quarta-feira, novembro 14, 2018

Sou quem eu quero ser? - O que eu vejo no espelho?



Olhe-se no espelho calmante. Veja o seu rosto e corpo. O que gosta em você? O que lhe provoca vontade de não se ver?
Atualmente a perfeição do corpo é exigida. A beleza é vendida como mercadoria. Herdamos da cultura grega a ideia do corpo perfeito e atualmente as academias só não estão mais lotadas no Brasil por causa da crise econômica. Portanto, diante de um padrão tão elevado de beleza nasce a insatisfação com o corpo. As mulheres tendem a ser mais infeliz com a imagem corporal do que os homens, embora o número de homens preocupados com a beleza cresça a cada dia1. 


A indústria da estética vende mais sonhos do que realidade, mas bombardeados pela mídia, passamos a desejar o corpo perfeito. Para tê-lo compramos mais e mais produtos, fazemos plásticas e tantos outros tratamentos estéticos. E como a “perfeição” é inatingível ficamos frustrados com o espelho. Afinal, nada é maior que a força do tempo.



Do ponto de vista psicológico é preciso aprender gostar do corpo que recebeu, seja sua silhueta em 8, X, A, V, H ou O2. E não existe a possibilidade de ser quem deseja ser se não estiver bem com o corpo em que habita. Podemos tentar negar as marcas de nascença, o biótipo, a altura, contudo, quem não se aceita jamais será quem deseja ser. Quem não acolhe em si o que não pode ser mudado será carrasco de si mesmo pela vida afora. Não terá folga da tristeza de não ser.
Assusto-me com as pessoas já saradas na academia dizendo que precisam perder mais peso, ou ganhar mais massa muscular, ou, ou, ou...
É triste quando elogiamos uma pessoa e ao invés de receber com alegria a observação simpática e sincera que lhe fazemos, nos aponta o que julga ser defeito em seu corpo. A verdade é que muitas vezes as pessoas estão tão descontentes com sua imagem que não acreditam nos elogios que recebem. É dramático!
É o cabelo que é pouco ou muito, os dentes que são tortos, as sobrancelhas que tem que ficar no padrão da moda (o que acho estranho demais), é a cor do cabelo que é feia, são os olhos azuis e verdes que são mais bonitos, é o peito caído, grande ou pequeno, é quadril largo, quadrado, é a falta de cintura, é o nariz grande demais, é, é, é... Diante da busca pela perfeição, o espelho tão amado se torna juiz injusto a sentenciar a falta, ainda que haja muita beleza. Que tremenda escravidão!
A tragédia da insatisfação causada pelo modelo imposto de beleza é a padronização da percepção humana, quando esta é diferente de uma pessoa para outra, assim como as digitais. Isto significa que ninguém vê uma pessoa do mesmo jeito. Aquela que você acha feia, eu posso ver beleza, e a que considera bela, eu posso achar sem nenhum atrativo.
Portanto, é mentira que o “belo” é uniforme, o “bonito” tem um só molde, que o “lindo” é o que a publicidade vende.
Então, olhe novamente para você. Jamais deixe o espelho se tornar advogado de acusação. Busque aprender a gosta do seu corpo e aceite-se. Faça mudanças possíveis se assim desejar, contudo, sem nunca se esquecer de agradecer. “É o corpo o instrumento que nos permite compor e executar a música original, exclusiva, de quem somos, nesta grande orquestra que é a existência”3. 
A beleza verdadeira está no quanto você se aceita como é. Acredite.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Referência:
2.       Livro: 50 regras de ouro para aprimorar seu estilo. Autora:  Cristina Cordula
3.       Livro: Ser crente, ser humano. Autora: Roseli de Araújo