segunda-feira, junho 23, 2014

MIL VEZES O SILÊNCIO QUE ESSES SEIS CONSELHOS TERRÍVEIS!

            Dos conselhos dizem que, se fossem bons, não seriam de graça. Na verdade, a maioria das pessoas crê que aconselhar, se não fizer bem, mal também não fará. Não é necessariamente verdade isso. Há orientações gratuitas, dadas com a maior das boas intenções (aquelas que enchem o Inferno o chão ao teto, segundo a sabedoria popular), que têm um potencial destrutivo assombroso e ser uma grande furada, piorando a situação que já está ruim. E nem precisa colocar em prática, basta passar a acreditar em certos clichês e frases de impacto (repetidos geração após geração) ditas pelos amigos e conhecidos.



            O principal objetivo de um conselho, obviamente, é ajudar o aconselhado. Mas é mais desafiador dar uma orientação construtiva (que pode funcionar) do que receber um conselho, afirmam especialistas na área de Relações Humanas. O irônico é que, muitas vezes, a “culpa” é do futuro aconselhado, que chega de repente e diz “O que você faria se estivesse no meu lugar?”. Isso coloca a outra pessoa numa situação difícil em que não há tempo para pensar, e a vontade de ajudar supera o bom senso. Aí, entram em cena os clichês, que não são nem um pouco práticos. Ao lidar com uma grande perda, por exemplo, não é agradável ouvir que "o tempo tem poder para curar todos os males". Isso torna terrível o presente, dando a entender que não há nada que se possa fazer para melhorá-lo.
            Um bom conselho precisa ter toques de mediação, realidade, clareza e até possíveis soluções. Allessandra Ferreira, palestrante e coach da AlleaoLado, não acredita que o conselho é o melhor caminho para ajudar o próximo. Ela prefere o uso de uma opinião bem formada, que estimula o outro a chegar à própria resposta. “Antes de opinar faça perguntas e busque entender melhor a história. Muitas vezes as frustrações surgem por falhas na comunicação. A melhor ajuda é acolher e não tentar apontar o que você acha melhor para ela”, garante a profissional.
            “O maior perigo é aconselhar sem conhecer a realidade do outro. Cada um tem uma forma de viver, por isso, é proibido generalizar. Falar frases bonitas e de impacto tem apenas efeito imediato, mas nada construtivo”, diz o executive coach Robson Nasc.

            Segue uma pequena lista de alguns dos piores conselhos que se pode dar a um(a) amigo(a):


1. Várias cabeças pensam melhor do que uma”

Dois é mais do que um somente na matemática, garante o coach Nasc. No ambiente profissional, colocar duas pessoas que não rendem trabalhando juntas pode ser desastroso. O conselho pode ser ainda pior se aplicado na vida pessoal já que, em grupo, muitos depositam confiança no consenso e não consideram as opiniões individuais, que são as mais importantes.
2. Nunca desista dos seus sonhos. Você vai chegar lá!”
Muitos abandonam a racionalidade na hora de aconselhar alguém. Prometer ao outro que todos os sonhos serão realizados é uma armadilha. Se a amiga falhou ao tentar conquistar algo, ela precisa avaliar as reais chances de conseguir antes de tentar de novo. Às vezes, o caminho é investir em outras metas e buscar a felicidade por outros caminhos. “O aconselhado precisa saber qual é a realidade para ele chegar lá. Uma melhor ajuda é sugerir os passos que ela deve seguir para melhorar o futuro”, defende Nasc.
3.Não se preocupe, tudo dá certo no final!”
A frase tem um tom acolhedor, mas pode gerar uma possível decepção. Muitos usam esse conselho quando não sabem o que falar para o outro. Para Alessandra, antes de despertar esperanças no aconselhado, assuma que considera a situação delicada e que não sabe o que fazer.
“Um caminho é pedir um tempo para refletir melhor sobre o problema. Isso irá mostrar que você terá algum cuidado ao colocar a sua opinião”. E por fim, não tenha vergonha de falar que não se sente confortável para aconselhar.
4. "O tempo cura tudo."
Usar esse conselho significa considerar que todas as pessoas lidam com o tempo da mesma forma. E pode ainda prejudicar uma ação mais rápida para resolver o problema ao promover a ideia de que um fator externo – o tempo – guarda todas as respostas e soluções. Muitas vezes, segundo especialistas, a saída está na transformação interna do indivíduo.
5.Chore e coloque a raiva para fora.”
Os sentimentos negativos não escorrem com as lágrimas. Ao extravasar a tristeza e a raiva, a pessoa ativa uma rede de emoções e ações agressivas e não conquista a calma. Gritar, chorar e explodir pode até trazer uma leveza momentânea, mas Nasc garante que a prática só fortalece seus impulsos agressivos. Um copo com água e um respiração profunda valem mais do que este conselho.
6.Busque um novo amor para curar uma desilusão”
Um clássico conselho que o pode levar a um novo desastre amoroso. Depositar as frustrações e esperanças no novo pretendente poderá sentenciar a relação ao fim. Para os especialistas, a melhor ajuda nos casos de desilusão amorosa é indicar ao amigo programas atraentes que não exijam um companheiro amoroso, mas apenas amizades e gente interessante (que pode vir OU NÃO a ser o próximo envolvimento. O importante é não criar expectativas nem colocar o(a)  amigo(a) num período aberto de “caça”).



            Como se vê, muitas vezes vale mais assumir que não tem condições de ajudar com palavras (indicando alguém que possa ou se dispondo a procurar junto com a pessoa uma solução) do que dizer qualquer coisa, achando que foi útil ou simplesmente descarregando a consciência. Ninguém pode saber tudo, estar sempre preparado, nem ser o Oráculo de Delfos, com suas respostas incisivas (para quem soubesse decifrar o que se dizia ali, é claro). Tem horas que apenas estar ao lado, confortando com a presença, abraçando literal ou figuradamente a pessoa, vale mil vezes mais do que “aconselhar”. Afinal, o que é remédio para um pode ser veneno para os demais.

sexta-feira, junho 13, 2014

Só é feliz quem tem um namorado?



         
Ser feliz é mais que encontrar um amor, ser feliz é encontrar a Vida que está na vida que vivemos todo dia. Mário Quintana diz que ‘Quantas vezes a gente, em busca da ventura, procede tal e qual o avozinho infeliz: Em vão, por toda parte, os óculos procura.Tendo-os na ponta do nariz!’. Ser feliz é antes de tudo reconhecer o que se tem. Por essa razão não se deve permitir ser roubado. Não se deve permitir não ter alegria no que por si só é alegria no mais puro sentido de ser. É preciso olhar para si mesmo e reconhecer o que se tem de bom. Parar de se lamentar. Ordenar a sua própria alma a olhar para o que se tem. Não se permitir viver como se alegria fosse um néctar mágico. Ela pode ser construída na medida em que é reconhecida a vida recebida com suas belezas, dores, cores e amores. Ser feliz é mais do que ter um relacionamento isolado, é a soma de relações que se formam no decorrer da vida. Ser feliz é ser capaz de estar satisfeito como que se tem. O corpo, mesmo imperfeito, ou morrendo, é o que permite transitar nesse imenso mundo. É o que aguenta a alma por vezes saturada de tanta cobrança. Ser feliz é difícil, sim, porque aprendemos que carecemos ter mais do que de fato precisamos. E neste mundo do espetáculo, dos ídolos, do show, aprendemos que o que é cotidiano é sem graça, é triste. Triste engano no qual caímos. Perdemos a vida que se faz todo dia. 

quarta-feira, junho 04, 2014


 O mito do príncipe encantado ainda sobrevive?


  Certo dia, fui visitar uma senhora com uma amiga e seu avô. A visita coincidiu com o primeiro  aniversário da morte do marido da nossa anfitriã. Ela tinha sido casada por 65 anos. Iniciando os últimos 20 anos do casamento, seu marido adoeceu. Ela cuidou dele. E o que me impressionou é que sua fala era de saudade. Não de alívio por ficar livre de ter que cuidar de um doente. Havia em seus olhos azuis uma dor, que ela mesma definiu como infinita. A lembrança do seu amado era certamente a melhor que ela tinha. Então, resignada, agradecia a Deus por ter tido aquele homem em sua vida. Minha amiga, então, me disse: “É possível um relacionamento dar certo”.
Sim, é possível.    

Mas será que estamos dispostos a investir em uma relação amorosa?
 
O mito do príncipe encantado não está mais na moda entre as mulheres, porém desconfio que elas continuem acreditando nele. Falando numa linguagem psicanalítica, trazem esse mito no inconsciente. 

As mulheres, hoje em dia, querem homens “estudados” (com formação acadêmica), sarados (de preferência com a barriga “tanquinho”), que tenham dinheiro para pagar as contas (um grupo pequeno concorda em dividir, embora praticamente todo nosso discurso seja feminista), que sejam empreendedores, parceiros na cozinha, na arrumação da casa, que sexualmente tenham desempenho cem por cento, que sejam amigos, companheiros, cúmplices e, sobretudo, que sejam capazes que aguentar a TPM (Tendência Para Matar? ou Manipular?)

Você, mulher moderna, espera esse homem. 
Quem não espera?

Mas a vida é feita de realidade.

E, de acordo com Fernando Pessoa, “a realidade é sempre mais ou menos”. Aquela senhora que viveu 65 anos em um relacionamento se deu conta da realidade. E a realidade é que vamos envelhecendo, o mercado não tem espaço para todos, a política econômica afeta nossa vida, a barriga cresce, a celulite aparece, o pinto cai. 

Dizem que depois dos quarenta a vida começa. Eu me pergunto: começa para o que e para quem? O corpo já demonstra sinais do tempo que se impõe tanto quanto a realidade. Dores que nunca sentíamos passamos a sentir, as rugas começam a aparecer. E as mulheres em nossa cultura que o digam, enquanto os homens são mais charmosos aos 50, a sensação que tenho é que as mulheres já estão com suas datas de validade vencidas (meu irmão mais novo sempre me lembra isso, será por quê? Faltam ainda 7 anos para eu chegar aos 50). Você também tem essa impressão?

Mas a realidade é que se impõe. E o príncipe encantado daquela senhora tinha suas limitações. Durante vinte anos ele necessitou ser cuidado. 
De verdade, quem hoje em sã consciência deseja viver uma história de amor assim?

Achamos linda essa história e tantas outras, até suspiramos ao ouvi-las, mas o homem que queremos tem que ter tantas qualidades...e, como diz uma amiga, deveria ter como montar esse homem. O meu ficaria com a inteligência do Leandro Karnal (Historiador, Doutor formado na USP), com a estabilidade de um funcionário público com um salário acima de 10.000 reais, e o corpo do Henry Cavill. E o seu?


Deixa eu voltar para a realidade. 


As pessoas são pessoas. O que quer dizer que nada pode ser perfeito. As pessoas sofrem dores físicas e emocionais, envelhecem, ficam desempregadas.
 A realidade é que lidar com gente é sofrer de alguma maneira; mas, mais do que isso, con-viver com gente é sofrer, com certeza. Talvez por isso escutemos tanto que é melhor cuidar de cães, gatos etc. Com o que eu, enquanto psicóloga, discordo completamente.

Por isso, eis a questão: Você quer mesmo um relacionamento?

 E mais: nesses dias em que o individualismo triunfa, quem quer e quem pode investir em um amor que dure a vida inteira?
Acreditamos que a vida sem compromisso é boa. Por vezes, pessoas casadas suspiram ao ver os solteiros com sua possibilidade de ir e vir; por vezes, os solteiros suspiram por alguém a quem se prender. Eterna insatisfação.

Entretanto, a verdade é que, para construir qualquer relacionamento, é necessário investimento. Significa ajustar agendas, gastar tempo em conhecer o outro, sua família, seus amigos, seu mundo, significa encontrar o caminho da flexibilidade, que não é fazer tudo o que o outro quer, mas é fazer também o que o outro quer; significa centrar-se no que a pessoa tem de valor, não desconsiderando suas dificuldades, sejam elas quais forem, mas olhando-a como pessoa, que como você e eu sofre as dores humanas. E pessoas são sempre problemáticas, em alguma área sempre vão precisar de reforma (Freud já dizia “todos são neuróticos”). Investimento significa abrir mão da idealização para a realidade. Significa ver o outro em sua necessidade. 

Relacionar-se é desenvolver a capacidade de se dar ao outro.

Então, esse papo de que não é necessário deixar de ser você por causa do outro guarda certos limites. Devemos guardar nossa essência e não negociá-la jamais, mas para construir uma história de amor é preciso sacrifício.
Por essas e outras, afirmo: relacionamento dá trabalho. É isso mesmo que você quer?





segunda-feira, junho 02, 2014



PERFECCIONISMO E A ESCOLHA DO PARCEIRO


Hoje quero compartilhar com você um um pouco sobre um dos vilões dos relacionamentos. 
O perfeccionismo. 
Vale considerar que não é apenas das relações amorosas. É vilão da vida, porque é capaz de roubar a tão gostosa alegria.

O perfeccionismo é aquela expectativa de que tudo tem que ser perfeito. Nenhum detalhe, por mais insignificante que seja, pode dar errado. Quem o possui se cobra o tempo todo. Não relaxa nunca. A musculatura da região dos seus ombros e pescoço está sempre tensa; afinal de contas, tenta carregar o mundo em suas costas.



O perfeccionismo é um desejo exacerbado por controle. A pessoa que o possui deseja controlar tudo e de forma tão precisa quanto os ponteiros de um relógio que trabalha bem.

Quem é perfeccionista acredita que para ser aceito tem que fazer tudo certo. Por essa razão, sofre muita ansiedade e angústia, podendo até desenvolver depressão, uma vez que a vida não pode o tempo todo estar com os ponteiros certos.

O perfeccionista não viverá no presente a possibilidade de ser feliz com o que tem, ele está no futuro, seu olhar é para sempre melhor, nada é suficiente, não é bom, nada será completo para ele. Sempre faltará alguma coisa.

O perfeccionista, na verdade, tem um problema sério com a realidade; afinal, quem não consegue avaliar que a vida não pode ser controlada, é porque desenvolveu uma visão deturpada de si mesmo e, consequentemente, da vida. E a realidade ignora e atropela quem a recusa. Ela se impõe de qualquer jeito.

Os teóricos da psicologia afirmam que perfeccionismo é baixa estima. Autoestima às avessas. Os dotados de baixa estima têm uma postura interna contra si mesmos. Isso é perfeitamente perceptível nos perfeccionistas, que não se permitem viver bem, ainda que a vida lhes tenha dado muitas coisas boas. Vive num inferno particular, onde se pune o tempo todo.

Agora, você imagina o que esse infeliz perfeccionismo pode fazer com uma pessoa, em se tratando de relacionamento amoroso?

Se o perfeccionista não tem clareza da realidade e ainda espera o melhor em tudo, quem o satisfará? Quem corresponderá a um padrão criado no mundo da fantasia, onde a realidade não é vista?

O perfeccionista é realmente uma pessoa intragável. Ele tem uma falsa autoimagem. Sofre da síndrome do primeiro lugar, e vive a ilusão de que ocupa um lugar onde nunca esteve.  Acredita ser melhor do que os outros, acima da média, e olha com desprezo (ainda que com os olhos internos) aqueles que não cabem em sua fôrma. Fôrma que não é terrena, acho que é de Marte, e só não tenho certeza porque ainda não fui lá.

Quando encontram um parceiro, logo desanimam. Diz do parceiro encontrado, ele é uma pessoa tão boa, mas (sempre o ''mas'') poderia ter a beleza de Brad Pitt, o dinheiro do sheik dos emirados árabes, a inteligência dos doutores da academia... e tantas outras coisas que só o perfeccionista fantasia.

Desculpem-me o exagero, mas o perfeccionismo é real, quem o tem certamente perderá a vida. Não será capaz de reconhecer as oportunidades quando elas chegarem, e as estragará com a sua régua do impossível. Não poderá ver a beleza de quem está perto. Não saberá quem é, porque está envolvido em ser quem e o que não é.

Sim, devemos ser exigentes na escolha do parceiro, é claro que devemos ter parâmetros para decidir sobre uma área tão importante. O primeiro texto desta série sobre relacionamento fala sobre questões para serem consideradas, mas, se a exigência for fruto do perfeccionismo, revista-se de muito cuidado, você poderá está assinando, no que compete aos relacionamentos, o atestado de óbito da sua felicidade.


Por isso, mais uma vez eu insisto: busque ajuda, se não conseguir se desvencilhar desse mal sozinho. A psicoterapia poderá ser um caminho.