sexta-feira, maio 13, 2016

O passáro

O pássaro sobrevoou a imensidão da terra. Trazia em seu peito um desejo intenso de encontrar um pouso que lhe fosse seguro. Ao longe avistou uma gruta entre as rochas e decidiu que lá seria o seu ninho. No seu coração uma alegria surgiu, era mesmo um lugar seguro. Por lá viveu por alguns anos e, foi feliz. Mas, a vida reserva surpresas, e um terremoto abalou as estruturas da rocha onde fizera o seu lar. O pássaro, atordoado ficou a bater suas asas e a ver a sua casa em ruínas. Por algum tempo sobrevoou aquele rocha que não mais existia na tentativa de segurar o que não tinha mais jeito. Seu coração ficou despedaçado... contudo não havia tempo para chorar sua dor, era preciso encontrar um novo lugar. E ainda que suas lágrimas por muito tempo insistiram em cair, ele voou, era preciso voar, voar e voar. 
E assim, o pássaro retornou a imensidão do céu na busca de um novo ninho. 
Ao voar avistou uma praia e falou consigo mesmo, 'vou pousar nos coqueiros que a rodeiam'. E embora não estava feliz como da primeira vez, ainda abrigava esperança no seu coração de ter um novo lar. E ali ficou a construir aquele ninho, mas os ventos não o deixavam concluir. Alguns meses se passaram, e uma onda atingiu a praia com tanta força que derrubou o coqueiro onde o pássaro, em vão tentava construir sua nova morada. E o pássaro novamente levantou voou, não porque quisesse voar. Já estava acostumando com os ventos que não o deixavam dar a forma que desejava naquela nova morada. 
Seu coração que ainda não havia curado da saudade do primeiro ninho e, nem do susto que levou ao perder seu segundo, ficou pequenininho dentro do peito, como se estivesse sendo espremido por mãos pesadas e fortes. 
Mas, quem pode desistir quando se tem asas para voar? E bravamente o pássaro ferido, voltou para o imenso céu na busca de um novo ninho. 
Novamente avistou o telhado de uma casa que parecia simples, e entre as madeiras que o sustentavam decidiu que ali faria o seu ninho com as poucas forças que lhe restaram, mas cansado demais adormeceu.
Já era fim de tarde quando acordou e viu que naquela casa havia um morador. Seu coração estremeceu, afinal, aprendera que os humanos não eram bons e nem hospitaleiros e, quando pensou em levantar voo, percebeu que suas asas estavam sem forças para voltar ao imenso céu. E ficou ali com o coração angustiado, contudo, impossibilitado, rendeu ao seu destino. 
O homem daquela casa ficou encantado ao ver seu novo visitante,  e ao contrário do que o pássaro pensava, ele desejou tê-lo por mais tempo. Não querendo espantar o pequeno hospede,  foi se aproximando devagarzinho. Embora temesse, o pássaro foi percebendo que o dono da casa não era um inimigo e, seu coração apreensivo foi encontrando sossego. 
Quando suas asas estavam fortes para voar, o pássaro percebeu que já não podia... acostumou com aquele homem de sorriso franco, gesto calmos e olhar cheio de ternura.
 É que dia após dia aquele homem colocava água e comida para alimentar o pássaro cansado,  e ficava ali a contemplar embevecido, o seu novo inquilino deitado sobre a madeira. Preocupado, o homem providenciou uma pequena e aconchegante almofada, e o pássaro sorriu ao ser colocado em um lugar diferente do seu ninho, contudo confortável. E, aquela casa antes tão ocupada por corações solitários, agora encontrou o único lugar que todos querem estar, o lugar de amar e ser amado.
















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