sábado, maio 24, 2014

Eu e Você, o Outro


Como ser humano, eu preciso ser amado. E no fundo, desejamos ter a família que está estampada nos potes de margarina Qualy.
Quem não desejou um colo de mãe no dia em que tudo pareceu dar errado?
Quem não desejou um olhar de carinho após um dia duro de trabalho?
Quem não desejou o abraço afetuoso quando a dor se fez mais presente, como no dia em que perdemos alguém que amamos?
Quem não desejou a companhia de alguém, o simples estar ao lado, em um dia em que sabemos que pisamos na bola?
Quem não desejou comer algo feito exclusivamente em sua homenagem?
Quem não desejou receber um sorriso amistoso, quando sentiu que a injustiça fere?
Quem não desejou um ombro para chorar, quando as palavras não foram capazes de expressar o que vai na alma?
Quem não espera encontrar um amor, ou fazer do amor que se tem um amor com ternura, o encontro?
Quem não deseja deixar saudade, quando a partida é inevitável?
Quem não espera palavras de incentivo após ter tido um fracasso?
Quem não deseja sorrisos, danças e gritos de alegria com sua chegada?
Quem não deseja um reconfortante  cafuné quando tudo parece não ter saída?
Talvez você diga “eu não desejo”. Talvez você afirme “eu não preciso”. Talvez você não seja feito do mesmo material que eu.
Então eu afirmo: Eu preciso de tudo isso. Preciso do outro, preciso do seu sorriso, do seu olhar, da sua saudade, do seu abraço, das suas palavras, da sua companhia.
Eu confesso que meu coração dói quando não encontro o outro para partilhar comigo uma refeição.
Mas compreendo: Eu sou eu, você é você.
E a minha necessidade não pode ser uma imposição ao outro. O outro tem seu próprio movimento. Vive o seu tempo, tantas vezes diferente do meu. O outro espontaneamente supre quando vem com o coração aberto e alma desejosa de partilhar afetos.

Por isso, não é bom que se imponha o que quer ao outro. Amor cobrado perde a sua força. O outro deve estar livre para ir e vir quando quiser. Amor é via que não se atropela.