quarta-feira, abril 17, 2024

As estradas mudam quando a direção muda.

 

Em 2016, eu e Orlando nos casamos e moramos em Anápolis por 2 meses. Depois, fomos convidados para ir para Missão Vida em Cocalzinho, e lá ficamos por 5 meses. Em fevereiro de 2017, fomos para Goiânia, e lá ficamos por 2 anos e 4 meses. Convidados para ir para a Missão PRONASCE, aceitamos e ficamos por mais ou menos 3 anos. Em agosto deste ano, faz 2 anos que estamos em Querência. Nestes 8 anos de casados, já estamos na quinta cidade.

Destas mudanças, algumas não foram fáceis de fazer, outras, muito desejadas, outras, meu coração não compreendeu, mas o Orlando tinha certeza, então Deus me deu paz.

As estradas novas guardam seus desafios... Deixamos lugares que se tornaram familiares, jardins que cultivamos com carinho, pessoas que gostaríamos de levar, não só no peito. E para os novos lugares a que somos levados, eles se tornam familiares, novos jardins são iniciados com o mesmo carinho e conhecemos pessoas, as quais queremos para toda a vida.

Todavia, a vida tem o seu próprio tempo, e no seu compasso somos convidados a alinhar os passos, na certeza de que o Imutável é quem nos leva a trafegar nas estradas, para cumprirmos seus propósitos.

Nem sempre, as pessoas entendem. Muitos acham que deveríamos escolher um lugar para lá fixar a nossa casa. Às vezes, lá, no fundo, eu fico inclinada a concordar... Mas, quem é que pode mesmo traçar a sua própria agenda?1

O que sei é que não quero estradas que vão levar a tempestades desnecessárias, colocando muitas pessoas em risco. Não quero ser tragada por nenhuma baleia para ser vomitada na cidade que Deus quer me levar. Prefiro ir para Nínive a pegar o navio para Társis2.

Não é fácil quando as estradas mudam. Desmontar a casa, arrumar malas para depois montar de novo e desfazer as malas. É cansativo.

Contudo, há um rio de águas vivas que brota dentro da gente e por onde passamos há paz, há alegria, há novos encontros, há plantas nascendo, há pedras que são roladas, outras lapidadas. Este rio não seca, antes mata a nossa sede e a de todos que vamos encontrando pelo caminho. É algo lindo.

Não sei quando as estradas novamente vão mudar. O que sei é que não há outra vida que eu queira viver.

A Ele, toda gratidão por ter me escolhido.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga online

Referência:
1- Proverbio 20:24

2- Jonas 1-4

quinta-feira, abril 11, 2024

Quando o normal se torna tentação

 
                                                                                https://www.ccibbrasil.com.br/74-tentacao-tres-coisas-sobre-ela/

 Duas situações me incomodam: a primeira é quando vou entregar algo para um necessitado e as pessoas que doaram pedem para tirar foto. Sei que é um meio de transparência. Entendo as razões. A corrupção em nosso país tem raiz profunda. Os dias são maus, e cada vez mais pessoas se beneficiam de causas sociais. Todavia, fico pensando que se eu estivesse no lugar destas pessoas, não gostaria de ser exposta em minha necessidade.

A segunda, é quando sou obrigada a tirar fotos e postar o que faço para servir às pessoas em minhas redes sociais. Acho tudo muito cansativo e perigoso... Mas, o mundo virtual é uma realidade a qual não podemos negar. Temos que nele estar.

Tenho 52 anos, talvez, por ser de uma geração que conheceu a máquina de datilografia, ainda, dentro de mim, não encontrei um lugar confortável para tais práticas...

Porém, tenho certeza de que a maior parte deste desconforto nasce do que já sei de mim. Meu coração é geografia estranha, e nele, não posso confiar1. Ele pode me levar para longe de onde quero estar. E é tênue a linha que dividi a humildade sincera e minha tendência à vaidade. Sim, eu amo ser o centro da atenção, amo os elogios, amo os likes e os emojis que me dizem que sou especial. É claro que não acho errado receber atenção, elogios, likes e emojis. O problema é o que eles podem causar dentro de mim.

Nestes dias, em que a tentação de ser vista ficou alimentada por este mundo virtual, as palavras de Jesus me perturbam. Ele diz que não devo exercer a minha justiça diante dos homens para ser vista por eles, pois não terei galardão junto ao Pai celeste. Jesus também ensina que, ao dar esmola, não devo tocar trombeta como fazem os hipócritas, que buscam ser glorificados pelos homens, porque já terei recebido minha recompensa.  Jesus, ainda sobre este assunto, ensina que a mão esquerda deve ignorar o que faz direita, porque o Pai vê em secreto, e vai recompensar’2.

Sim, eu quero o que Deus me dará no futuro. Porém, agora, sei do desafio que carrego no peito.

O que me consola na minha inquietação, é a certeza de que ‘aquele que começou a boa obra em mim, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus’3.  Até lá, peço a Ele que me ajude a ficar alinhada com o coração do Pai.

Que eu jamais me esqueça de que cooperar no seu reino, só é possível a mim, porque Ele mesmo, em sua imensa graça, me escolheu, me capacita e me supri, para que eu possa servir aqueles a quem Ele ama.

A Ele, tão somente a Ele,  toda glória por nos amarmos tanto assim.

Roseli de Araújo

Escritora e psicóloga clínica online

  Contato: (62) 982385297

Referências: 

1. Jeremias 17:9

2. Mateus 6: 2-5

3. Filipenses 1:6





quinta-feira, abril 04, 2024

Histórias da minha avó Mariana.



Tem pessoas que são diferenciadas. Minha avó Mariana era uma delas. Ela tinha um riso solto e alto. Era maravilhoso vê-la contar a história de uma tia que tudo começa com é. Ela falava mais ou menos assim: émariana, ébom, éboatarde... Sempre que encontrávamos com a avó, eu e meus irmãos, pedíamos para contar esta história. Não sei se queríamos rir da tia, ou gargalhar com a avó.

Para ela, não havia pessoas estranhas. Minha mãe conta que, quando eu era criança, era como ela, mas os anos passaram e fiquei um pouco mais seletiva. Minha avó conservou sua criança viva. E aonde ia fazia amigos e era querida.

Quando se converteu ao evangelho, não perdia oportunidade de falar de Jesus. Desconfio que, até para o vento, pregava. Normalmente, os filhos passavam vergonha ao sair com ela, porque sem nenhuma cerimônia, abordava uma pessoa e logo começa falar um texto decorado (que infelizmente eu me esqueci), mas que falava de Jonas na barriga do peixe por 3 dias, e ele clamou e Deus o tirou, assim Jesus, no getsêmani, chorou lágrimas de sangue, foi crucificado, morrendo na cruz em nosso lugar. E assim que declamava o texto, convidava a pessoa para receber Jesus.

Certa vez, ela veio para Goiânia para consultar com um médico oftalmologista. Fui com ela tirar a guia, e quando chegamos lá, havia um tenente-coronel que dava a autorização. Enquanto esperávamos por ele, ela falou de Jesus para todos que estavam na sala de espera. Uns ouviam de bom grado, outros torciam o rosto, mas a avó continuava, como se nada tivesse acontecido. Quando o tenente veio até a porta chamá-la, todo educado, ela olhou bem para ele, passou a mão em seu rosto e disse: meu filho, como você é lindo (e era mesmo), Jesus te ama. E citou o texto decorado. Vi quando aquele homem, imponente em seu uniforme, não conseguiu conter as lágrimas. Ele a conduzia para sua sala, e depois ela me contou que ele pediu oração e agradeceu.

Eu a achava muito divertida, e creio que a maioria dos netos. Hoje, sei que não perdeu a criança dentro dela.

Certa vez, ‘os discípulos de Jesus perguntaram para ele quem era o maior no reino dos céus, e Jesus, chamando uma criança, a colocou no meio deles, e respondeu: eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos Céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome está me recebendo’1.

Minha avó se converteu. Ela se humilhou ao ouvir a voz de Jesus. Ela creu que Ele era o seu salvador. Ela era uma criança linda.

Quando penso nela, lágrimas caem em meu rosto, enquanto meu coração sorri. Quero, como ela, anunciar a Jesus até para o vento.

E por falar... Você quer conhecer a Jesus? Ou, você quer pregar até para o vento?

Roseli de Araújo

Psicóloga e Escritora.

Referência:

1.        Mateus 18:1-4