quarta-feira, dezembro 12, 2018

Solidão – Eu preciso de você



Muitas teorias afirmam que os seres humanos são sociais. Desde o seu nascimento carece de mãos e olhares, trazendo em sua genética a necessidade de companhia. E não é por acaso que até hoje o maior castigo imposto no sistema carcerário é o isolamento na solitária. Nada mais terrível do que viver o silêncio, não só das palavras, mas do toque, de não ser visto e não ver.
A solidão pode matar aos poucos, nos tornando suscetíveis, principalmente depois dos 50 anos a pressão alta, baixa imunidade, depressão e perda da qualidade do sono.1
Portanto, a solidão a qual vou tratar, não é aquela em que nós escolhemos estar só, seja porque precisamos descansar ou produzir algo. Neste caso, a solidão é apenas a pausa temporária da presença humana, a qual é necessária em muitos momentos. Mas, daquele sentimento de não fazer parte da vida de ninguém e de nenhum lugar, da falta de pertencimento, do falar ao vento, do vazio de não ser aceito e de não acolher o outro. Da dor produzida pela certeza de que não adianta falar porque o outro não vai compreender.
Martin Buber nos fala da importância do encontro. Daquela experiência indescritível que vivenciamos ao estarmos ao lado de alguém, seja conversando ou não, e ter a certeza de que estivemos juntos. Entre nós ocorreu o que não podemos explicar com palavras, mas sabemos que vivenciamos porque os nossos sentidos apreenderam o outro e outro nos capturou.
Quando vivemos e não passamos pela experiência do encontro, entramos e saímos dos lugares sem fazer contato. Porém, o contato é a chave que pode nos levar ou não ao vínculo que precisamos fazer para pertencer. Sem os vínculos perecemos, uma vez que precisamos de relações profundas em que as nossas almas se abracem num abraço que dure.
Sem estar com outro e ele conosco, perdemos nossa identidade e razão de ser. Mas, nem sempre nos damos conta desta realidade. A nós foi vendida a ideia de que ter é mais importante do que ser, portanto, aprendemos a valorizar as coisas mais do que as pessoas. O que é a maior tragédia vivida em nosso tempo.
Então, cuidado. Avalie seus valores. Precisamos das pessoas mais do que qualquer outra coisa. Acredite!
Roseli de Aráujo
Psicóloga clínica
Referência:
1. https://super.abril.com.br/ciencia/solidao-mata/