segunda-feira, fevereiro 01, 2016

(Parte II)


Tudo aquilo que vem para a nossa vida e que nos desestabiliza pode gerar em nós a dor do luto. E infelizmente não é só diante da morte de uma pessoa querida que o experimentamos. Ele também pode nos visitar quando passamos por um fim de namoro, um divórcio, a perda de animais de estimação, mudança para uma outra cidade ou país, desemprego, doenças graves, estupro e tantas outras coisas.
Bom, conforme informado aos meus leitores, estarei, como já disse, buscando dar um olhar prático sobre esse assunto tão difícil. Minhas ideias sobre como vencer o luto é fruto da minha experiência ao perder o meu marido, das muitas leituras na psicologia e das conversas com meus pacientes e amigos. Certamente que ao lidar com algo dessa complexidade sei que não vou esgotar o assunto, talvez falte muita coisa, e quero deixar livre para que meus leitores façam suas críticas e sugestões.
É importante considerar que a morte é misteriosa demais... o que desejo é levar meus leitores a pensar que sempre podemos fazer alguma coisa que poderá tornar mais fácil a difícil caminhada de quem está passando pelo luto.
Hoje deixo o texto sobre as cinco fases do luto que encontrei em um site, que achei bem didática. Na minha opinião, pensar sobre a vida é algo que não podemos ignorar se queremos encontrar sossego para nossa alma. Embora a distância entre o que pensamos, sentimos e o que fazemos muitas vezes é imensa, eu creio que, quando começamos refletir sobre um assunto, então talvez temos aí uma possibilidade de encontrar caminhos para lidar com nossas dores, não digo certeza, porque o humano é rico em suas possibilidades, até mesmo em refletir contra ele mesmo, fazendo com que o pensar seja um instrumento para potencializar a dor e não amenizá-la.
A psiquiatra Elizabeth Kubler-Ross, ao trabalhar com pacientes terminais, percebeu que todos eles viviam uma reação psíquica que lhes era comum, durante o processo da doença até a culminação da morte. Ela observou que seus pacientes passavam por reações psicológicas bem claras, as quais ela denominou de as cinco fases do luto. Essas fases não seguem uma ordem fixa, sendo possível que a pessoa as vivencie em sequências diferentes, ou repetindo ou se fixando em uma delas, tudo depende da história e das possibilidades que abriga a vida de cada um.
Tem pessoas que podem levar meses ou anos vivenciando apenas quatro das cinco fases do lutos, num vai e vem interminável sem nunca chegar a quinta fase que é a fase da aceitação. Essas pessoas sofrerão muito e sustentarão um ambiente de muita tristeza para os que estão perto, dificultando assim também, o processo de luto de familiares e amigos. Outras pessoas paralisam em alguma fase sem ter avanços por muito tempo. Tem pessoas que conseguem prosseguir com a vida, e vencem mais rápido essas fases. E infelizmente é possível que pessoas nunca o vençam.
Por essa razão, apresento a vocês as cinco fases do luto, dessa brilhante psiquiatra, na esperança de que ao compreender o processo você possa encontrar caminhos, dentro das suas possibilidades de vencer a dor, e não ser vencido por ela. Busque identificar os seus pensamentos e ver em qual fase você está, o quanto vai e vem nas fases e se está estacionado em alguma. Caso identifique em que fase você está, ótimo! Quando sabemos onde estamos fica mais fácil decidir para onde ir, e até mesmo se queremos ir.
Segue as cinco fases do luto de Elisabeth kubler- Ross:


Primeira fase: negação
Nessa fase a pessoa nega a existência do problema ou situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tentar esquecê-la, não pensar nela ou ainda buscar provas ou argumentos de que ela não é a realidade.

Pensamentos
• “Isso não é verdade!”
• “Vai passar.”
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também.”

Comportamentos
• Buscar uma segunda opinião ou outras explicações para a questão.
• Continuar se comportando como antes (ignorando a situação).
• Não aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).

Segunda fase: raiva
Nessa fase a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorre. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente essas emoções são projetadas no ambiente externo; percebendo o mundo, os outros, Deus, etc. como causadores de seu sofrimento. A pessoa sente-se inconformada e vê a situação como uma injustiça.

Pensamentos
• “Por que eu?”
• “Isso não é justo!”
• “Por que fizeram isso comigo?”

Comportamentos
• Perde a calma quando fala sobre o assunto.
• Recusa-se a ouvir conselhos.
• Evita falar sobre o assunto.

Terceira Fase: negociação
Nessa fase busca-se fazer algum tipo de acordo de maneira que as coisas possam voltar a ser como antes. Essa negociação geralmente acontece dentro do próprio indivíduo ou às vezes voltada para a religiosidade. Promessas, pactos e outros similares são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo.
Pensamentos
• “Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”
• “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente)

Comportamentos
• Rezar e fazer um acordo com Deus.
• Buscar agradar (no caso de uma traição).
• Se alimentar com produtos light e diets para compensar os outros alimentos.

Quarta fase: depressão
Nessa fase ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É um momento e que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento.

Pensamentos
• “Não tenho capacidade para lidar com isso.”
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.”
• “Eu me odeio.”

Comportamentos
• Chorar.
• Afastar-se das pessoas.
• Comportar-se de maneira autodestrutiva.

Quinta fase: aceitação
Nessa fase percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.


Pensamentos
• “Não é o fim do mundo.”
• “Posso superar isto.”
• “Posso aprender com isto e melhorar.”

Comportamentos
• Buscar ajuda para resolver a situação.
• Conversar com outros sobre o assunto.
• Planejar estratégias para lidar com a questão.


Elisabeth Kübler-Ross

De modo lúdico esse vídeo mostra as cinco fases do luto; assistam, aprendam e divirtam-se com a girafa!