segunda-feira, novembro 30, 2020

Série Vendo Jesus em Marcos – O que te move hoje?

 


Marcos 2: 1-12

Após uma viagem de mais de 10 horas de carro, ainda que confortável, quando chego em casa tudo o que desejo é ter privacidade para descansar. Jesus, porém, mais famoso que Denzel Washington (meu ator preferido), após uma viagem longa a pé, sob o sol escaldante da sua terra, vê sua casa cheia como uma oportunidade para cumprir o propósito da sua vida. Sem privacidade e  tampouco descanso, eu iria reclamar. Jesus os recebe na sala de sua casa e prega a Palavra.

Casa lotada, como a maioria dos ônibus nas capitais do Brasil no horário de pico, pessoas ocupam todos os lugares quando alguns homens chegam com um paralítico. Vendo que não tinham a menor chance de entrar, sobem ao telhado buscando encontrar o ponto onde Jesus estava e removem a cobertura e baixam o paralítico. 

Jesus ouvindo o barulho no telhado ergue os olhos e vê, junto com a luz, não apenas a entrada de um homem baixado em uma maca pelo esforço daqueles homens. Ele viu o que estava dentro do coração - a motivação.

Muita coisa poderia ter movido aqueles homens para levar aquele paralítico ao telhado. A necessidade de aprovação dos colegas, o desejo de serem conhecido como “cabra macho”, o medo do paralítico ficar chateado com eles, a necessidade de aventura-adrenalina. E tantas outras...

Mas, aqueles homens foram movidos por uma fé.

A fé que nasce do desejo de levar ao outro a oportunidade de encontrar a cura. A fé que crer que na presença de Jesus há esperança para os feridos. A fé que busca benefício para o outro apesar das dificuldades impostas pela multidão. Fé que transforma um telhado em um caminho de possibilidades.

A fé daqueles homens era diferente da fé que somos ensinados hoje. A fé deles não buscava em Deus resposta para seus problemas pessoais. A fé deles não era insistente em benção para se acumular e ser exibida para que outros vejam como somos “honrados por Deus”. A fé deles só desejava a cura para o amigo.  Não era a fé que decreta a realização de milagres para benefício próprio. Era a fé que se alegra que o outro tenha a oportunidade da sua maca ser transformada em troféu.

Jesus viu a fé deles.

E qual é a fé que te move hoje?

Jesus ver.

Não é mesmo assombroso?



Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga

 

 

segunda-feira, novembro 16, 2020

Série vendo Jesus em Marcos – A compaixão que rouba agendas

 



Ele era apenas mais um leproso. Como ele, existia muitos vivendo as margens das cidades, proibidos do contato com outras pessoas.  Abandonados sem nenhum direito à cuidados, viviam isolados do conforto do toque, do cafuné, dos abraços apertados e da doçura do beijo.

A religião propagava que a benção de Deus não estava com quem tem lepra. Eles eram pecadores sem perdão. Humanos de segunda categoria. Gente como os pedófilos nas cadeias, que só sobrevivem isolados.

 Vistos como seres amaldiçoados por Deus, eram temidos como a pior peste. Ter lepra era mais isolador do que ter covid-19.

Mas, o leproso de Marcos 1:40 ao ouvir falar de Jesus, tem acesa em seu coração a fé e a esperança de dias melhores. Tal sentimento quando surge dá força. Levando o leproso a ficar à espreita, à margem da estrada na expectativa de ver Jesus. Ao avistá-lo, eu o imagino lutando por alguns instantes com os monstros do isolamento e da rejeição cravados em sua alma, porém, a fé que nasceu o movimenta.

Jesus o vê se achegando. Ele não se move do lugar. O leproso chega tão perto que ao estender a mão, Jesus o toca. Os discípulos que estão ao seu lado levam a mão na cabeça, “como o leproso ousa a se aproximar e como Jesus se atreve a tocá-lo?” A lei não permite tocar leprosos. O silêncio do assombro os toma.

Mas, Jesus está comovido pela compaixão. Algo no jeito deste leproso mexe com seu coração. Ele diz a este leproso, ‘Eu quero curá-lo’, e o cura.

Agora, vendo Jesus em Marcos eu fico desconfortável... A compaixão de Jesus é diferente... Não é um discurso distante do doente, não é apenas o desejo de ajudar, não é a fala bonita daquele que diz, “se um dia eu ganhar na mega sena, vou construir um orfanato ou asilo”. A compaixão de Jesus é ação - mão estendida.  

 A compaixão de Jesus também não o permite deixar a necessidade do leproso para o outro dia. Não diz: “quando eu puder” ou “quando eu me aposentar”, ou, “quando eu me formar” ou...

A compaixão de Jesus explode as muralhas culturais e religiosas construídas ao longo de milhares de anos, permitindo ao leproso a entrada na cidade, no templo, em casa.

A compaixão de Jesus não busca os holofotes da fama. Ele entende bem o perigo da publicidade. Sabe que a mesma propaganda que o torna conhecido, pode se tornar impedimento para cumprir sua agenda. Diante disso, avisa o leproso para não o anunciar. O leproso curado não consegue obedecê-lo. Sai a dizer, “Jesus me curou”.

Como Jesus previu, sua desobediência prejudica sua agenda.  Mesmo sabendo disso, Jesus não deixa de curá-lo. Não fica a reclamar por não entrar nas cidades.

E a compaixão que o fez perder sua agenda, dá a Ele uma nova. E mesmo em lugares desabitados, Jesus, atraiu para si pessoas de todas as partes. Elas vão ao seu encontro desejando serem tocadas por aquelas mãos que não temeu tocar um leproso.

O mundo segue cheio de leprosos. Mas, carece da compaixão de Jesus que vê mais o doente do que a doença, que toca quem está na solidão a margem da estrada e se dispõe a perder agenda para abençoar.

Vendo Jesus em Marcos, eu me vejo com muito pouca compaixão-ação. Sinto vergonha deste Jesus de mão estendida. Então, clamo, “Jesus me dá desta sua compaixão”. 

E você?

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga clínica.

 

sábado, outubro 31, 2020

Vendo Jesus em Marcos -Jesus foi expert na administração do tempo


 

Marcos 1:21-38

Eu sempre tive dois sonhos na vida, ser psicóloga e escritora de romance.

Pisei na estrada para realizar o sonho da psicologia em 1993, quando prestei meu primeiro vestibular. Entrei para Universidade Católica, e no primeiro semestre, comecei empolgada, depois de três meses, desisti.

Por muitos anos acreditei que minha curta permanência na psicologia foi por questões financeiras. Hoje, olhando com as lentes dos anos vividos, sei que a razão foi bem outra... É claro que tento desculpar-me, porém, não encontro mais conforto nesta atitude. Sei com clareza o que foi que me faltou.

E o que me foi escasso, vejo em Jesus ao ler Marcos que foi maravilhosamente abundante.

Ele, sabendo do seu propósito na vida, começa escolhendo seus discípulos, e vai para Cafarnaum. Nesta cidade, sua agenda é apertada.

Lá,entra em uma sinagoga e ensina. No meio do culto, uma pessoa possessa de espíritos malignos aparece, Jesus a liberta. Depois vai para casa de Pedro, cura sua sogra que estava com febre.

A notícia dos seus milagres correu mais rápido do que uma mensagem que enviamos via WiFi. No final do dia, a casa de Pedro estava cheia de pessoas a sua procura.

No outro dia,Jesus levanta de madrugada e sai para orar em um lugar deserto. Quando Pedro acorda, e não o encontra, vê que sua casa já tem gente na porta. Os discípulos saem afobados à procura de Jesus.

Pedro, o proativo do grupo dos escolhidos, ao vê-lo vai logo dizendo que todos o buscam.

Agora. Preste atenção no que Jesus responde. Ouça o que Ele diz:

‘Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim”.1

Em Cafarnaum sua agenda não tinha espaço para nenhum encaixe. Ele cura e liberta pessoas. Fica famoso em questões de horas.

Mas, Ele não se deixa distrair. Ele sabia qual era o seu propósito, e como deveria cumpri-lo, e não se deixa distrair.

Jesus sabia que um dia naquela cidade era pouco para atender todas as pessoas necessitadas de serem libertas e curadas, mas Ele não se deixa distrair.

Jesus manteve o seu foco. Preste atenção. Mesmo diante das necessidades reais daquela cidade e da fama que ganhou tão rápido, Jesus não titubeia.

Confesso, me impressiono.

A necessidade, sempre é algo que nos pressiona e normalmente ocupa o topo das prioridades humanas.

A fama é sedutora. Alimenta nossa vaidade. Queremos ter como os moradores de Babel2, um nome célebre.

Mas, Jesus, não se deixa distrair.

Saber o propósito para o qual fomos criados e como cumpri-lo é dever que não podemos deixar de cumprir, como diz o Pastor Labieno, nesta eternidade.

Mas, ao ver Jesus em Marcos eu tenho clareza, eu me deixei distrair.

Em meu coração sempre soube que a psicologia e a escrita eram vocações para serem seguidas. Eu me deixei distrair.

Em muitos momentos na estrada, por não saber como cumprir meu propósito e pressionada pelas necessidades minhas e de outros, eu mudei a rota.

Longe da minha vocação fui infeliz. Era como se  o tempo todo faltasse algo.. E a alegria só retornava quando eu pegava de novo a estrada rumo ao propósito destinado a mim.

Em 5 de outubro de 2013 quando peguei meu diploma de psicologia nas mãos, 20 anos após ter prestado o vestibular, tive a sensação que meu coração iria explodir de tanta alegria. Naquela noite, prometi a mim mesma que iria escrever, ao descobrir como era maravilhoso estar alinhada ao propósito da minha existência.

Olho para trás e lamento o tempo perdido. Se eu tivesse ficado firme em minha vocação já teria 22 anos de formada, hoje só tenho 7. Teria escrito pelo menos 30 romances, hoje, tenho apenas 3.

Mas, Jesus não se deixou distrair e diferente de mim, não teve do que se lamentar. Não desviou o seu curso, apesar das multidões dos cuidados que dele era exigido. Ele cumpriu seu propósito.

Ele veio para anunciar o seu reino em Cafarnaum, mas, sabia que tinha que ir outras regiões da Galiléia, Samaria e Judéia.

E você? Qual é o seu propósito? Sabe como cumpri-lo?

Se não tiver bem claro a resposta para estas duas perguntas, então saiba, você como eu, terá do que se lamentar.

Mas, se quiser aprender com Jesus a não se deixar distrair, então faça o que Ele fez, no meio das necessidades e dos sucessos que te cercam, levanta na alta madrugada, procura um lugar deserto. Fale com Deus - o Pai. Tenha certeza. O Pai trará a você toda clareza.

Se como a mim, você perceber que já perdeu muito tempo. Não se desespere. O Pai, ainda, te espera.

Escritora e Psicóloga

Roseli de Araújo

 

Referência:

1.    Marcos 1:138

2.    Gênesis 11:4

domingo, setembro 13, 2020

 
Série – Vendo Jesus em Marcos – Jesus e seu estranho poder


Andando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e seu irmão André lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens". No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram.Indo um pouco mais adiante, viu num barco Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, preparando as suas redes. Logo os chamou, e eles o seguiram, deixando Zebedeu, seu pai, com os empregados no barco. (Marcos 1:16-20)

Criada no evangelho desde a infância, Janine, contava que pedia a Deus alegria, e a alegria chegou quando tinha 17 anos.

Resistente ao modelo de “crentes” que eu convivia, percebi que ela me apresentava um Jesus completamente diferente. Janine foi a primeira pessoa que me falou de Jesus de um jeito que eu quis ouvir. Creio que foi por causa da sua doce e terna educação que meu coração cativo se abriu para ouvi-la. A experiência da Janine me intrigou por algum tempo. Passei a perguntar, quem era mesmo Jesus?

John MacArthur, falando da cronologia do chamado dos apóstolos ao ministério, nos informa que os primeiros discípulos chamados eram seguidores de João Batista, portanto, ao ouvir que Jesus era o cordeiro de Deus, passaram a segui-lo1. Contudo, eles se tornaram discípulos de tempo integral quando Jesus vendo-os trabalhar na pesca os convidou para serem pescadores de homens.A história nos conta que eles quando chamados por Jesus, imediatamente, sem demora, prontamente, depressa, deixaram suas vidas construídas para segui-lo.

Pergunto-me o que eles viram no Jesus que eles já criam que os fizeram tomar uma atitude tão radical em suas vidas?

A teologia vai dizer que foi a graça irresistível, isto é, que Deus quando nos chama não temos como negar, porque Ele o faz de tal maneira que não podemos resisti-lo. Entendo. Contudo, confesso que para mim não explica o que eles viram. Arrisco pensar que o que viram transcende ao olhar humano. É uma daquelas experiências que só podemos compreender do lado de dentro, no lugar do vivido, a qual palavra nenhuma abarca.

O que sei é que o que viram em Jesus, deu-lhes coragem para deixar tudo;o que viram em Jesus se tornou mais importante do que todas as conquistas feitas até aquele momento; o que viram em Jesus era mais poderoso do que todos os sentimentos e laços afetivos forjados pelo sangue e o tempo; o que viram em Jesus os fez se arriscar numa aventura a qual não tinham nenhuma perspectiva de segurança. É mesmo impressionante o que viram.

Sou psicóloga e sei que eles experimentaram algo que os fez viver em um curto espaço de tempo, uma radicalidade vista raramente, levando-os a ressignificar toda a vida. Assombro-me com o que eles viram, pois me parece que ao ver foram tocados por um poder que não os permitiram continuar vivendo como viviam.

De verdade, acredito que a Janine foi visitada um dia por esse poder. Da tristeza insistente, num instante, ganhou uma alegria perene, a qual quem conviveu e convive com ela, pode ver.

Ela me falou de Jesus por dois anos, eu cri e passei a segui-lo, mas vendo os discípulos aprendo que há algo mais do que apenas conhecer e crer em Jesus, talvez como diz John MacArthur, este seja só o primeiro nível da vida cristã.

O segundo nível, só experimenta aqueles que viram em Jesus o que os discípulos viram. E quando isso acontece tudo é deixado para trás.

Novas pessoas eles se tornaram, e o vivido por eles, até aquele momento se tornou antigo, e tudo se fez novo2, diz o apóstolo Paulo que também viveu a experiência dos discípulos.

Tocados pelo que viram em Jesus entregaram-se completamente!

Fiquei perguntando-me, será que estou vendo o que os discípulos viram?

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga clínica

 

Referência

1.    Livro: 12 homens extraordinariamente comuns, pg.23. Autor John MacArthur.

2.    IICoríntios 5:17

sábado, agosto 29, 2020

Vendo Jesus em Marcos – Que estranha identidade

 


Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galiléia, proclamando as boas novas de Deus.
 “O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!” (
Marcos 1:14,15)

Não misturando o velho com o novo. Jesus espera o fim do ministério de João, e só dá inicio ao seu, após a prisão dele.

Para Jesus, João Batista era o último representante da lei e dos profetas1, porém, agora, Jesus vem para inaugurar um novo ciclo, uma nova era.

Sem hesitar quanto a sua hora, começa dizendo que o “tempo é chegado”, em outras traduções, “o tempo é cumprido”. Ressaltando, que as profecias a respeito da sua vinda já estavam em andamento. Como já foi dito, Ele, sendo Deus, tinha assumido a forma humana e estava vivendo com os seres humanos e como eles. Agora, porém, era o momento de tornar publica a sua identidade e propósito.

Eis o grande mistério que cerca a sua vinda: Cem por cento Deus e cem por cento homem, Ele possui uma identidade a qual é única em todo o universo.

Seu propósito é anunciar o Reino de Deus, o seu Reino. Ao dizer que o “Reino de Deus está próximo” nos revela que não só tinha uma mensagem, objetivo e propósito. Ele mesmo era a mensagem, o objetivo e o propósito. Por estar entre nós, o seu Reino, agora, é uma realidade que pode ser conhecida por nós.

Para entrar no Reino que está próximo, Jesus diz que o passaporte é o “arrependimento e o crer nas boas notícias”.

Mas, do que devemos nos arrepender?

Para responder a esta pergunta, precisamos ir a João quando este nos relata o diálogo de Jesus com os judeus que não criam na sua identidade. Para estes, Jesus diz: Vocês são aqui de baixo eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo; eu não sou deste mundo. Eu lhes disse que vocês morrerão em seus pecados. Se vocês não crerem que Eu Sou, de fato morrerão em seus pecados.2 Aqui compreendemos que o arrependimento que devemos experimentar passa pela consciência da sua identidade. Aqueles judeus não creram em quem Ele afirmava ser, não podendo ver o Reino de Deus que estava próximo.

As boas notícias que devemos crer é que Ele – o Deus que se fez homem – veio a este mundo para nos dar a oportunidade de desfrutarmos do seu Reino. Logo, o maior pecado que abrigamos é o de não crermos em quem Ele é.

Sua identidade e propósito é assunto complexo. A lógica humana não é suficiente. Sem a fé, não é possível ver o Deus que se fez Homem.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga

Referência:

1.Mateus 11: 11-13

2. João 8:23,24.

sexta-feira, agosto 21, 2020

Série - Lendo Marcos para ver Jesus – Jesus aceita o bolo


Jesus, em um momento transcendental maravilhoso, onde ouve Deus, o Pai, lhe falar do seu prazer em se relacionar com Ele, é levado para um lugar de difícil habitação, o deserto. Lá, fica por 40 dias em jejum, cercado de animais selvagens, e no término destes dias, ainda recebe a inoportuna visita do inimigo, que lhe apronta ciladas para o ver cair1.

E Jesus transita entre a experiência do sagrado e a do deserto sem se perturbar. Do momento maravilhoso para o desagradável, os evangelhos não têm registros de nenhuma palavra, tais como: “eu sou cara” ou “ nossa o que eu fiz para merecer isto”. Considerando que eram situações peculiares e capazes de provocar muita euforia ou desespero, a impressão que fica é que Jesus passou por elas com um equilíbrio emocional, não comum aos seres humanos.

Se eu estivesse em seu lugar seguramente ficaria confusa em passar pela experiência maravilhosa de receber o Espírito Santo, ouvir Deus Pai e logo após ser levada para uma experiência de sofrimento, em um lugar difícil e com o inimigo aprontando situações para que eu viesse a cair.

Por isto, vendo Jesus, perguntas brotam, o que o fez não se ensoberbecer? Quem falava com Ele era o Deus Pai, e suas palavras foram sobre a alegria que sentia por Ele. Nós, se vivermos uma experiência bem menos relevante do que esta, com certeza vamos pensar, ‘eu sou o cara’! Se percebermos que agradamos, passamos a crer que o mundo ganha em nos ter. Sabemos que a humildade não é decoração natural nos seres humanos. Para adquiri-la é sempre muito anos de jornada e muitas quebras da alma.

Por outro lado, o que o fez não reclamar do deserto, dos animais, do inimigo? O que o fez não se apavorar com o sofrimento? Sendo este sempre o lugar das perguntas complexas sobre a existência, para o ser humano.

 Diante do não compreendido, esbravejamos; Somos dominados pela ansiedade diante da falta de controle do futuro; Não aceitamos colheitas de frutos ruins quando temos certeza de não termos semeado.

Não sei você, mas eu não quero ser levada para o deserto e nem para a presença de inimigos. Amo a vida e espero que ela seja um bolo pronto onde eu possa desfrutar apenas o chantilly, o açúcar de confeiteiro, o recheio de chocolate. Nada de bater a massa. Ser batido dói.

Porém,Jesus aceita o bolo da vida, completo. Vive o momento do êxtase tanto quanto o momento do deserto. Aceita com alegria, sem pretensão, ser reconhecido, e, também aceita ser batido e passado pelo calor do fogo, sem murmuração.

Estas experiências acorrem com Ele antes de escolher seu time de trabalho, os doze discípulos. Elas nos falam que Jesus está pronto para começar sua jornada pública. Ele vai viver momentos de glória, onde vai curar, libertar e ser aclamado pelo povo. Contudo, vai enfrentar a dureza dos corações, a incredulidade. Não lhe faltará inimigos, será perseguido e traído.

Olhando-o de perto, desejo muito aprender com Jesus aceitar o bolo da vida completo, pois ele é massa feita de risos e lágrimas.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga

quarta-feira, agosto 12, 2020

Série - Vendo Jesus em Marcos – Jesus, o super herói inverso 2


 


Marcos 1:1-8

1 Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.2 Conforme está escrito no profeta Isaías: "Enviarei à tua frente o meu mensageiro; ele preparará o teu caminho"—3 "voz do que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele’ ".4 Assim surgiu João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados.5 A ele vinha toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém. Confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.6 João vestia roupas feitas de pêlos de camelo, usava um cinto de couro e comia gafanhotos e mel silvestre.7 E esta era a sua mensagem: "Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias.

8 Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo".

 

João Batista ao ver Jesus sabe que Ele é Aquele o qual anuncia, e tem consciência de não ser “digno de desata-lhe as correias das sandálias7”, o que nesta cultura, era trabalho obrigatório aos escravos em relação aos seus senhores.

É importante ressaltar que João Batista não era um homem qualquer. Ele foi reconhecido como porta voz de Deus pela nação de Israel, após um período de 400 anos, sem nenhuma profecia. Pessoas de toda Judéia iam até ele e ao ouvi-lo, confessavam seus pecados e eram por ele batizados nas águas

Agora João nos diz que Jesus nos batizaria com o Espírito Santo. Se em João as pessoas reconheciam a presença de Deus, agora, era o próprio Deus que eles iriam ver, ainda que desfigurado da sua forma original, pois ao se fazer homem, Jesus “se esvaziou de si mesmo e assumiu forma de servo”2.

João tinha como missão anunciar a vinda do messias prometido, que seria poderoso e batizaria com o Espírito Santo. Ao ver Jesus reconhece ser Ele o esperado. Diante dele, João não se sentiu digno de batizá-lo.  João estava certo, ele não era. Ninguém é. Afinal, é o Poderoso Deus que vinha para ser batizado. O inimaginável acontecia: Jesus-Deus assume a forma da sua criação, agora, também é Jesus-Homem, e como homem se deixa batizar por João Batista.

Israel esperava um messias que usasse do seu poder para subjugar o império romano, como foi nos dias do Rei Davi, quando este conquistou todas as nações a sua volta. Jesus, porém, veio anunciar o seu reino, cuja força esta no amor demonstrado em sua entrega ao ser crucificado, saldando assim o preço do pecado do mundo inteiro4.

Tendo Ele poder sobre a natureza, o tempo, a morte e a vida, se fez servo. Quem poderia compreender esse herói inverso? Sendo Deus, Ele podia e pode fazer qualquer coisa. Contudo, decidiu se fazer servo, para servir gente como eu e você.

João Batista não o compreendeu totalmente, eu tampouco o compreendo. O que sei é que o seu movimento em se esvaziar de si mesmo e assumir a forma humana para ser servir pessoas como a mim, constrange-me. Vejo em Jesus que há outra lógica para se conhecer e viver. Então, leio Marcos para vê-lo, e você?

Roseli de Araújo

Psicóloga e escritora

Referência:

1.     João 1:7;

2.     Filipenses 2:7;

3.     Mateus 3:15;

4.     IJoão 2:2;

 

 

quarta-feira, agosto 05, 2020

Série – Vendo Jesus em Marcos – Jesus, super herói?


Olá amigos do blog, eu retorno hoje com esta série sobre a pessoa de Jesus Cristo. Toda quarta, estarei postando um texto.
Enquanto leio o livro de Marcos, me dou conta que o Jesus deste Evangelho guarda uma beleza e um mistério. Sua beleza, aos meus olhos, esta no fato de ser alguém que se importou de verdade com os seres humanos; Seu mistério está na sua afirmação de que Ele é Deus que se fez homem. O livro de Marcos me levou a uma viagem que estarei compartilhando com vocês.  Para melhor compreensão, no início de cada texto, estará o texto bíblico.
Se quiser saber como está sendo a viagem, vai ser bom ter a sua companhia.
Marcos 1:1-8
1 Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus.2 Conforme está escrito no profeta Isaías: "Enviarei a tua frente o meu mensageiro; ele preparará o teu caminho3. “Voz do que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele’ ".4 Assim surgiu João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados.5 A ele vinha toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém. Confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.6 João vestia roupas feitas de pêlos de camelo, usava um cinto de couro e comia gafanhotos e mel silvestre.7 E esta era a sua mensagem: "Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias.
8  Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo".

Fiquei pensando, assistindo aos vingadores que a forma que Jesus veio a este mundo é tão espetacular ou mais do que os efeitos especiais de qualquer filme de super heróis, só que de um jeito inverso. Deixe-me explicar.
Os super-heróis da TV são conhecidos por manifestar todo o poder que possuem e não por desconsiderá-lo. Jesus, ao contrário, sendo Deus, não usou do seu poder para se tornar conhecido pelos homens. Antes, diz Paulo em Filipenses, Ele assumiu forma de servo, se tornou humano, se humilhou e foi obediente até a morte e morte de Cruz. Algo realmente inimaginável para qualquer mente humana.
É claro que Ele, depois que venceu a morte, foi exaltado e recebeu o nome que está acima de todo nome, tornando-se o mais poderoso, a quem todo joelho se dobrará1, até os criadores dos amados super-heróis.
Para completar a história, Ele escolheu como estratégia de marketing, antes de sua chegada, o peculiar João Batista, que vestia peles de camelo e comia gafanhoto e mel silvestre, para anunciar no deserto (um lugar nada promissor) a sua vinda a esse planeta. É mesmo um filme sem precedentes. Contudo, foi assim realizado o anúncio deste Deus que se fez homem.
Ele veio inaugurar um reino, cujos valores só podem ser compreendidos e vividos, por aqueles que já receberam a revelação de que Ele é o Senhor da história.
E os que nele creram, já estão de joelhos dobrados, confessando-o como o Senhor de suas vidas. Eles sabem que nenhum super-herói criado em nossos filmes de ficção podem superar o seu imenso e eterno poder.
A Ele toda honra e toda glória.

Roseli de Araújo
Escritora e Psicóloga

Referência:
1.    Filipenses 2:10;
2.    Evangelho de João 1:12.

quarta-feira, abril 01, 2020

Como manter a saúde emocional em tempos de quarentena - Segunda dica


Nesses dias, onde acordamos e dormimos com notícias do coronavírus, a segunda dica para nos mantermos organizados emocionalmente é evitar remoer dúvidas quanto ao futuro.
Muitas perguntas podem nos invadir nesses dias. Quantos serão contaminados? Haverá UTI para todo mundo? Alguém querido meu irá morrer nesta pandemia? Quantos morrerão? Como ficará o país? Quarentena horizontal ou vertical? Fim dos tempos? Os esforços da área médica que já estão sendo feito por tratamentos dará respostas rápidas? Como ficará a economia? Etc.
Se você já está ficando sem dormir por medo desta pandemia, se começa imaginar que alguém querido pode contraí-la ou mesmo você (ainda que esteja tomando as medidas necessárias), se esta com medo de passar fome (ainda que esteja com a despensa cheia), se acorda e deita e não consegue desligar deste assunto hora nenhuma, se faz necessário mudar a atitude quanto as notícias recebidas.  Procure gastar menos tempo assistindo aos jornais.
No lugar de encher sua mente de tantas notícias ruins, tome a postura interna de reconhecer e agradecer pelo que tem de bom.  
Para ajudar quem está com dificuldade de reconhecer o que é bom em sua vida, sugiro que faça uma lista de gratidão. Em uma folha anote tudo o que considera bom em sua vida e agradeça a Deus. Leia a lista pela manhã, no início da tarde e a noite antes de dormir.  Se estiver com dificuldade de elaborar essa lista, segue um exemplo1. Contudo, cada pessoa vai fazer de acordo com sua realidade.
A lista de gratidão é apenas um exercício para que você mude a postura interna diante do que está ocorrendo. Ocupar-se do hoje e do que hoje tem, pode ajudar a manter o equilíbrio emocional.
Lembrem-se e obedeçam as palavras de Jesus: Não andeis ansiosos de coisa alguma2”...
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Referência:
1.    1. Exemplo de lista de gratidão:
Obrigado por ver, por falar, por ouvir, por andar, por ter todos os movimentos do corpo.
Obrigado pelo café, açúcar, o leite, o pão, o arroz, o feijão, o ovo, a carne, as frutas, as verduras.
Obrigado pela tecnologia que me permite falar com outras pessoas, trabalhar, ler livros, digitar.
Obrigado pela cama para dormir, roupas que tenho para vestir, água que bebo.
Obrigado pelas pessoas a minha volta, pais, filhos, irmãos, amigos, etc.

2.    2. Mateus 6:25.


quarta-feira, março 25, 2020

Como manter a saúde emocional em tempos de quarentena


Nesses tempos de quarentena, onde temos que mudar nossas agendas, pode ser que um caos interior se instale, pois, estamos a viver muitas mudanças em pouco tempo.
Porém, o que fazer para nos mantermos organizados emocionalmente?
Do ponto de vista psicológico, a primeira atitude importante para manter a saúde emocional é o reconhecimento da realidade.
O momento exigi o reconhecimento que estamos diante de um inimigo invisível e resistente. Não podemos negar os fatos. O coronavírus levou países inteiros a mudar suas rotinas por causa do seu poder de destruição. O ministério da saúde nos informou que até ontem apenas 14 pessoas entre 100 são diagnosticadas em nosso país. O que nos confirma que a estatística dos contaminados pelo coronavírus é muito maior do que os dados que somos informados nos jornais.
Se a quarentena e as medidas de higiene não forem observadas, sabemos que um país com 210 milhões pessoas viverá um caos no sistema de saúde e perderemos muitos brasileiros para esse inimigo.
Por isso, aceite a realidade.
O coronavírus é perigoso!!!
Ao reconhecer a realidade você se torna mais consciente e capaz de tomar as atitudes necessárias para proteger você, sua família e amigos. Fazendo isso, protege também sua nação.
Gosto das palavras de Jesus ao dizer:
“Não inquieteis com o dia de amanhã, o amanhã trará os seus cuidados, basta cada dia o seu próprio mal1.
Jesus nos ensina que o amanhã é terra de ninguém, por isso, dele não precisamos nos ocupar, mas, o hoje tem o seu próprio mal. Precisamos reconhecê-lo para poder tomar os cuidados necessários diante do vivido.
Ao nos ocupamos de fazer o que precisa ser feito, minimizaremos a ansiedade produzida pela vulnerabilidade sentida diante de tantas mudanças impostas por este inimigo invisível. Também, vencemos o apático discurso que nada podemos fazer.
 Hoje, podemos não disseminar o vírus! Ocupar disso é ajudar a vencer essa guerra.
Cuidemos de reconhecer o inimigo para não sermos vencidos por ele.
Juntos, guardemos a quarentena.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

Referência: 
1. Mateus 6:34

quarta-feira, março 11, 2020

Amor romântico - Uma das expressões do amor de Deus


http://www.ibnlugardevida.com.br/estudo/ver/79/o-amor-de-deus-mateus-112


“Coloque-me como um selo sobre o seu coração; como um selo sobre o seu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte, e o ciúme é tão inflexível quanto a sepultura. Suas brasas são fogo ardente, são labaredas do Senhor.

Nem muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem levá-lo na correnteza. Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua casa para adquirir o amor, seria totalmente desprezado”. Cânticos 8:6,7


Nestes versos, o tema do livro é resumido pelo seu escritor.
A esposa, tomada pelo amor Eros é capaz de se entregar inteiramente. Porém, aqui expressa o seu desejo de que o amado a tenha na mais alta honra, reivindicando ser carregada ‘como um selo sobre o seu coração’. O selo era um anel usado na mão direita ou colocado em uma corrente a qual era pendurada no pescoço sobre o coração, e significava a autoridade da pessoa sobre uma propriedade muito importante.
Mostrando-nos mais uma vez vemos que o amor Eros é monogâmico. Não aceitando o compartilhar da pessoa amada. Antes exigindo sua exclusividade. E quando isto não ocorre, o ciúme - este sentimento indomável - pode surgir.
O ciúme, “tão inflexível quanto a sepultura”, uma vez despertado pode levar ao ódio da pessoa amada, tornando os amantes cruéis, insensíveis e capazes de abortar o amor Eros. O ciúme pode enterrar o que era para ser vivido com sorrisos de alegria em lágrimas de inverno.
Porém, para o escritor, o amor Eros tem força para resistir outros embates da vida, ele diz:” Nem muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem levá-lo na correnteza”.
Segue descrevendo este amor como fogo ardente cujas brasas não são apagadas nem pelas muitas águas... Para ele, O amor Eros são labaredas do Senhor.  Foi Deus quem o criou. É Deus quem nos permite vivê-lo. Não se encontra nas prateleiras ou sites de vendas. Ele é uma oferta, um presente, uma dádiva aos humanos.
O amor Eros é uma das faces deste misterioso Criador e Amante dos humanos. Na verdade, todos os amores o expressam, entretanto, nenhum outro é capaz de nos levar a experiências tão arrebatadoras e intensas como o Eros.
Por está razão, eu termino essa série com a única orientação que se repete com as mesmas palavras por 3 vezes no livro:
Não despertem nem incomodem o amor enquanto ele não o quiser”1.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

Referência:
1.       Cânticos 2:7; 3:5 e 8:4.
Obs: Cantares 5,6,7, com sua linguagem tão figurada, repetem assuntos que já abordei nos textos antes, poir isso, não trabalhei seus contextos.

quarta-feira, março 04, 2020

O amor romântico - Um chamado a monogamia



O amado
Como você é linda, minha querida! ...você é toda linda, minha querida; em você não há defeito algum.
...Você fez disparar o meu coração, minha irmã, minha noiva; fez disparar o meu coração com um simples olhar, com uma simples joia dos seus colares.
...Você é um jardim fechado, minha irmã, minha noiva; você é uma nascente fechada, uma fonte selada...
A amada
Acorde, vento norte! Venha, vento sul! Soprem em meu jardim, para que a sua fragrância se espalhe ao seu redor. Que o meu amado entre em seu jardim e saboreie os seus deliciosos frutos. Cânticos 4:1-16

Quase todo o capítulo 4 são versos exaltando a beleza da noiva. As figuras de linguagem usadas são mais bem compreendidas pelos orientais daquela época.
Entretanto, quando lemos este trecho, sabemos que embora sejamos de cultura tão diferente, o amor Eros, sempre evoca esse olhar de admiração. Ele faz ver no outro o que ninguém mais vê.
No texto, Salomão descreve com detalhe o irresistível corpo de sua amada, o qual é para ele “um jardim fechado, “uma fonte selada”. Ressaltando mais uma vez a informação de que o amor Eros celebra a intimidade sexual partilhada apenas entre o casal.
Nestes tempos, em que tudo parece permitido, qual apaixonado que não sonha em ter alguém só para si? Fidelidade parece valor perdido, porém, os humanos quando tomados pelo amor Eros, a desejam ardentemente.
Embora existam tantas ideias sobre as relações conjugais, a monogamia foi, e é o modelo de Deus para os casais.
Por está razão, ainda que o escritor de Cantares não tenha sido exemplo ao se prostituir com tantas mulheres, quando apaixonado por Sulamita, reconheceu que o amor Eros não negocia sua intimidade.
Roseli de Araújo
Escritora e Psicóloga clínica