quarta-feira, abril 25, 2018

Perdoar é preciso(V) ?



Oi gente, é quarta. Sigo falando sobre o Perdão.


O perdão pode ser uma viagem cujos trechos se faz necessário seguir sozinho porquê tem gente que não reconhece nunca onde errou.

Tantas vezes humilha na intimidade e na presença de outros. Depois chora, pede desculpa, mas, amanhã volta a fazer tudo de novo... Perdoado é mil vezes, mais mil vezes insiste em cometer o mesmo delito. Tantas vezes por medo de perder muda por algum tempo... Mas, como vão rápido as estações, assim suas intenções se dissipam. Tantas vezes sabe que necessita de ajuda para vencer a violência que o domina, porém, não dá passos em busca de ajuda. Vivem como se jamais as pessoas fossem desistir.

E tem aquelas que não respeita o corpo de uma criança... Que rouba os seus pais, e ainda diz que é pra ajudá-los... Que trai descaradamente sem se importar com a dor do outro que um dia confiou em seu amor... Que mata e desdenha da dor dos que ficaram... Que estrupa e argumenta ter sido provocado pela mini saia... Que bate todas vezes que se irritou...

Definitivamente, nesses casos, perdoar não é se expor ao ofensor diário que acredita ter alguma razão. Porém, nesse nosso tempo onde impera o individualismo, é preciso compreender que o não con-viver deveria ser uma via pouca conhecida, quase nunca transitada. Os pés criados para caminhada juntos, só deviam se separar se não houvesse mais nenhum outro caminho. O desprezo da companhia, ainda que se teime crer que não, esvaziará a vida em alguma medida. É no encontro com o outro que a gente se completa. Mas, tem gente disposta a não perdoar.

Normalmente gente assim, só aguenta quem a satisfaz o tempo todo e em todo o tempo. Se magoada nunca se recupera. Está escondida atrás do fino vidro do "eu tenho razão". E a razão, embora pareça segura, não é capaz, por si só, de suportar os peso das diferenças.

Gente assim, não só pisa na terra da inimizade, lá plantam seus pés a se alimentar da seiva que nutri o ódio. E o ódio pode ser uma fruta passível de ser degustada lentamente...

O triste é o que se perde... Os olhares não vistos, risos não compartilhados, a fazer "comum", o lugar vazio na mesa do café da tarde, na falta das reuniões alegres de família.

Ah... A terra da inimizade não deveria existir.

O não conversar não devia habitar as relações mais próximas... É mesmo triste as pequenas mágoas que consegue levar o outro para tão distante. Onde a vitória da intolerância deixa de ser turista e passa a ser moradora amada. Onde o silêncio grita: Tô nem ai. Onde irmãos não se importam mais. Onde a educação não encontra mais o lugar do bom dia. Infelizmente. 

E o mundo on line nos sinaliza o que vivemos no concreto do dia a dia, quando o outro é bloqueado, não mais seguido, não mais curtido. Se pensa diferente é briga certa e palavras não necessárias são escritas sem nenhuma consideração.

E neste mundo do descartável, o outro perde seu espaço e valor tanto quanto qualquer copo de plástico. É a dureza do coração na sua mais sofisticada versão.

Mas, eu insisto. Somos chamados a viver nas relações. É no encontro com os pais que os filhos se formam. Na rivalidade sadia dos irmãos que a gente aprende a lidar com a competição sem destruir o outro. É na amizade que a gente descobre outras lentes para olhar para o caminho. São os colegas de trabalho o suporte para o trabalho que fazemos. São os tios, os primos, em qualquer grau, a alegria da festa. São os colegas de escola companheiros de um tempo que será sempre lembrado. São os da mesma fé a força para a remoção dos obstáculos do caminho. E sem gente a vida não é.

Se perdoar é preciso não se esquive atrás de desculpas que não explicam nada para a alma que foi criada para as relações.

Perdoar é decidir ter flores e cores de todos os tamanhos nesta imensa jornada que é a vida. E vale a pena deixar pra lá as pequenas mágoas e voltar a estrada com companhia.


Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Atendo atualmente no Instituto Eu Psicologia & Autoconhecimento
Contato para agendamento (62) 982385297

sexta-feira, abril 20, 2018

Gosto

Gosto do conforto de uma roupa velha. Gosto da chinela que não aperta. Gosto de sentar a mesa do computador com alma a passear no mundo das palavras. Por vezes vou longe para encontrar a palavra que encaixa. 

E nesta brincadeira eu me perco, mas, meu bom relógio marca o tempo sem trégua. Em sua insistência, não me deixa esquecer o mundo que guarda agenda.
E neste universo concreto me realizo com gente de carne, de olhos brilhantes ao me permitir conhecer seus universos. E não há nada mais tão belo!
Faço o que amo, e me dou conta de que para os amantes não há rotina. É que o amor tem em si a magia do que se renova.

Roseli de Aráujo

Psicóloga clínica
Agendamento para consulta
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quarta-feira, abril 18, 2018

Perdoar é preciso IV?

Oi gente, nesta quarta sigo falando sobre o perdão.

Se perdoar é um destino de quem escolheu viver com o coração leve, sem o peso da mágoa, então, necessário é compreender que toda viagem a um destino, guarda rotas que não devem ser transitadas. É que existe na geografia da vida a terra da inimizade. 
Nela mora pessoas que amam a guerra mais do que a relação. E elas fazem da violência física ou quem sabe, da sutil agressão psicológica, sua única linguagem. 
Nesta terra, desconfio, só mora gente que gosta de gente fantoche. 
Se não diz o que querem ouvir, se não escolhe o que lhes agradam, se não faz o que é mandado, saiba, não importa o quê ou o tempo em que viveram juntos, conhecerá a descortesia que um inimigo é tratado.
Estas pessoas costumam sugar tudo o que o outro têm. Pobre se torna a vida de quem plantar os pés na terra da inimizade. Abrigará em si mesmo a morte do sorriso sincero, da  espontânea alegria que mantém o coração leve.
É preciso, urgente, sair logo desta terra!
Pode ser fatal não compreender que perdoar nem sempre significa conviver. 
Nesta geografia da vida que tem a terra da inimizade haverá momentos que seguir sozinho é a única opção na trilha para se alcançar o destino do perdão, já que o outro não consegue dar o respeito que tanto requer para si. 
Se para conviver é preciso negar o sentimento, sempre dizer sim quando se quer dizer não, a estrada então é da anulação e não a do perdão.  
Quem negocia o tempo todo seus valores, o que pensa, o que deseja, se perde no desvio da raiva, do medo e da dor. Embora pareça ter companhia,  a muito tempo está só. 
Ah... Quantas mulheres apanham dos seus maridos como se fossem crianças desobedientes. Convivem com o desprezo diário revelado nas palavras sem ternura, na infidelidade declarada, na exigência de ser empregada. A elas é negado a consideração do lugar que em que ocupam, como se valor não tivessem. 
E milhares de mulheres neste Brasil "pacífico", tentam conviver com quem a violência é a única linguagem conhecida. Dói com sangria, ver suas vidas perdidas nos "tapas" de todo dia.
E como elas, tantas outras pessoas que vivem presa a falsa ideia de que perdoar é sempre con-viver, necessitam pra ontem, aprender com o rei Davi a salvar a suas próprias vidas.
Ele ao ser perseguido por Saul que estava determinado a matá-lo, fugiu por mais de 10 anos.  Teve por preciosa a vida recebida e por ela lutou, dando a si a oportunidade de viver em paz com quem foi possível. Mas, este bravo guerreiro nunca desviou o coração do destino do perdão. Tendo em suas mãos a possibilidade de executar vingança, não o fez, havia decidido viver sem o peso da mágoa.
Infelizmente,  ainda que se deseje manter a paz com todos, nem sempre será possível, e quando isto acontecer, quando  os esforços forem em vão, permita-se sair da terra da inimizade, sem jamais perder a direção do seu destino escolhido.

Na semana que vem seguimos...

Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Agendamento para consultas 
(62) 982385297


sábado, abril 14, 2018

Paciência:




É palavra esquecida em um baú perdido, neste tempo em que correr é compromisso já registrado na agenda.










E a sofrer o corpo chora de saudade da serenidade...
E vai morrendo sem tempo de buscar a resposta, se o que se faz, faz sentido, tem propósito.
Tanta coisa...Ufa!
Tantas palavras...
E a gente com sede apenas de vida.


Bom final de semana a todos com calma.

Psicóloga
Roseli de Araújo
Contato para agendamento de atendimento clínico
982385297

quarta-feira, abril 11, 2018

Perdoar é preciso III?

Oi gente, nesta quarta sigo falando sobre o perdão.


No último texto falei sobre a minha visão da necessidade de compreender a natureza humana, com suas luzes e trevas, se quisermos trilhar por este caminhoSe perdoar é preciso, conclui que é urgente compreender de que material somos feitos. 
Entretanto, neste texto irei falar sobre o processo do perdão.
Sei que você já percebeu que o perdão não é uma estrada reta. Ele guarda curvas sinuosas, pedras que ferem os pés, sol de julgamentos que nos queimam sem dó, tempestades que desorganizam e obstruem o caminho. Perdoar traz a tona o grande desafio que guarda as relações humanas, e nos põe à prova mais do que gostaríamos de supor...

Lembro do homem que invadiu minha casa em São Paulo, a qual tive que entrar na justiça para reaver. No dia da reintegração de posse, ele se apresentou a mim como alguém que havia cuidado e não invadido a casa. Seu cinismo me provocou uma indignação profunda. E vendo minha raiva expressa nas palavras de que eu não tinha nenhum prazer em conhecê-lo, gritou que o portão da casa, o qual eu havia comprado à vista, era dele e que o meu marido, já falecido, o devia. Fiquei impressionada com sua capacidade de mentir e a maneira como ele se fazia de vítima, depois de ter invadido minha casa por meses e roubado todos os acessórios dela, inclusive interruptores, janelas, portas, box do banheiro, gabinete e pia. 
Esta  experiência inaugurou um novo momento em minha alma, em que descobri que perdoar pode ser dificultado pela falta de lógica que enxergamos na atitude de uma pessoa, especialmente quando estamos vivendo um momento de dor, (e aquele era de luto para mim). 
Também, com o passar da vida, vi que o dia feliz pode trazer dificuldade para perdoar... Lembra quando o pai, a mãe, os avós, cuidadores, os irmãos, os amigos, o marido, os filhos, não fizeram questão de estar presente naquele dia significativo, onde fizemos uma apresentação na escola, uma homenagem ou quando pegamos o tão sonhado diploma? A solidão sentida pelas ausências podem provocar uma dor que torna o ato de perdoar uma estrada ainda mais confusa .
E o que falar da traição de um amigo e de um amor? É mesmo angustiante descobri que o lugar que guardamos com tanto respeito e atenção leal, foi violado. Dói uma dor sem nome o desprezo camuflado com atitudes que um dia acreditou-se sinceras. Certamente é  ferida diabética, difícil de cicatrizar.  

Mas, se perdoar é preciso, necessário é compreender que perdoar é viajar. 
E toda viagem necessita da decisão do destino onde se quer chegar, como o perdão só ocorre, quando decidimos perdoar. 
Sabe-se que uma viagem por mais pequena que se seja, cumpre uma série de etapas, logo, viajar é um processo tanto quanto perdoar. E, dos viajantes já se ouviu que tem viagens que são longas... 

Sabe aquele dia em que não dormimos a noite inteira e cedo precisamos levantar da cama para trabalhar, mas nossa vontade é desligar o alarme, quebrar o despertador, e dormir como se não tivéssemos nada para fazer, como se fosse um domingo ou um dia de feriado, acredito, que a escolha pelo destino de perdoar é mais difícil . Contudo, ao precisar do salário no final do mês, a sobrevivência martela, e somos por ela forçados a levantar. 
Mas, ainda que preciso seja estar bem emocionalmente, tanto quanto de suprir as necessidades mais básicas, trazemos um mecanismo para esconder o barulho do martelo das emoções que sinalizam as dores da alma. Talvez por isso, costumamos adiar esta decisão, mesmo que estejamos moídos pela noite que se abateu com densas trevas em nossa alma, não nos deixando dormir. E seguimos dando folga e feriado a alma magoada, como se nada tivéssemos a fazer. Como se não fôssemos os responsáveis pela nossa sobrevivência emocional, desprezando os alarmes por ela dado. E a alma cansada da nossa procrastinação, começa gritar para sobreviver...
E, este grito se traduz no corpo, que passa a sentir dores ao nível da pele... Pequenas manchas que doem ao toque, feridas... Outras dores mais profundas... Ao nível dos músculos, ossos, articulações, tendões, ligamentos, nervos... Orgãos inteiros... E a saúde comprometida fica com a alma desesperada para ser ouvida, deixando a vida correr o risco de entrar e ficar na UTI.
Pode-se adiar esta viagem, como se ela não tivesse que ser feita, mas as pesquisas mostram que não seremos poupados das consequências. A falta da caminhada em direção a este destino, nos trará relações quebradas, cadeiras em nossas casas ocupadas pela desconfiança e solidão. O corpo sofrerá pelo peso da paz em falta e pela ausência da leveza no coração que só o perdão pode dar.

O primeiro passo para o destino do perdão é o mais difícil. E a realidade de que ele não é suficiente para nos levar onde queremos chegar pode desanimar muito, entretanto, qualquer viagem exige outros passos... O segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, o sexto... Dezenas e milhares de passos até chegar lá.
Logo, perdoar é uma decisão que exige a compreensão de que a dor faz parte do caminho, e as feridas feitas precisam de tempo para serem curadas. Não existe mágica, mas, o milagre de discernir que vale a pena buscar a paz em toda e qualquer relação, no que depender das nossas escolhas. 
E o primeiro passo pode parecer difícil, confuso, sem visão do que vem pela frente... Porém, quando ele é dado com verdade de alma, nasce uma certeza, uma paz, uma força que capacita para os outros passos. E a cada passo, está experiência se renova. É que a Vida não nos deixa sem os recursos quando queremos viver de fato, e ainda que a viagem seja cansativa, chegaremos ao nosso destino. 
O que nos manterá na viagem, não é a vontade condicionada aos sentimentos que a dor produziu, mas aquela vontade que deseja viver com paz, ainda que o custo seja caro. 
Depois que se alcançou a compreensão de que o perdão é um preço que vale a pena pagar, seja ofensor ou ofendido, vive-se uma das viagens mais confortantes e restauradoras da vida. 
Por isso, se perdoar é preciso, pemita-se.

É certo que a viagem do perdão tem etapas que não depende da gente... Este assunto porém, iremos falar na próxima semana.

terça-feira, abril 10, 2018

Estes são os meus instrutores da academia CT SKILL BOX em que estou tentando fazer crossfit, digo tentando, porque eita desafio é conseguir terminar qualquer round rsrsrs...
Aulas de segunda a sábado.
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Eles conseguem fazer com que uma hora pesada de treino se torne um momento descontraído. O bom humor impera no jeito tranquilo do Pedro e nas brincadeiras do Hugo. 
Jamais pensei que pudesse me divertir em uma academia, mas tenho descoberto que o jamais é matéria de outro planeta, afinal nesta nossa terra realmente tudo é possível.
E vou descobrindo, com estes pacientes instrutores, entre um treino e outro, que a melhor competição é aquela que fazemos conosco mesmo. Também aprendi que está tal comparação é uma irmã invejosa que devemos manter bem longe, afinal de contas, no crossfit, aprendemos que ninguém é bom em tudo.
Em meio a tantos profissionais mais ou menos que compõem o mercado brasileiro, é mesmo muito bom encontrar gente  competente e feliz com o que escolheu fazer na vida. 
Gente assim, sabe motivar uma senhora de meia idade, que chegou na academia com o sorriso esquecido de tão deprimida, com pouco equilíbrio e a sensação de que nunca acompanharia um treino, se apaixonar pelo exercício físico.
Agora mesmo com joelho "faiado", como me lembra de maneira divertida o Hugo, encontro dentro de mim entusiasmo para ir aos treinos. 
Sou grata a eles pelo profissionalismo mantido sem perder o humano de vista e pelo bom humor de sempre que contagia.

Meu marido já se aliou a eles e me comunicou que nunca mais estou autorizada a parar o crossfit rsrs... Afinal, coração feliz e corpo leve faz bem pra qualquer um.

A Deus toda gratidão pela alegria que voltou a cada gota de suor derramada no tatame da academia.







quarta-feira, abril 04, 2018

Perdoar é preciso II?


No meu primeiro texto eu lhe convidei a espiar o seu coração, e fui também instigada pelo desafio que fiz. 
Li artigos e textos interessantes, os quais deixarei citados nas referências para que você leia, caso queira, entretanto, decidi falar hoje, o que pulsa em meu coração sobre este tema. 
Olhando para a minha trajetória, me estremeci ao perceber que perdoar nunca foi uma tarefa fácil para mim, embora boa parte da minha vida sempre acreditei não ter dificuldade.
Aos 46 anos, vejo que perdoar só pareceu fácil, quando pessoas que me magoaram em determinados momentos da minha vida, atingiram apenas superficialmente minha alma, fazendo leves arranhões, que uma boa conversa e pouco tempo foram capazes de curar.
Entretanto, houve momentos que pessoas me dilaceraram...  e algumas delas quando a alma já estava dolorida... E estas pessoas me revelaram o que de mim eu não sabia, não é mesmo fácil perdoar quando somos atingidos de maneira mais profunda. 
Fiquei pensando também nas pessoas que sei ter machucado na trilha da vida... Senti uma imensa dificuldade em me colocar no lugar delas, porque ao conversar comigo mesma, sempre encontro uma razão para ter feito o que fiz. E, também porque pela bondade de Deus não cometi atos grandes como por exemplo, tirar a vida de uma pessoa, roubar, trair, e outras coisas as quais a sociedade acha indesculpável. Meus deslizes foram nas relações do dia a dia, no comum da vida, e sem grandes consequências sociais.
A conclusão que cheguei nesta minha visita em minha própria história é que Perdoar é mais do que o ato de desobrigar a alguém a cumprir o que era o seu dever, é mais do que renunciar direitos. Descobri que é antes de mais nada, compreender a natureza humana, reconhecendo que a capacidade que trago em mim de errar, é a mesma que está dentro do outro. Achei difícil este caminho, onde o outro é visto sem as lentes da condenação, sem os lugares de monstros. Percebi que sou como os que me feriram, e confesso, não gostei deste lugar do humano... era mais confortável acreditar que sou melhor do que aqueles que me não me pouparam de dores. 
Mas, as palavras do Cristo ao ser crucificado pedindo ao Pai para perdoar aqueles que o entregaram porque eles não sabiam o que faziam, me soaram pessoais nesta minha investigação... Vi que na vida, foram muitas as coisas que eu não sabia, mais fiz. E pensando fazer o certo, feri quem não merecia. Pai, mãe, irmãos, filhos,  marido, amigos, irmãos da fé, colegas de trabalho, amores que não vingaram... Ah... quantas palavras e gestos desnecessários, quanta omissão tendo nas mãos as soluções do outro. 
   Drogabela, personagem criada para falar das drogas,
 mais me pergunto, ela vive dentro de mim?
COMPREENDER QUEM SOU NÃO É TAREFA FÁCIL, a natureza humana é carregada desta possibilidade de não saber e ainda assim fazer, o que não é bom e nem justo.
Freud feriu o nosso orgulho quando nos disse que não somos senhores da nossa própria casa. Ele constatou uma força estranha dentro de nós, a nos impedir de ver óbvio em nossa própria vida. Força esta que nos domina sem que a gente saiba estar escravizado.  E nos damos conta do seu alto poder, quando atordoados exclamamos: o que foi que eu fiz? Como não vi isto antes? Como fui capaz de tal atitude? Porque escolhi isso para mim?
O grande rei Davi também passou por isto. E antes de Freud, fez a leitura desta realidade do seu coração, quando pediu a Deus que o absolvesse das faltas que lhe são ocultas, reconhecendo em si mesmo o potencial de fazer coisas as quais ele não se dava conta, porém, poderia afrontar o Deus a quem ele servia. Ele viu sua possibilidade de  fazer coisas sem saber o tamanho do estrago delas, coisas as quais ele não confessava nomeando-as porque não podia ver por si mesmo.  Freud tinha razão, o inconsciente governa. 

Talvez esteja pensando, 'eu não seria capaz de matar alguém, de um comportamento pedófilo, de trair meu marido, de roubar meus pais'... Eu de verdade creio que não seria mesmo, entretanto, aqui eu não falo dos atos graves ou leves, eu falo daquele potencial de maldade que trazemos, que tantas vezes se revela no olhar com raiva para outro humano, naquele não gostar do desconhecido, na palavra de fofoca, na expectativa de ser bajulado,  no desinteresse pelo outro, no cortar a fila do banco, no impedir que o outro apresente seus dons, na falta de educação na rotatória, na falta de gratidão pelo que recebe de graça, no comer tudo que está na geladeira sem deixar nada para o outro, no desejo de ocupar o poder para roubar como políticos corruptos, no querer tudo para si, na omissão em fazer o bem... 
Somos falhos.
Todos erram em alguma medida.
Todos precisam perdoar e ser perdoados. 
Porém, é complicado  acolher a realidade de que não somos melhores do que aqueles que nos machucaram. 
Contudo, creio que sem está compreensão profunda na alma, perdoar é mesmo uma missão impossível, e no máximo, vamos apenas conseguir deixar para lá o outro que nos incomoda.
NÃO É FÁCIL PERDOAR SE NÃO FAZEMOS A LEITURA CERTA DA NATUREZA QUE TRAZEMOS DENTRO DE NÓS.
Jesus ao nos ensinar o PAI NOSSO nos expõe. Para ele, todos precisam buscar o perdão, e devem fazer isto na medida em que perdoam os que lhe são devedores. Ele não deixa dúvida, nos coloca no mesmo lugar do que errou conosco, e deixa claro que o perdão do PAI é para quem perdoa. 
A sua lógica é fácil de compreender, mas não é fácil de aceitar, mas se perdoar é preciso, é urgente tentar.
A melhor descoberta que fiz nesta minha investigação tão melindrosa, é de que quanto mais consciente do que somos, mais espaço vamos ganhando em nossa própria casa. É no confronto com a realidade das trevas que carregamos, das nossas ambiguidades, da nossa incapacidade de sermos realmente justos,  que nos tornamos mais livres para viver sem o peso da mágoa. 
O olhar para o outro que nos feriu será com mais misericórdia, porque sabemos que somos feitos do mesmo material. SOMOS HUMANOS.
É claro, perdoar é um caminho, é um processo, saber isto pode tornar mais fácil, mas não nos livrará da estrada sinuosa que compõe as  nossas relações. E sobre isto falarei na próxima quarta. Até lá.

Referências:
Artigo da Revista Bioética - http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=361533249011
https://pt.aleteia.org/2015/11/16/7-dicas-infaliveis-para-aprender-a-perdoar/
http://www.revistaprogredir.com/blog-artigos-revista-progredir/o-proposito-de-perdoar
Mateus 6:9-13
Salmos 19:12