quarta-feira, outubro 12, 2022

O silêncio que assombra


Eu me sento, mas não tranquilamente. Percebo nos sons que me rondam uma opressão. Sobre ou dentro do peito? Não sei bem.

Carros lá fora, geladeira a tinir um ruído constante, pássaros cantando do outro lado da casa, uma mosca zumbindo a perturbar, a moto passando, um caminhão a frear...

Dentro de mim a urgência, ainda que eu não tenha compromisso com hora marcada.

Pensamentos vem... há tanta coisa a fazer e o relógio parece correr sem preocupar-se em deixar-me para trás.

Ao lado, o telefone, portão amado e cúmplice das minhas fugas, a me convidar ao vasto mundo que entro através dele. Digo não!

Quero ouvir o barulho que só se escuta no silêncio, e abraçar a calma que posso encontrar no Espírito que habita em mim.

Volto para dentro. Encontro agora o coração mais livre da pressa que o instiga a fazer, fazer e fazer, a se confortar, no momento do agora.

E me lembro das palavras de Jesus, ‘observai os pássaros, observai os lírios’, e me dou conta que a vida não é hoje, a vida é agora.

Li pela manhã um post que diz que o professor se cala durante a prova, e está é minha sensação diante das ansiedades que me sobrecarregam. Como o silêncio de Deus parece assombroso, penso.

 Mas, sei que Deus vai abaixando seu tom até o silêncio diante de mim, como alguém com calma, vai falando cada vez mais baixo diante de quem grita.

Neste instante, sei que preciso mais uma vez ponderar a partir do silêncio que fala mais do que 10 mil palavras. Deixar a consciência se tornar mais consciente. E provar do jugo suave e do fardo leve daquele que habita em mim.