Como ser humano, eu preciso ser
amado. E no fundo, desejamos ter a família que está estampada nos potes de
margarina Qualy.
Quem não desejou um colo de mãe
no dia em que tudo pareceu dar errado?
Quem não desejou um olhar de
carinho após um dia duro de trabalho?
Quem não desejou o abraço
afetuoso quando a dor se fez mais presente, como no dia em que perdemos alguém
que amamos?
Quem não desejou a companhia de
alguém, o simples estar ao lado, em um dia em que sabemos que pisamos na bola?
Quem não desejou comer algo feito
exclusivamente em sua homenagem?
Quem não desejou receber um
sorriso amistoso, quando sentiu que a injustiça fere?
Quem não desejou um ombro para
chorar, quando as palavras não foram capazes de expressar o que vai na alma?
Quem não espera encontrar um
amor, ou fazer do amor que se tem um amor com ternura, o encontro?
Quem não deseja deixar saudade,
quando a partida é inevitável?
Quem não espera palavras de
incentivo após ter tido um fracasso?
Quem não deseja sorrisos, danças
e gritos de alegria com sua chegada?
Quem não deseja um reconfortante cafuné quando tudo parece não ter saída?
Talvez você diga “eu não desejo”.
Talvez você afirme “eu não preciso”. Talvez você não seja feito do mesmo
material que eu.
Então eu afirmo: Eu preciso de
tudo isso. Preciso do outro, preciso do seu sorriso, do seu olhar, da sua
saudade, do seu abraço, das suas palavras, da sua companhia.
Eu confesso que meu coração dói
quando não encontro o outro para partilhar comigo uma refeição.
Mas compreendo: Eu sou eu, você é
você.
E a minha necessidade não pode
ser uma imposição ao outro. O outro tem seu próprio movimento. Vive o seu
tempo, tantas vezes diferente do meu. O outro espontaneamente supre quando vem com
o coração aberto e alma desejosa de partilhar afetos.
Por isso, não é bom que se
imponha o que quer ao outro. Amor cobrado perde a sua força. O outro deve estar
livre para ir e vir quando quiser. Amor é via que não se atropela.