Tem pessoas
que são diferenciadas. Minha avó Mariana era uma delas. Ela tinha um riso solto
e alto. Era maravilhoso vê-la contar a história de uma tia que tudo começa com é. Ela falava mais ou menos assim: émariana, ébom, éboatarde... Sempre que
encontrávamos com a avó, eu e meus irmãos, pedíamos para contar esta história.
Não sei se queríamos rir da tia, ou gargalhar com a avó.
Para ela, não
havia pessoas estranhas. Minha mãe conta que, quando eu era criança, era como
ela, mas os anos passaram e fiquei um pouco mais seletiva. Minha avó conservou
sua criança viva. E aonde ia fazia amigos e era querida.
Quando se
converteu ao evangelho, não perdia oportunidade de falar de Jesus. Desconfio
que, até para o vento, pregava. Normalmente, os filhos passavam vergonha ao
sair com ela, porque sem nenhuma cerimônia, abordava uma pessoa e logo começa
falar um texto decorado (que infelizmente eu me esqueci), mas que falava de
Jonas na barriga do peixe por 3 dias, e ele clamou e Deus o tirou, assim Jesus,
no getsêmani, chorou lágrimas de sangue, foi crucificado, morrendo na cruz em
nosso lugar. E assim que declamava o texto, convidava a pessoa para receber
Jesus.
Certa vez, ela
veio para Goiânia para consultar com um médico oftalmologista. Fui com ela
tirar a guia, e quando chegamos lá, havia um tenente-coronel que dava a
autorização. Enquanto esperávamos por ele, ela falou de Jesus para todos que
estavam na sala de espera. Uns ouviam de bom grado, outros torciam o rosto, mas
a avó continuava, como se nada tivesse acontecido. Quando o tenente veio até a
porta chamá-la, todo educado, ela olhou bem para ele, passou a mão em seu rosto
e disse: meu filho, como você é lindo (e era mesmo), Jesus te ama. E citou o
texto decorado. Vi quando aquele homem, imponente em seu uniforme, não
conseguiu conter as lágrimas. Ele a conduzia para sua sala, e depois ela me
contou que ele pediu oração e agradeceu.
Eu a achava
muito divertida, e creio que a maioria dos netos. Hoje, sei que não perdeu a
criança dentro dela.
Certa vez, ‘os
discípulos de Jesus perguntaram para ele quem era o maior no reino dos céus, e
Jesus, chamando uma criança, a colocou no meio deles, e respondeu: eu lhes
asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais
entrarão no Reino dos Céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança,
este é o maior no Reino dos Céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome
está me recebendo’1.
Minha avó se
converteu. Ela se humilhou ao ouvir a voz de Jesus. Ela creu que Ele era o seu
salvador. Ela era uma criança linda.
Quando penso
nela, lágrimas caem em meu rosto, enquanto meu coração sorri. Quero, como ela,
anunciar a Jesus até para o vento.
E por falar...
Você quer conhecer a Jesus? Ou, você quer pregar até para o vento?
Roseli de Araújo
Psicóloga e
Escritora.
Referência:
1.
Mateus 18:1-4
Amém! Não tenho muitas lembranças de avó só do meu avô, mas sua lembrança são lindas , ser espontânea e uma qualidade ímpar no mundo onde quase todos querem mostra o superficial...
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