Muitas teorias afirmam que os seres humanos são sociais.
Desde o seu nascimento carece de mãos e olhares, trazendo em sua genética a
necessidade de companhia. E não é por acaso que até hoje o maior castigo
imposto no sistema carcerário é o isolamento na solitária. Nada mais terrível
do que viver o silêncio, não só das palavras, mas do toque, de não ser visto e
não ver.
A solidão pode matar aos poucos, nos tornando suscetíveis,
principalmente depois dos 50 anos a pressão alta, baixa imunidade, depressão e
perda da qualidade do sono.1
Portanto, a solidão a qual vou tratar, não é aquela em
que nós escolhemos estar só, seja porque precisamos descansar ou produzir algo.
Neste caso, a solidão é apenas a pausa temporária da presença humana, a qual é
necessária em muitos momentos. Mas, daquele sentimento de não fazer parte da
vida de ninguém e de nenhum lugar, da falta de pertencimento, do falar ao vento,
do vazio de não ser aceito e de não acolher o outro. Da dor produzida pela
certeza de que não adianta falar porque o outro não vai compreender.
Martin Buber nos fala da importância do encontro. Daquela
experiência indescritível que vivenciamos ao estarmos ao lado de alguém, seja
conversando ou não, e ter a certeza de que estivemos juntos. Entre nós ocorreu
o que não podemos explicar com palavras, mas sabemos que vivenciamos porque os
nossos sentidos apreenderam o outro e outro nos capturou.
Quando vivemos e não passamos pela experiência do
encontro, entramos e saímos dos lugares sem fazer contato. Porém, o contato é a
chave que pode nos levar ou não ao vínculo que precisamos fazer para pertencer.
Sem os vínculos perecemos, uma vez que precisamos de relações profundas em que
as nossas almas se abracem num abraço que dure.
Sem estar com outro e ele conosco, perdemos nossa
identidade e razão de ser. Mas, nem sempre nos damos conta desta realidade. A nós
foi vendida a ideia de que ter é mais importante do que ser, portanto,
aprendemos a valorizar as coisas mais do que as pessoas. O que é a maior
tragédia vivida em nosso tempo.
Então, cuidado. Avalie seus valores. Precisamos das
pessoas mais do que qualquer outra coisa. Acredite!
Roseli de Aráujo
Psicóloga clínica
Referência:
1. https://super.abril.com.br/ciencia/solidao-mata/
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