quarta-feira, novembro 07, 2018

Sou quem eu quero ser? – A diferença da Geração Shopping Center para a Geração facebook



Facebook é um ambiente onde gosto de passar para rever os amigos,
os quais não consigo abraçar e divulgar
 meus  textos.
E você?


Antes da popularização da internet, nossa geração, influenciada pelo mercado capitalista, podia ser chamada de geração Shopping Center por ser preocupadíssima com a aparência, superficial e jactanciosa. Ainda hoje segue com as mesmas características, mas, podemos chamá-la de Geração Facebook.
A diferença da geração Shopping Center para a Geração Facebook é a possibilidade de cada um apresentar seu mundo como quer. No Shopping Center, tudo era e ainda é preparado para captar possíveis compradores dos produtos da felicidade. No Facebook, não só compramos, mas também vendemos a imagem de sucesso que adquirimos.
 Antes de continuar escrevendo, quero deixar claro que nada tenho contra o Facebook. Esta plataforma me permiti ter notícias dos amigos que não consigo encontrar a tanto tempo, fico informada de muita coisa interessante e ainda divulgo meus trabalhos.
Reflito aqui sobre o mito de que a felicidade está nas coisas que adquirimos, pois, esta cultura do ter pode roubar de nós quem desejamos ser. Afinal, para atender a expectativa social temos que ter tantas coisas que nos perdemos.
Sabemos que a internet derrubou fronteiras. Hoje com alguns cliques temos acesso a pessoas, lugares, cursos, países, cidades, histórias inimagináveis. Diante de tantas imagens e informações, necessidades que antes não tínhamos são geradas e nos tornamos insatisfeitos com a vida real que vivemos. Então o que fica é a sensação que o mundo que habitamos é pequeno demais. Portanto, nasce o conflito quanto ao que queremos de fato.
Tantas vezes ao ver as postagens nas redes sociais, acreditamos que amigos, colegas, conhecidos estão felizes porque postaram que agora estão em um relacionamento sério, fazendo uma viagem para o exterior, se formando, conquistando títulos, um carro novo, um corpo sarado. Nesta leitura superficial da vida do outro é possível entrarmos em crise com a nossa própria vida, principalmente se a pessoa estiver avançando em alguma área a qual julgamos que estamos estagnados.
Entretanto, só serei quem eu quero ser quando abandonar a régua da inveja que se fortalece da fantasia desta cultura Facebook, ao parar de achar que eu tenho que ser isto ou aquilo e compreender que é um delírio da cultura ter mais e mais.
O que eu realmente gostaria de fazer na vida? O que de fato é possível? Quem disse que não posso ser feliz com minhas escolhas, embora elas pareçam modestas aos olhos desta sociedade insaciável?Quem disse que ser dona de casa não é bom? Que ser professor é profissão medíocre? Quem disse que ser médico é ser feliz? (Cabe informar que entre eles ocorrem muitos suicídios). Quem disse que a receita do sucesso é a mesma para todos? E o que é mesmo sucesso?
Só serei quem eu quero ser na medida em que eu descobrir meu propósito e focar nele.
Não vamos encontrar quem queremos ser na aparência, na superficialidade e na jactância desta cultura. É preciso descobrir-se, viver com profundidade – verdade o que se tem e com humildade reconhecer as impossibilidades, limitações, dores, defeitos e doenças que certamente todos têm.
Não caia no conto da vida perfeita. A vida é para todos uma estrada sinuosa. 
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

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