Viver sozinho é triste, mas a solidão a dois é abismo sem possibilidade de socorro. Estar ao lado de quem o coração não se encontra, é como gritar no vazio. E, tão esmagador quanto a solidão a dois, é a crença de que a vida é assim mesmo, e de que é preciso se acostumar. Espero que nenhum leitor meu esteja se perguntando, 'pra que conversar'?
Pra que conversar?
Conversar é partilhar da solidão a dois.
Para que falar desta dor que vai na minha alma?
É mentira o que as teorias falam.
Não há alívio, não há descanso ao falar.
A dor que se manifesta sangra.
Você me fala que a vida é assim mesmo,
Mas como continuar com o que eu não consigo suportar?
Diga-me, diga como, se não consigo suportar?
Pra que falar? As palavras soltas parecem mais pesadas, não
consigo andar.
É como se jogar no mar... é como retalhar o que já está
ferido.
Talvez haja paz no silêncio, talvez haja cura nas lágrimas,
Talvez haja descanso no esquecimento.
Talvez a fé brote de novo ao me calar frente a essa dor.
Talvez a alegria renasça das cinzas.
Talvez a esperança nos ajude a caminhar mais leve.
Você me fala que a vida é assim mesmo,
Mas como continuar se não consigo suportar?
Os dias passam e eu me pergunto,
Será que o sonho é impossível?
O silêncio do alto me incute medo,
O real esmaga, é fardo que não desata,
É fel que amarga a alma,
É solvente da doçura da minha alma
Que vejo escorrer pelos dedos do tempo.
Você me fala que a vida é assim mesmo,
Mas como continuar se não consigo suportar?
Diga-me, diga como, se não consigo suportar?
O silêncio, o vazio, a terra sem semente,
Quem sabe onde a vida vai brotar?
Você me fala que a vida é assim mesmo,
Mas como continuar se não consigo suportar?
Diga-me, diga como, se não consigo suportar?