Estou
tentando escrever hoje, busco um tema... mas a inspiração parece brincar de
pique-esconde... e eu confesso que não estou gostando dessa brincadeira nem um
pouco.
E para
atraí-la - a inspiração -, corro atrás dos meus pensamentos...
E me peguei
pensando o quanto é ruim quando queremos muito algo e não conseguimos.
Como a chave
do carro que perdemos bem na hora de irmos para o trabalho, e ainda por cima
estamos atrasados;
Como aquele
transporte perdido, frente ao desejo de ir tanto aquele lugar;
Como aquele
dinheiro de que tanto precisamos para pagar as contas, mas que guardamos e não
sabemos onde;
Como aquela
conversa que ficou suspensa, mesmo sendo tão necessária;
Como aquele
silêncio que era preciso manter, mas não conseguimos conter a língua;
Como aquele
olhar que buscamos, mas que se perde do encontro;
Como aquela
vontade de lutar, mas o cansaço não permite;
Como o
desejo de abraçar, mas cruzamos os braços frente ao vazio de quem confiar;
Como aquele
desejo de um colo pra nos aconchegarmos na dor, mas ele parece existir apenas
nas canções de ninar;
Como aquela
noite que gostaríamos que fosse abreviada para vermos o sol raiar, mas ela já
se instalou em nossa história sem data de despedida;
Como aquele
curso tão esperado que agora chegou, mas nos encontramos tão desanimados...
Como aquela
pergunta que fizemos ao Sagrado, e cuja resposta parece ter ido para um outro
endereço;
Ah... são tantas
coisas... que até corremos o risco de desesperar...
Mas nesses
momentos que chegam sem nenhuma educação de avisar,
O melhor é sentar
sozinho,
Respirar...
calmamente...
calmamente...
Repetir a
respiração...
calmamente... ...
calmamente... ...
...abrir a
janela da casa para quem sabe assim abrir a da alma... ou ir a algum lugar
aberto onde se possa sentir o vento... e
deixar o tempo correr sobre o que se espera.
Percebendo
que em toda frustração que se apresenta, seja ela grande ou pequena, o tempo
gasto é sempre tempo ganho.
E ao
descobrir que sim, temos tempo, quem sabe a calma que tanto ansiamos nos envolva
no mais terno abraço, dando o tão sonhado colo, à nossa alma cansada de escutar
que ela não tem mais tempo.
Uai, parece
que a inspiração chegou! J