípulo não podia comparar-se ao mestre. Comparou-se com ele e se admirou da semelhança. vtd 4 Ter como igual ou como semelhante; igualar: Comparou uma e outra coisa. Compara o magistério ao apostolado. "Comparai o ministro do altar, digno deste nome, com o mau padre" (Camilo Castelo Branco).

As pessoas dizem 'você não pode comparar'. Sinceramente está ai algo que eu não obedeço, afinal, eu, comparo tudo.
Comparo minha infância com minha adolescência, com minha vida adulta, que afinal é muito boa.
Comparo meu tempo de solteira, com o tempo em que fui viúva, com o meu estado de hoje de divorciada.
Comparo minha maturidade de ontem, com a que possuo agora, e por vezes tenho que lutar com a chateação de não ter entendido tanta coisa...
Comparo os lugares onde morei, e olha que nesses últimos anos mudei muito.
Comparo como era meu filho em sua mais tenra idade, com seus vintes anos de hoje.
De verdade, você acredita que quem assim aconselha para não comparar, não compara?
Será?
O que sei é que a comparação sempre me levou a avançar, porque me permitiu avaliar se o caminho em que eu estava era o melhor caminho a ficar. E por tantas vezes me ajudou a confrontar, se o que eu acreditava, era mesmo o que eu estava vivendo, se a vida que quero construir no futuro, é a vida que planejo e trabalho no presente.
E aprendi que a comparação só não é boa quando a usamos para os outros, como tantas vezes nossos pais fazem conosco ao nos apontar nossos irmãos como modelos. Ai... se os pais soubessem o ringue que eles constroem entre os irmãos... e mesmo sem querer, mas fazendo, nos roubam a beleza da singularidade do humano.
Confesso que sigo comparando, quem sou com quem sou, e por vezes fico como o agrimensor a medir a longa estrada que tenho dentro de mim...  
Nessa viagem constante que faço, vejo os mais íngremes lugares que o pecado construiu em mim, e, o coração sempre se angustia frente o que quero ser e não sou, mas também me deparo com a beleza de ser filha de Deus, salva por Jesus, e lavada por seu precioso sangue.
Deixar de comparar para mim não é possível, mas crer na graça recebida é o meu conforto infinito.


segunda-feira, abril 04, 2016

Recomeçar? Não ouse.

Recomeçar? Não ouse.
Gritarão em seus corações, os próximos e os longes, ainda que o tom da fala seja suave e cordata, ‘você não deu certo’.
Se insistir, vão levá-lo ao passado, e dizer, ‘olha tudo que já fez...’, e, tirarão você do tempo presente, o hoje, e ficará tentado a desprezar a esperança manifesta na construção que se faz possível agora.




Recomeçar? Não ouse.
Perceberá que o construído dentro, não é visto, ainda que as fachadas se apresentem. É que a casa dentro não tem porta para os que estão de fora. E, ainda que queira mostrar toda reforma ou desconstrução, apenas você e Aquele que o fez, verá.


Recomeçar? Não ouse.



Precisará suportar as dores de parto das coisa novas que chegam, vencendo as palavras de morte, porque elas, abrem covas, por não acreditar que a vida é  maior.



                                                                  
Recomeçar? Não ouse.


Descobrirá que estará sozinho por algum tempo... ou que talvez... estar sozinho seja a condição para o ser que se refaz. E, tendo o seu coração como  único companheiro, não se engane, ele se mostrará com toda sua dor...


Recomeçar? Não ouse. Contudo, não diga que ninguém avisou que aquele que não recomeça vive na mais feia espelunca, perdendo a mais bela casa, para a qual, o seu Senhor o criou. 
É que o arquiteto do universo, diante daquele que se deixa construir de novo, é capaz de forjar a mais bela obra.
 

sábado, abril 02, 2016

Amigos que se perdem, amigos que se ganham...

Eu passei pelos mesmos lugares, mas eu já não era a mesma... E o sorriso antes tão infantil e franco, agora guarda a discrição de um adulto.
E nas estradas que agora ando, percebo que ao ouvir a mesma história, agora, ressoa-me com um fisgo de dor que jamais pensei sentir. É que aprendi a ler nas entrelinhas a fala que jamais foi ouvida. E me assustei com a maldade refinada daqueles que fiz tão perto... descobrindo  que o outro tão amado... sem amor estava. 
A verdade é que a vida forja em nós, quem jamais pensamos ser um dia... e o coração aberto como uma janela sem vidros, agora trancado está, para o próximo que se fez estranho...

E me angustio frente a minha criança que vai morrendo... é que o adulto, esse que deixa de acreditar nas histórias encantadas, nasce, as vezes, tão sufocado pela desesperança.

Mas, luto bravamente, para que o adulto que nasce, segure com força a criança que trago dentro do peito. Ah... não se pode deixar a criança ir quando se perde amigos que pensávamos ter... é sempre preciso seguir.
E descobri que a vida que nos leva aos mesmos lugares, e, que nos faz ser, sempre traz e trará leais amigos. 
E, estes que chegam, fortalecem as mãos cansadas, e nos ajudam a segurar a criança que não queremos perder dentro da gente.

E, hoje, agradecida me rendo a Deus por renovar minha esperança através de vocês: Cida, William e Orlando. Amo vocês.