sexta-feira, julho 20, 2018

As crônicas da academia -Meu segundo dia no CT Skill Box


Naquela manhã, ao sair para academia fui pensando que só mesmo um milagre me levaria até lá, pois até conversar parecia uma missão complicada.
Cogitei que talvez houvesse algo mais fácil do que o treino funcional de alta intensidade, afinal, onde eu estava com a cabeça ao decidir buscar um exercício considerado tão pesado, estando tão sem energia física?
Nessa luta íntima cheguei na academia, acompanhada pelo meu filho Arlen, quem me indicou a Skill Box.
           Hugo, o coach (que hoje já não trabalha mais na Skill), começou a aula com seu jeito animado, entretanto, o meu desejo era voltar para casa. Tal era o meu cansaço físico que achei a primeira etapa do treino, chamada “warm up de preparação, tão difícil quanto a última etapa, o “WOD”, a qual é considerada a mais difícil. 
         E, para piorar ainda mais minha sensação de que não daria conta de nada, um exercício simples de equilíbrio, em que apoiamos o corpo em uma perna levemente flexionada, enquanto a outra é balançada, me irritou muito. Sem conseguir equilibrar, tive que colocar o pé no chão a cada movimento, e fiquei desconcertada com a descoberta de que a minha falta de equilíbrio era muito mais séria do que eu podia imaginar...
Já muito chateada comigo por não conseguir acompanhar o treino, brigava contra o diálogo que se instalou dentro de mim sem nenhum otimismo. O que eu estava fazendo? Por que havia escolhido um desafio tão grande estando deprimida? Não seria aquela atividade física para pessoas mais jovens do que eu?
Nesta altura do treino já estava com a sensação de exaustão, e o estômago embrulhado. Tentei me concentrar no objetivo que tinha de encontrar a leveza da alegria perdida, e briguei tentando argumentar com todos aqueles pensamentos que eu estava ali para vencer aquele gigante da depressão.
Quase vencida, fui até o bebedouro, embora não estava com sede, precisava fazer uma pausa. Foi quando o Pedro, também coach, se aproximou de mim e disse ter tido muitas dificuldade com certos exercícios no início. Parecendo ter lido meus pensamentos, olhou-me com seus olhos verdes tranquilos e falou ‘não se preocupe, faz o que der conta, e logo conseguirá acompanhar o treino'.
Não sei se ele conseguiu ler em minha face a angústia de não acompanhar o treino, o que sei é que suas palavras me fortaleceram para o meu propósito de encontrar a alegria novamente. Elas foram como flechas de ânimo ao meu coração. Pensei, ele tem razão, estou no meu segundo dia. E mesmo exausta fisicamente, com a sensação da missão ser impossível, relembrei o que já sabia, a depressão é bruxa a roubar os bons sentimentos. Então repeti o restante da aula, ‘eu posso tentar’.
Com uma certa alegria, vi a bruxa má da depressão perder o segundo round para mim naquela semana, no momento que confrontei com otimismo a visão negativa que ela me impunha. Afinal, eu sabia do que vivia, e estar na academia já era uma grande vitória.
Sei que a depressão costuma ser muito presente nas manhãs, porém, nessa sexta feira, confronte-a. Não aceite ela roubar nada de você. Se não estiver conseguindo sozinho, deixe o orgulho e a vergonha de lado e vá em busca de ajuda. Não desista da sua vida, ela é o maior presente que já recebeu.
  Agora, se está pensando que é velha (o) demais, que bobagem! Não aceite está cultura burra que o mundo é dos mais jovens. É claro que tem certas coisas que é mais fácil para eles por causa da idade em que estão, porém, isto não significa que só eles dão conta. Diga a você, ‘eu posso tentar’.
E verá que é muito mais forte do que pensa que é. E o mural da CT Skill Box do dia 18.07.2018, fará  todo o sentido para você.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Contatos: 62 982385297