sexta-feira, maio 24, 2024

 




Naquela manhã de domingo, no fim da atividade com as crianças, uma menina chegou bem pertinho de mim e baixinho disse: ‘Tia, eu não gosto do meu pai, ele é cachaceiro’. Surpreendida por sua declaração, passei os braços em volta dela e respondi que iria orar para que o papai deixasse de beber. Também, prometi que visitaria a sua casa. Ela assentiu com seus olhos tristes e foi embora.

Meu coração apertado ficou. Nossas crianças estão sofrendo. Os campos brancos para ceifa, estão tão perto de nós como aquela menina esteve de mim.

Mas, parece que não queremos erguer os olhos. Ver pode incomodar. Ver pode nos trazer compaixão. Ver pode nos fazer querer ser a resposta.

Em meio à minha angústia, lembrei de Isaías. Creio que ele viu os campos quando Deus perguntou a quem enviaria. Ele quis ir. Ele entendeu a grandeza da missão. Ele não deu desculpas do tempo, do trabalho, da família, dos projetos pessoais. Ele se dispôs a deixar a sua agenda. Ele quis ser a resposta para sua geração. Ele não tinha toda a revelação que já temos do reino, mas, com o que sabia, compreendeu que valia a pena perder a vida por amor ao seu Senhor.

Hoje, perdemos a noção de quem é o Senhor. Falamos que é Jesus quem manda, contudo, vivemos a vida que queremos, e não a que Ele propôs em sua palavra. E ainda nos enganamos, pensando que Ele aceita que vivamos de cabeça baixa, olhando só para o nosso campo...

A verdade, é que muitas crianças seguem como aquela menina de olhos tristes, esperando que a igreja se levante e leve a única palavra que pode dar esperança. E Jesus, não nos aceitará de mãos vazias.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga clínica