sábado, agosto 29, 2020

Vendo Jesus em Marcos – Que estranha identidade

 


Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galiléia, proclamando as boas novas de Deus.
 “O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!” (
Marcos 1:14,15)

Não misturando o velho com o novo. Jesus espera o fim do ministério de João, e só dá inicio ao seu, após a prisão dele.

Para Jesus, João Batista era o último representante da lei e dos profetas1, porém, agora, Jesus vem para inaugurar um novo ciclo, uma nova era.

Sem hesitar quanto a sua hora, começa dizendo que o “tempo é chegado”, em outras traduções, “o tempo é cumprido”. Ressaltando, que as profecias a respeito da sua vinda já estavam em andamento. Como já foi dito, Ele, sendo Deus, tinha assumido a forma humana e estava vivendo com os seres humanos e como eles. Agora, porém, era o momento de tornar publica a sua identidade e propósito.

Eis o grande mistério que cerca a sua vinda: Cem por cento Deus e cem por cento homem, Ele possui uma identidade a qual é única em todo o universo.

Seu propósito é anunciar o Reino de Deus, o seu Reino. Ao dizer que o “Reino de Deus está próximo” nos revela que não só tinha uma mensagem, objetivo e propósito. Ele mesmo era a mensagem, o objetivo e o propósito. Por estar entre nós, o seu Reino, agora, é uma realidade que pode ser conhecida por nós.

Para entrar no Reino que está próximo, Jesus diz que o passaporte é o “arrependimento e o crer nas boas notícias”.

Mas, do que devemos nos arrepender?

Para responder a esta pergunta, precisamos ir a João quando este nos relata o diálogo de Jesus com os judeus que não criam na sua identidade. Para estes, Jesus diz: Vocês são aqui de baixo eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo; eu não sou deste mundo. Eu lhes disse que vocês morrerão em seus pecados. Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados.2 Aqui compreendemos que o arrependimento que devemos experimentar passa pela consciência da sua identidade. Aqueles judeus não creram em quem Ele afirmava ser, não podendo ver o Reino de Deus que estava próximo.

As boas notícias que devemos crer é que Ele – o Deus que se fez homem – veio a este mundo para nos dar a oportunidade de desfrutarmos do seu Reino. Logo, o maior pecado que abrigamos é o de não crermos em quem Ele é.

Sua identidade e propósito é assunto complexo. A lógica humana não é suficiente. Sem a fé, não é possível ver o Deus que se fez Homem.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga

Referência:

1.Mateus 11: 11-13

2. João 8:23,24.

sexta-feira, agosto 21, 2020

Série - Lendo Marcos para ver Jesus – Jesus aceita o bolo


Jesus, em um momento transcendental maravilhoso, onde ouve Deus, o Pai, lhe falar do seu prazer em se relacionar com Ele, é levado para um lugar de difícil habitação, o deserto. Lá, fica por 40 dias em jejum, cercado de animais selvagens, e no término destes dias, ainda recebe a inoportuna visita do inimigo, que lhe apronta ciladas para o ver cair1.

E Jesus transita entre a experiência do sagrado e a do deserto sem se perturbar. Do momento maravilhoso para o desagradável, os evangelhos não têm registros de nenhuma palavra, tais como: “eu sou cara” ou “ nossa o que eu fiz para merecer isto”. Considerando que eram situações peculiares e capazes de provocar muita euforia ou desespero, a impressão que fica é que Jesus passou por elas com um equilíbrio emocional, não comum aos seres humanos.

Se eu estivesse em seu lugar seguramente ficaria confusa em passar pela experiência maravilhosa de receber o Espírito Santo, ouvir Deus Pai e logo após ser levada para uma experiência de sofrimento, em um lugar difícil e com o inimigo aprontando situações para que eu viesse a cair.

Por isto, vendo Jesus, perguntas brotam, o que o fez não se ensoberbecer? Quem falava com Ele era o Deus Pai, e suas palavras foram sobre a alegria que sentia por Ele. Nós, se vivermos uma experiência bem menos relevante do que esta, com certeza vamos pensar, ‘eu sou o cara’! Se percebermos que agradamos, passamos a crer que o mundo ganha em nos ter. Sabemos que a humildade não é decoração natural nos seres humanos. Para adquiri-la é sempre muito anos de jornada e muitas quebras da alma.

Por outro lado, o que o fez não reclamar do deserto, dos animais, do inimigo? O que o fez não se apavorar com o sofrimento? Sendo este sempre o lugar das perguntas complexas sobre a existência, para o ser humano.

 Diante do não compreendido, esbravejamos; Somos dominados pela ansiedade diante da falta de controle do futuro; Não aceitamos colheitas de frutos ruins quando temos certeza de não termos semeado.

Não sei você, mas eu não quero ser levada para o deserto e nem para a presença de inimigos. Amo a vida e espero que ela seja um bolo pronto onde eu possa desfrutar apenas o chantilly, o açúcar de confeiteiro, o recheio de chocolate. Nada de bater a massa. Ser batido dói.

Porém,Jesus aceita o bolo da vida, completo. Vive o momento do êxtase tanto quanto o momento do deserto. Aceita com alegria, sem pretensão, ser reconhecido, e, também aceita ser batido e passado pelo calor do fogo, sem murmuração.

Estas experiências acorrem com Ele antes de escolher seu time de trabalho, os doze discípulos. Elas nos falam que Jesus está pronto para começar sua jornada pública. Ele vai viver momentos de glória, onde vai curar, libertar e ser aclamado pelo povo. Contudo, vai enfrentar a dureza dos corações, a incredulidade. Não lhe faltará inimigos, será perseguido e traído.

Olhando-o de perto, desejo muito aprender com Jesus aceitar o bolo da vida completo, pois ele é massa feita de risos e lágrimas.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga

quarta-feira, agosto 12, 2020

Série - Vendo Jesus em Marcos – Jesus, o super herói inverso 2


 


Marcos 1:1-8

1 Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.2 Conforme está escrito no profeta Isaías: "Enviarei à tua frente o meu mensageiro; ele preparará o teu caminho"—3 "voz do que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele’ ".4 Assim surgiu João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados.5 A ele vinha toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém. Confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.6 João vestia roupas feitas de pêlos de camelo, usava um cinto de couro e comia gafanhotos e mel silvestre.7 E esta era a sua mensagem: "Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias.

8 Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo".

 

João Batista ao ver Jesus sabe que Ele é Aquele o qual anuncia, e tem consciência de não ser “digno de desata-lhe as correias das sandálias7”, o que nesta cultura, era trabalho obrigatório aos escravos em relação aos seus senhores.

É importante ressaltar que João Batista não era um homem qualquer. Ele foi reconhecido como porta voz de Deus pela nação de Israel, após um período de 400 anos, sem nenhuma profecia. Pessoas de toda Judéia iam até ele e ao ouvi-lo, confessavam seus pecados e eram por ele batizados nas águas

Agora João nos diz que Jesus nos batizaria com o Espírito Santo. Se em João as pessoas reconheciam a presença de Deus, agora, era o próprio Deus que eles iriam ver, ainda que desfigurado da sua forma original, pois ao se fazer homem, Jesus “se esvaziou de si mesmo e assumiu forma de servo”2.

João tinha como missão anunciar a vinda do messias prometido, que seria poderoso e batizaria com o Espírito Santo. Ao ver Jesus reconhece ser Ele o esperado. Diante dele, João não se sentiu digno de batizá-lo.  João estava certo, ele não era. Ninguém é. Afinal, é o Poderoso Deus que vinha para ser batizado. O inimaginável acontecia: Jesus-Deus assume a forma da sua criação, agora, também é Jesus-Homem, e como homem se deixa batizar por João Batista.

Israel esperava um messias que usasse do seu poder para subjugar o império romano, como foi nos dias do Rei Davi, quando este conquistou todas as nações a sua volta. Jesus, porém, veio anunciar o seu reino, cuja força esta no amor demonstrado em sua entrega ao ser crucificado, saldando assim o preço do pecado do mundo inteiro4.

Tendo Ele poder sobre a natureza, o tempo, a morte e a vida, se fez servo. Quem poderia compreender esse herói inverso? Sendo Deus, Ele podia e pode fazer qualquer coisa. Contudo, decidiu se fazer servo, para servir gente como eu e você.

João Batista não o compreendeu totalmente, eu tampouco o compreendo. O que sei é que o seu movimento em se esvaziar de si mesmo e assumir a forma humana para ser servir pessoas como a mim, constrange-me. Vejo em Jesus que há outra lógica para se conhecer e viver. Então, leio Marcos para vê-lo, e você?

Roseli de Araújo

Psicóloga e escritora

Referência:

1.     João 1:7;

2.     Filipenses 2:7;

3.     Mateus 3:15;

4.     IJoão 2:2;

 

 

quarta-feira, agosto 05, 2020

Série – Vendo Jesus em Marcos – Jesus, super herói?


Olá amigos do blog, eu retorno hoje com esta série sobre a pessoa de Jesus Cristo. Toda quarta, estarei postando um texto.
Enquanto leio o livro de Marcos, me dou conta que o Jesus deste Evangelho guarda uma beleza e um mistério. Sua beleza, aos meus olhos, esta no fato de ser alguém que se importou de verdade com os seres humanos; Seu mistério está na sua afirmação de que Ele é Deus que se fez homem. O livro de Marcos me levou a uma viagem que estarei compartilhando com vocês.  Para melhor compreensão, no início de cada texto, estará o texto bíblico.
Se quiser saber como está sendo a viagem, vai ser bom ter a sua companhia.
Marcos 1:1-8
1 Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.2 Conforme está escrito no profeta Isaías: "Enviarei a tua frente o meu mensageiro; ele preparará o teu caminho3. “Voz do que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele’ ".4 Assim surgiu João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados.5 A ele vinha toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém. Confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.6 João vestia roupas feitas de pêlos de camelo, usava um cinto de couro e comia gafanhotos e mel silvestre.7 E esta era a sua mensagem: "Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias.
8  Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo".

Fiquei pensando, assistindo aos vingadores que a forma que Jesus veio a este mundo é tão espetacular ou mais do que os efeitos especiais de qualquer filme de super heróis, só que de um jeito inverso. Deixe-me explicar.
Os super-heróis da TV são conhecidos por manifestar todo o poder que possuem e não por desconsiderá-lo. Jesus, ao contrário, sendo Deus, não usou do seu poder para se tornar conhecido pelos homens. Antes, diz Paulo em Filipenses, Ele assumiu forma de servo, se tornou humano, se humilhou e foi obediente até a morte e morte de Cruz. Algo realmente inimaginável para qualquer mente humana.
É claro que Ele, depois que venceu a morte, foi exaltado e recebeu o nome que está acima de todo nome, tornando-se o mais poderoso, a quem todo joelho se dobrará1, até os criadores dos amados super-heróis.
Para completar a história, Ele escolheu como estratégia de marketing, antes de sua chegada, o peculiar João Batista, que vestia peles de camelo e comia gafanhoto e mel silvestre, para anunciar no deserto (um lugar nada promissor) a sua vinda a esse planeta. É mesmo um filme sem precedentes. Contudo, foi assim realizado o anúncio deste Deus que se fez homem.
Ele veio inaugurar um reino, cujos valores só podem ser compreendidos e vividos, por aqueles que já receberam a revelação de que Ele é o Senhor da história.
E os que nele creram, já estão de joelhos dobrados, confessando-o como o Senhor de suas vidas. Eles sabem que nenhum super-herói criado em nossos filmes de ficção podem superar o seu imenso e eterno poder.
A Ele toda honra e toda glória.

Roseli de Araújo
Escritora e Psicóloga

Referência:
1.    Filipenses 2:10;
2.    Evangelho de João 1:12.