Um silêncio tácito demarca a linha tênue e invisível que
separa nossos mundos. E, chegamos próximos, mas distante o bastante para
permanecermos distantes.
E andamos seguros pelo que nos separa.
E seguimos sonhando com que tanto queremos e que não habita o
real, trazendo na boca o gosto do beijo que nunca foi dado.
Porém, seguimos no real de nossas vidas... no vazio que
preenchemos com o impossível, na certeza de que o chão que pisamos é mais firme
que as nuvens que viajam no céu das construções dos sonhos.
O coração, este teimoso que abrigamos no peito, triste segue,
queria mesmo é pegar com as mãos o desejo que oculta em secreto. Mas, o medo
que impede que o perfeito amor floresça como muralha se levanta, e acreditamos
que a vida reservou para outro, o que tanto ansiamos.
E nos rendemos a pior de todas as experiências, a desistência
de tentarmos o que tanto queremos, deixando de descobrir que o não nós já abrigamos,
e que o sim da vida deve ser buscado sem a valentia do concreto.
E nessa saga de vivermos nossos sonhos platônicos, seguimos
sozinhos com medo de perder o que já não temos, e assim, perdidos ficamos, no
silêncio que nos rouba as armas que nos capacitaríamos a lutar pelo que
queremos. Se a coragem vencesse o medo, descobriríamos que o tão temido não, já vigorava, e ainda assim
nosso coração temeroso continuaria na direção de fazer da vida uma estrada com a nossa cara. Certamente que a morte de um sonho pode acontecer, mas aprenderíamos que um sonho pode virar adubo para outro florescer.
Triste é mesmo esse silêncio que nos rouba as armas que certamente
nos fariam lutar pelo que queremos.