quarta-feira, julho 19, 2017

No Big Brother da Vida


O menino que a mãe não queria que saísse porque era tarde, não obedeceu. 
Agora, com a fratura dos braços e a perna esquerda queimada pela queda no asfalto, gritava de dor no corredor de um hospital público. A mãe, lá estava sem saber o que fazer. Plano de saúde era um sonho não alcançado, e o que ganhava, mal dava para manter a casa. E o seu sofrimento era tão concreto, quanto o do seu filho acidentado.
O menino saiu do hospital depois de longa internação, e por dois meses ficaria de repouso. Sua mãe teria que deixar de trabalhar para ajudá-lo, mas, se assim ela fizesse eles passariam fome. Seu irmão mais novo, teria que se desdobrar para atender suas necessidades mais básicas, e o seu tempo para estudar ficaria escasso. O pai que não morava mais na mesma casa, teve que ser procurado para ajudar com os remédios, e a mãe, teve que submeter a angústia de lidar com seu ex-marido, que não gostava de ser incomodado.

A mãe e o irmão, não plantou aquela situação, mas o menino acidentado, com sua desobediência, semeou tempestade que atingiu a todos.

Por vezes, ficamos apalermados em colher o que outros plantaram, enquanto, descobrimos que nossas escolhas, também, se tornam colheitas para outros.

E no big brother da vida, vamos descobrindo que não somos meros expectadores, antes, somos participantes de um jogo, onde sonhos e projetos são plantados e desplantados, na colheita das sementes das vontades lançadas.


Eita papo furado, este tal de individualismo!