quarta-feira, março 27, 2019

Saúde emocional e os ensinos de Jesus – A importância da gratidão




Hoje, sabemos pela neurociência que o cérebro não ocupa dois sentimentos ao mesmo tempo. Por exemplo, não podemos nos sentir calmos e ansiosos ao mesmo tempo, alegres e ao mesmo tempo tristes. Isso ocorre porque as áreas cerebrais que produzem sentimentos negativos e positivos são diferentes e não podem ser ativadas ao mesmo tempo.   
Por esta razão, se ocuparmos nossa mente com pensamentos de gratidão, iremos experimentar uma vida com mais alegria, energia, vitalidade, criatividade e afetividade. Seremos felizes! E, não importa a situação vivida, a gratidão uma vez praticada nos manterá bem.
Estudando sobre Jesus podemos perceber que ele praticava a gratidão. Diz a história no evangelho de Mateus que Jesus ensinava as multidões há três dias, então se preocupou com o fato de que ela nada tinham para comer. Sabendo que estavam com fome, não queria despedi-la sem alimentá-la, pois, sabia que poderiam desfalecer no caminho. Acredita-se que eram mais ou menos 12 mil pessoas. Os discípulos reagiram mostrando a Jesus a realidade de que eles não tinham como alimentar tanta gente. Então, Jesus pergunta: Quantos pães você tem? Os discípulos então dizem ter 7 pães e alguns peixinhos. Ele, então pega os pães e peixes e agradece, depois devolve aos discípulos para distribuir para o povo, e toda multidão foi alimentada1.
Olhando na perspectiva da neurociência, Jesus foi grato. Observe sua atitude. Ele pega os pães e peixes e agradece. Veja, ele, está preocupado com multidões multidão com fome, e não faz conta de somar ou diminuir, multiplicar ou dividir, embora soubesse do grande número de pessoas, simplesmente reconhece o que tem e agradece. Então, manda seus discípulos distribuir e alimentar as pessoas com o que tem.
Os seus discípulos fazem conta, olha para o pouco que tem e para multidão e reclamam, como alimentar tanta gente com tão pouco? Ao reclamar não conseguem propor nada, apenas apontam a falta de recurso.
Crendo ou não no milagre da multiplicação, uma coisa é certa, a gratidão é capaz de multiplicar os recursos da nossa vida, é o que nos afirma a neurociência. De acordo com suas descobertas, ao sermos gratos somos capazes de ver novos caminhos a nossa frente, pois a ansiedade e o medo não vão nos paralisar. Conseguiremos pensar com clareza. Logo, teremos mais criatividade para resolver os problemas. Tudo porque ativamos a área cerebral que produz as emoções positivas.
Contudo, sabemos que cada vez mais é difícil reconhecer o que temos de bom. Somos ensinados, bombardeados, doutrinados, massacrados, com a ideia de que o que temos não é suficiente. Seja qual for a área da nossa vida - financeira, familiar, escolar, laboral, corporal -, acreditamos sempre que precisamos de muito mais do que possuímos.
Contudo, a ciência aponta o que Jesus nos ensinou com sua vida, que a gratidão faz milagres.
Jesus é mesmo formidável.

sexta-feira, março 22, 2019

Meu primeiro aniversário no Cross


Este texto eu escrevo em homenagem aos coachees Márcia (a minha maior incentivadora das crônicas da academia), ao Rafael e ao Rodrigo. Também ao Hugo e ao Pedro que não está mais na Skill Box. Todos me viram tão debilitada, mas acreditaram que eu tinha jeito.

Meu primeiro aniversário no Cross

No dia 16 de janeiro fez um ano que estou na Skill Box treinando cross.
Gosto de relembrar que ao chegar na academia queria me livrar de uma depressão que não me abandonava há quatro meses. Eu estava lutando com todos os meus recursos da psicologia, e a psicoterapia não me deixou avançar para quadros mais graves, contudo, os sintomas não cediam. Exausta, resolvi acatar a sugestão da minha psicoterapeuta, Maria Beatriz, para tentar fazer uma atividade física de impacto, antes de me submeter aos tratamentos da psiquiatria. E foi o que fiz.
Estava na época com 69 quilos, sem nenhum equilíbrio, confundindo direita com esquerda e tão cansada que não tinha forças para sequer arrumar a casa.
Para minha surpresa, em uma semana fazendo cross, estava sem nenhum sintoma da depressão. Não precisei gastar dinheiro com remédios e as consultas caras da psiquiatria.
Como foi bom provar a alegria que sempre tive pela vida, a paixão pelas cores e borboletas. Além disso, adquiri a capacidade de carregar peso que me permite ajudar minha mãe quando ela por alguma razão cai da sua cadeira de rodas.
Sendo a depressão uma doença crônica, não tenho ilusão dela estar curada. Contra esta gigante eu lutei por 17 anos. Porém, em 2018 passei a maior parte do tempo sem sintomas. Nos poucos dias acordei assombrada por eles fui com alegria para a Skill Box, sabendo que ao término do treino, estaria bem, e assim foi e tem sido.
Quando olho para trás, vejo que a depressão foi ladra a me roubar a vida que eu queria viver. E só pude calcular o quanto perdi ao viver sem ela neste ano que passou. Minhas manhãs deixaram de ser uma tortura, meus projetos se tornaram mais fáceis de executar, não precisei lutar para me sentir segura e tenho vivido com o otimismo natural que herdei.
Embora o cross não seja “fácil”, todavia seus benefícios me fazem ir a academia mesmo nos dias em que estou com a gigante da preguiça.
Brinco que vou morrer uma “velha crossfiteira”, e tenho fé que Deus irá me permitir. A Ele sou grata por ter esta oportunidade e por viver com mais qualidade a vida que Ele me deu.
Tenho muito para celebrar neste meu primeiro ano de cross. Apenas lamento ter perdido tanto tempo sendo sedentária.  Não ter levado a sério a importância dos exercícios para o corpo. De atender a minha vontade de não fazer o que era tão necessário, pois ao procrastinar, negligenciei onde estava a cura para o que eu tanto ansiava.
Aprendi de forma dura que o corpo precisa exercitar-se. Ele clama por ajuda para cumprir seu propósito, todavia, quando nos rendemos a disciplina de cuidar do corpo, somos nós que ganhamos.
Por isto, eu digo a você que está lendo este texto: Mexa-se! Não adie o que precisa fazer. Coopere com sua vida. Ela é o maior presente que recebeu. É mistério que exige movimento constante. É projeto onde a felicidade pode ser possível.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

quarta-feira, março 20, 2019

Saúde emocional e os ensinos de Jesus - O problema do nunca dizer não

   Disse Jesus: Seja, porém o teu sim, sim. E o teu não, não! O que passar disso vem do Maligno. (Mateus 5:37)
De acordo com a psicologia as pessoas mentem por três razões. Quando elas querem evitar a angustia de um confronto, para se adaptar a uma situação a qual considera complicada e para alcançar um objetivo. E ao avaliar pessoas que dizem sim o tempo todo, podemos identificar estas razões.
Elas contarão estórias, tais como: ‘hoje estou doente’, quando está saudável; ou, ‘estou do outro lado da cidade’ quando está a três quadras; ou, ‘não recebi’, quando o pagamento está na carteira; ou, ‘o carro quebrou’ quando ele está intacto na garagem. Afinal, quem consegue atender a tudo o que as pessoas pedem o tempo todo?
Também, costumam ser conhecidas como pessoas enroladas, complicadas, desorganizadas, pois atropelam a sua agenda e a dos outros. Do ponto de vista profissional isto é devastador, e nas relações mais próximas as pessoas sentirão que não podem confiar, ainda que a intenção delas tenha sido de atender ao pedido. A verdade é que ao dizer sim sem ter nenhuma vontade, tempo ou possibilidade de cumprir com sua palavra dada, poderá com o tempo destruir sua credibilidade.
Também, existem duas características fáceis de perceber em quem tem dificuldade de dizer não, são elas:
A primeira é a falta de tempo. Por sentir um senso de urgência ao receber um pedido de alguém, principalmente daqueles que são mais próximos, a pessoa diz sim quando já está com muitas outras atividades agendadas, e com isto se sobrecarrega. Ou, desiste de fazer o que era prioridade, comprometendo assim sua vida social e profissional. Pessoas assim não realizam seus sonhos, projetos pessoais, muitas vezes não se casam porque não conseguem encontrar tempo. Mas, do ponto de vista psicológico, a pessoa que vive sem administrar bem o tempo, constrói uma vida onde se sentirá fracassada.
A segunda é a culpa. Por sentir-se responsável o tempo todo pelo bem-estar de todos, compreende que deve atender as expectativas de quem lhe pede algo, e quando tem que dizer não sente-se culpada. Para se livrar da terrível sensação que a culpa provoca, diz sim, ainda que tenha que fazer sacrifícios para atender ao pedido feito. Logo, se comportam como “salvadoras” do mundo.
O que carrega a culpa por não atender a todas as demandas dos que estão em volta, deixou de compreender que os seres humanos são limitados e vive a fantasia! de tentar agradar o tempo todo, deixando de reconhecer suas próprias limitações. Quem assim se comporta não sabe lidar com a verdade que o humano não é o herói do cinema com super poderes e que agradar as pessoas o tempo todo é missão impossível. É certo que ao manter esta atitude, com o tempo sofrerá um esgotamento físico e emocional.
Para termos saúde emocional, o sim dos lábios tem que estar em consonância com o sim da vontade, dos sentimentos e da realidade.
 Dizer sim, quando gostaria de dizer não, seja porque não deseja fazer ou porque sua agenda está abarrotada é mentir para si mesmo. É estar em discordância com sua realidade interna ou externa.
  Por esta razão, o ensino de Jesus para que "o sim, seja sim, e o não, seja não", se faz tão atual em nossos dias.
Roseli de Araújo
   


quarta-feira, março 13, 2019

Saúde emocional e os ensinos de Jesus - O problema do julgamento


O julgamento precipitado sobre qualquer pessoa e situação é algo que traz prejuízos em pequenas e grandes escalas. Quando Hitler julgou que os alemães eram a melhor raça e conseguiu influenciar tantos ao seu redor, o mundo presenciou uma das maiores barbáries da história. Mas, todos os dias podemos cometer pequenas barbáries ao emitirmos sobre as pessoas e situações nossas opiniões.  Portanto, considere que os nossos julgamentos, embora tantas vezes nos pareçam tão sem maldade ou malícia, eles estão sendo formados, não só pela realidade a qual nos apresenta no aqui e agora e que não temos todo acesso, mas também pela soma de tudo o que trazemos.
Por esta razão, os ensinos de Jesus Cristo sobre o julgamento fazem tanto sentido. Ele diz:
"Não julguem, para que vocês não sejam julgados.
Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês.
"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?
Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu?
Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão”
(Mateus 7:1-5).
Neste texto, Jesus descreve com maestria a realidade humana que julga ver o cisco no olho do irmão quando na verdade está com uma trave em seus olhos. Contudo, quem com uma trave - um bastão de madeira nos olhos poderia vê cisco no olho de outra pessoa?
O que Jesus afirma é que não somos capazes de ver a realidade de forma plena. Sempre nos faltarão informações para que os nossos julgamentos sejam imparciais, justos. Para a psicologia isso também é uma verdade, uma vez que nossos olhos nos permiti ver o mundo através das grossas lentes da nossa subjetividade,  a qual Jesus neste texto, chama de trave.
Para a psicologia, nós precisamos compreender que a visão de mundo que carregamos passa pelo viés da nossa bagagem interna, do nosso jeito de ver a vida que foi forjado em nós pelos nossos pais ou cuidadores, pelo momento histórico vivido e os eventos que marcaram nossa vida.
E neste texto Jesus com poucas palavras aponta uma realidade psicológica de que o humano não é capaz de ver o óbvio de si mesmo, por está razão deve não fazer julgamentos.
Do ponto de vista psicológico uma pessoa só fará um julgamento justo quando for capaz de abandonar seu juízo de valor – sua subjetividade, seus preconceitos adquiridos e a influência da sua cultura sobre o seu olhar para o mundo. Tarefa complexa.
Jesus também alertou para a realidade das conseqüências do julgamento ao dizer que quem julga será julgado. Psicologicamente falando, quando uma pessoa é alvo da falta da compreensão do outro, ele sofrerá dores que poderão levá-lo a reproduzir a atitude daquele que o machucou. Morre então o diálogo. Nasce o abismo entre os corações que não se compreendem, iniciando um ciclo doentio nas relações. Na clínica é possível perceber que normalmente as pessoas se relacionam com o que pensa que vê sobre o outro e não com sua realidade de fato.
O julgar devasta as nossas relações. Contudo, Jesus deixa subentendido que precisamos um do outro para enxergamos sem nenhum incômodo, ao dizer para tirarmos a trave dos nossos olhos primeiro para então vermos claramente e assim tirar o cisco do olho do irmão. Ele está dizendo que só quem viu sua trave tem misericórdia para estender as mãos e ajudar seu próximo em seu problema.
Mas, não é fácil reconhecer a trave que está em nossos olhos. É preciso humildade e sinceridade, contudo, este é um caminho que deve ser percorrido para que as relações humanas sejam saudáveis.
Jesus em poucas palavras fala com seus discípulos de uma questão grave, capaz de destruir as pessoas, e aponta uma solução a qual todos nos podemos trilhar.

Roseli de Araújo
Psicóloga clínica


quarta-feira, março 06, 2019

Saúde emocional e os ensinos de Jesus




Eu acredito que um dos grandes desafios que os seres humanos vivenciam é o de serem capazes de viver o que falam.
Como é fácil falar de gratidão e ao mesmo tempo ser ingrato, de amor e odiar muitas pessoas, de perdão e guardar magoas por anos, da importância da paciência e ser impaciente quase que o tempo todo. É impressionante como somos capazes de ofertar palavras de sabedoria aos que estão perto de nós e ao mesmo tempo estas palavras não servem para dar norte a nossa própria vida. 
A psicologia reconhece esta “loucura humana” ao afirmar que somos seres ambivalentes. E esta ambivalência tão bem descrita pelos psicólogos é “a existência simultânea, e com a mesma intensidade, de dois sentimentos ou duas ideias com relação a uma mesma coisa e que se opõem mutuamente”1. Em outras palavras, é a tendência que temos de amar e odiar ao mesmo tempo uma mesma pessoa, um mesmo lugar, uma mesma situação. É o querer e não querer, o desejo de ficar e ir, de fazer e não fazer andando de mãos dadas.
Contudo, para sermos saudáveis emocionalmente é preciso diminuir a distância entre o que falamos e vivemos. Falar aqui significa expressar o que cremos, o que trazemos como princípios para reger nossas vidas, nossos valores, nossa jornada.
Em minha jornada enquanto psicóloga, vou ficando intrigada com pessoas que parecem conseguir harmonizar o que fala com que vive. Considerando o contingente humano que já viveu e vive, foram poucas as pessoas que conseguiram serem fieis ao que falava. Dentre estas pessoas muito conhecida, sou fascinada por Jesus Cristo. Sei que ao mencioná-lo posso suscitar certo desconforto. Afinal, no Brasil, muitos que professam ser seus seguidores, tanto evangélicos como católicos, vivem tão distantes dos seus ensinos que muitas vezes podemos ficar impedidos de ver de fato quem ele é.
Porém, quando estudamos sua vida, fica clara a harmonia entre o que ele falava e vivia. E, seus conceitos uma vez aprendidos e praticados são capazes de nos tornar pessoas mais saudáveis emocionalmente. Digo isto, porque muitos dos conceitos propostos pela psicologia para desenvolvermos uma vida com mais qualidade nós encontramos no ensino e na vida de Jesus.
Portanto, não irei falar do Jesus da religião, vou me deter na ponte que vejo entre Jesus e a psicologia. E lhe convido a seguir comigo nesta série, e conhecer um lado de Jesus que os religiosos em todas as épocas impediram os homens de contemplar.
Sem nenhuma pretensão em dizer que tenha visto tudo, espero que o que vi desta pessoa tão importante na história da humanidade possa contribuir para refletirmos e encontrarmos mais vida em nossas vidas.
Aguardo você para esta nossa nova viagem. Estarei postando um texto todas as quartas feiras e espero ter a sua companhia.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
  1. Dicionário de Psicologia APA.