sexta-feira, setembro 21, 2018

As cronicas da academia – A “nóia” da dieta



            No CT Skill Box sempre converso com a coache Márcia sobre minha vontade de emagrecer e a importância de mudar o olhar sobre a comida. Ela me influenciou muito na busca de uma alimentação saudável. E, embora esteja longe de ter a sua disciplina, concordamos que a melhor dieta é a reeducação alimentar.
Entretanto, são poucos os lugares em que encontro pessoas que não estão malucas por dietas. E, por onde vou escuto falar das mais miraculosas. Delas, nem ouso escrever seus nomes, para não correr o risco de dar algum incentivo a quem desesperadamente quer emagrecer.  Afinal, todo mundo sabe que na busca da perfeição do corpo faz-se loucuras.
Durante minha vida sempre lutei com o peso. E penso que o corpo leve e bem trabalhado pelos exercícios deve ser bom, contudo, a questão que me inquieta não é a busca por ter um corpo bonito, mas a falta de alegria por ter o corpo que se tem.
Conheço mulheres belas, algumas delas convivo na academia. Mas, são poucas as mulheres que encontro na minha rotina, felizes com sua imagem no espelho.  É como se beleza nenhuma pudesse faltar neste mundo onde o completo não existe.
O interessante é que todas sabem que as belas modelos necessitam do fotoshop para irem para as capas de revistas, e mesmo assim o fardo de ser como elas, não é questionado.
Depois que a indústria da beleza disse que há um modelo, um padrão, e que para ser feliz precisamos conquistar o corpo perfeito, nasceu à insatisfação.  
E se estar dentro do padrão estabelecido é o que nos fará felizes, o que vamos fazer com a história do Elvis Presley e Marilyn Monroe? Ícones de beleza, ambos terminaram suas vidas de forma trágica.
Não te inquietas que a beleza deles não o salvaram? Além de belos, eram ricos e famosos, mas descontentes com suas próprias vidas.
Diante da trágica história de Elvis e Marilyn, ainda resta uma pergunta: O que é mesmo que eu e você precisamos para ser feliz?
Quando minha mãe amputou parte de sua perna esquerda em 2008, sofri em imaginar qual seria sua reação em perder algo tão importante para sua imagem corporal. Contudo, diferente de mim, minha mãe estava preocupada em ficar sem dor, em manter sua vida. Ela lutava por algo maior e nunca vi minha mãe chateada com sua imagem ou acanhada em sair de casa.  
No dia em que saiu do hospital após a sua amputação, eu estava receosa de como iria enfrentar os olhares por onde passaria, entretanto, ao entrar no quarto, ela me pediu um batom e saiu cumprimentando e dando tchau as pessoas pelos corredores.
Confesso, senti vergonha por estar preocupada com algo tão pequeno. Afinal, ela estava viva e sem a dor que a perturbou por cinco longos anos.
Ela me ensinou que nada é mais belo que a vida que recebemos pra viver. E que não podemos ficar bitolados a uma causa tão pequena, enquanto a vida clama pelo seu próprio reconhecimento.
O que temo é que na busca insana do padrão imposto, vivamos a tragédia de estarmos o tempo todo insatisfeitos, e nos tomamos suscetíveis aos transtornos alimentares e de ansiedade.
Por está razão, vá a academia, faça reeducação alimentar e busque viver com alegria a vida que bondosamente recebeu.

Roseli de Araújo
Psicóloga clínica.



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