Hoje, no espelho, vi refletido o sorriso da minha alma. Pálpebras caídas? E daí, se o coração está feliz?
Sinto-me abençoada com a saúde que possuo. Levantei-me com minhas pernas, caminhei com meus pés, segurei a xícara de café com minhas mãos, contemplei tudo o que me cerca, senti o aroma do café, saboreei e experimentei o gosto da tapioca. Que privilégio é viver num corpo que não me impede de me mover. Sim, eu sou verdadeiramente abençoada.
De outro continente, meu marido me ligou com amor; meus irmãos da igreja me levaram para um passeio em comemoração; em casa, um café da manhã preparado com carinho me recordou que estou cercada de afeto. Que festa é ter gente boa ao lado!
Relembrei meus dias passados e, até mesmo diante dos arrependimentos, já não me sinto ocupada pela tristeza. Pelo contrário: alegro-me por ter tido a coragem de ser quem eu quis ser. Não digo com isso que conquistei tudo — nada disso. Apenas aceitei os limites do que pude fazer e avancei no que foi possível. Mas tive a ousadia de declarar: “É isso que quero viver.”
Sei que a vida que vivo está guardada em um mistério profundo. Sim, o medo às vezes me visita. Mas eu creio no Deus que tudo vê e controla, e assim o medo vai cedendo espaço à certeza dos braços que me acolhem.
Roseli de Araújo