quarta-feira, agosto 30, 2017

Visitar

Visitar. Não é mais um comportamento comum aos moradores do século 21. Estamos todos atarefados demais. E, ainda que desempregados, ou de férias, nos empanturramos do fazer, afinal, nos incomoda quando o tempo sobra.

Visitar. Só quando alguém adoece ou morre. Temos que ir. E, descobrimos que a ponte que me leva ao outro, mesmo diante dele, perdida ficou no tempo que não tivemos juntos. 

Tentamos não sentir nada... Ainda que alguma coisa brote, nos lembrando a saudade do tempo não gasto.

É que visitar inquieta a alma diante da saudade do tempo não gasto. E,  lá no fundo, bem no fundo de nós mesmos, lamentamos a distância do outro, ao percebermos que no encontro, a alma se alegra da alegria escassa.  


É que no visitar o conhecido é visto. E neste gesto tão simples, de cortesia rara, a afeição de graça, nasce, no outro, que está em nós,
fazendo com que a vida corra como uma menina feliz.

Nos poucos momentos que consigo transpor a ilha em que estou, me pergunto: Será que posso? Não irei incomodar? Qual a melhor hora? Seria melhor marcar o encontro em um outro lugar?

Concordo com meus companheiros do século 21. Visitar, não é mais tarefa fácil. Mas, é urgente! 

Vamos meus amigos, enquanto é tempo de se encontrar.