Brincalhona,
ela chegou sorridente. Nem mesmo um olhar atento poderia supor a dor que estava
preste a compartilhar em meu consultório.
Confesso.
Em muitos momentos no decorrer da sessão tive que lembrar o meu lugar de
psicoterapeuta, tão sórdidos eram os detalhes da sua história. Seu relato me
parecia pior do que um filme de terror, deixando-me com um terrível mal-estar
com a espécie humana.
Em
uma cultura onde a mãe é responsável pela educação dos filhos, logo, culpada
por seus descaminhos, somos tantas vezes propensos a imaginar que a relação com
o pai não produz muitas consequências na vida de uma pessoa, tanto quanto a
relação com a mãe. Entretanto, isso não é verdade.
Este bebê é o meu filho Arlen com o seu querido papai Eliack. |
Do
ponto de vista psicológico, a criança necessita da figura paterna e materna.
Eles são nossas primeiras referências. A partir deles nossa personalidade é
estruturada e nossa visão de mundo moldada.
E, na jornada chamada vida as importantes escolhas que iremos fazer está
intrinsecamente ligada as nossas relações com eles.
Por
muitos anos, o pai foi uma figura central da história familiar. Na cultura
patriarcal, a mulher e a criança estavam sob sua autoridade e domínio. Em suas
mãos estava o poder financeiro e a responsabilidade pela manutenção da família.
A função paterna era de educar e disciplinar. As regras eram rígidas. Porém, a interação
pai e filho guardava uma distância, principalmente nos primeiros anos de vida,
pois à mãe cabia o cuidado.
Na
sociedade ocidental, após a segunda guerra, com as mulheres indo para o mundo
do trabalho, o pai teve que se envolver mais com o cuidado da criança e a mãe
passou a ter a responsabilidade de ajudar na manutenção. O que mudou a
configuração familiar.
Contudo,
tais mudanças não foram capazes de diminuir o “vazio instalado na rede de
relações afetivas”1, o que é fácil de perceber na clínica
psicológica. O Pai, figura tão importante quanto a mãe, parece ter perdido o
seu lugar no sistema familiar. O que tem gerado muitos prejuízos na criança que
repercutirão na sua vida adulta.
Por
essa razão, escrevo sobre este tema. Meu objetivo é ajudar na compreensão da
importância do Pai em nossa formação.
Sei
que para muitos não será fácil revisitar a própria história. É preciso coragem!
Todavia, o conhecimento desta verdade poderá trazer compreensão de quem somos e
das escolhas que fazemos, o que poderá nos levar a novos caminhos. Acredite!
Aguardo
você.
Roseli
de Araújo
Psicóloga
Referência:
1. Benezik, E. B. P.A importância da
figura paterna para o desenvolvimento infantil. Revista Psicopedagogia.2011
Muito importante este assunto,gostei parabéns quero aprender mais a respeito.
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