Ser feliz é mais que encontrar um
amor, ser feliz é encontrar a Vida que está na vida que vivemos todo dia. Mário
Quintana diz que ‘Quantas vezes a gente, em busca
da ventura, procede tal e qual o avozinho
infeliz: Em vão, por toda parte, os óculos procura.Tendo-os na ponta do nariz!’. Ser feliz é antes de
tudo reconhecer o que se tem. Por essa razão não se deve permitir ser roubado.
Não se deve permitir não ter alegria no que por si só é alegria no mais puro
sentido de ser. É preciso olhar para si mesmo e reconhecer o que se tem de bom.
Parar de se lamentar. Ordenar a sua própria alma a olhar para o que se tem. Não
se permitir viver como se alegria fosse um néctar mágico. Ela pode ser construída
na medida em que é reconhecida a vida recebida com suas belezas, dores, cores e
amores. Ser feliz é mais do que ter um relacionamento isolado, é a soma de
relações que se formam no decorrer da vida. Ser feliz é ser capaz de estar
satisfeito como que se tem. O corpo, mesmo imperfeito, ou morrendo, é o que
permite transitar nesse imenso mundo. É o que aguenta a alma por vezes saturada
de tanta cobrança. Ser feliz é difícil, sim, porque aprendemos que carecemos
ter mais do que de fato precisamos. E neste mundo do espetáculo, dos ídolos, do
show, aprendemos que o que é cotidiano é sem graça, é triste. Triste engano no
qual caímos. Perdemos a vida que se faz todo dia.