quarta-feira, setembro 19, 2018

Sou quem eu quero ser? Você tem coragem de olhar no espelho?



Ser quem eu quero ser não é tarefa fácil.
Acredito que para isto é necessário identificar em qual fase do desenvolvimento humano estamos para conhecermos quais são as possibilidades e desafios da nossa fase.
Entretanto, o maior desafio que temos ao conhecer o desenvolvimento humano é a auto avaliação.
            Avaliar-se exige coragem.
Para isto é preciso fazer algumas perguntas certas, para chegarmos onde queremos. Dentre elas, é crucial responder a si mesmo: Sou até aqui quem eu quero ser? Desenvolvi minhas oportunidades, venci os desafios de cada fase?
Sabemos que a vida adulta é tempo de transformações e construções. Portanto, devemos responder as seguintes perguntas: Abandonei o pensamento mágico de criança e adolescente? Fui me tornando livre e ao mesmo tempo responsável pela minha vida? Adquiri flexibilidade para lidar com a realidade?
Do adulto se espera a construção da sua própria vida. Ele tem que fazer suas escolhas e arcar com elas.
Para quem está na meia idade é tempo de colheita e balanço da vida vivida, entretanto é necessário ter as respostas das seguintes perguntas: Estou a lamentar o que não fiz? Sinto-me velho demais para alcançar quem eu quero ser. Espera-se colher frutos do que foi plantado e capacidade de se reinventar no que é possível.
Para a terceira idade, tempo de viver o resultado de tudo que foi colhido. Faz-se essencial perguntar: Como cheguei até aqui? Estou concordando que não sou mais capaz de tomar minhas decisões? Estou vivendo sem autonomia? Não existe mais nada a fazer?
Da terceira idade se espera lidar com a morte não como inimiga, aceitar as mudanças físicas, ser autônomo no que é possível. Pessoalmente creio que também é tempo de se reinventar.   
Em todas as fases o que temos em comum é o tempo presente. E a todos nós cabe a resposta do que vamos fazer com a vida que nos foi imposta.
Bronnie Ware enfermeira australiana, ao lidar com pacientes terminais em suas últimas semanas de vida, listou cinco arrependimentos mais comuns entre os que estão no leito de morte.
 O primeiro pesar deles foi não terem tido a coragem de viver uma vida fiel a eles mesmos; Segundo, lamentaram o tempo excessivo gasto com o trabalho, ficando pouco com suas famílias; Terceiro arrependimento foi o medo de não terem agradado pais, irmãos, amigos, cônjuges, deixando assim de expressar seus sentimentos com o objetivo de manter a paz em suas relações e ao fazer isto deixaram de alcançar muito do que eles eram capazes; Quarto, não cultivaram os bons amigos por não conseguirem administrar o tempo em suas vidas; Quinto, viveram a angústia de não terem percebido que a felicidade é uma escolha, portanto, presos em velhos padrões e hábitos não se deixaram ser mais felizes.
Estes arrependimentos nos apontam caminhos. Afinal, o humano não é marinheiro solitário neste barco lançado ao mar que é a vida, como tantas vezes nos imaginamos.
Sofremos as mesmas coisas e podemos aprender com estes pacientes terminais. Eles se arrependeram de não viver o que desejaram, de não cultivar os relacionamentos que lhe eram caros, de tentar agradar os outros o tempo todo, de não assumirem a responsabilidade pela construção da sua felicidade, e por ter-se importado demais com as opiniões das pessoas a seu respeito.
Penso que respeitar pais, filhos, esposos (as), amigos, enfim as pessoas que cruzamos ao longo da vida é fundamental. Existe uma ética que precisa ser respeitada na relação com outro, porém, quando nunca nos damos o direito de expressar nossas vontades e de vivê-las, adoecemos porque deixamos de exercer algo que é  inerente a natureza humana: A capacidade de escolher.
Escolher é complexo. É preciso assumir a liberdade e a responsabilidade pelas escolhas.  E não conseguem lidar com a angústia de não saber onde suas escolhas o levarão.
Contudo, para ser quem eu quero ser é preciso coragem para assumir a liberdade de escolher.
Por isto, tenha coragem de se avaliar. A dor que se sente não é maior do que a liberdade que se conquista.
Talvez, ao encontrar as respostas para suas perguntas, descubra que é tempo de ser o que é e o que deseja, ainda que tenha só mais alguns minutos.
Creio que o humano pode se tornar quem ele quer ser em qualquer fase da sua vida. E você?
Estarei de agora em diante trazendo reflexões e sugestões que poderão ajudá-lo a tomar nas mãos a sua própria vida.
Semana que vem aguardo você.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica