segunda-feira, junho 18, 2018

Melhor idade?


           Comecei a usar salto alto quando eu estava chegando aos 40 anos, é que me dei conta que talvez teria pouquíssimo tempo para calçá-los, afinal, a idade avançava e eu não sabia até quando o meu corpo iria aguentar o salto 10, 12 e 15.
Já sei que o corpo não ganha com o passar do tempo, antes perde sua beleza e força, talvez por isso quando consigo fazer bem alguns exercícios em minhas aulas de crossfit, recebo elogios dos meus instrutores e colegas de treino. Mas, não me iludo, faço o que dou conta, me esforço, contudo, o peso do tempo já está sobre os meus ombros.
A cada ano que se passa tenho mais certeza de que a propaganda que anuncia a terceira como a melhor idade é só um jogo capitalista neste mercado de consumo, a produzir novas estratégias de vendas para um Brasil com o número cada vez maior de idosos¹. Os repetidos aniversários nos levam a perder massa muscular, cabelos, hormônios, flexibilidade, equilíbrio e para meu assombro, perdemos até altura. Podemos ganhar peso, fortes linhas de expressão, uma careca brilhante, ou cabelos cada vez mais ralos e finos. Convênios e remédios pesam no orçamento, agora é preciso check up todo ano, e mais exames são acrescentados a cada aniversário. Quem quiser terminar sua vida com mais independência e saúde, será necessário esforços e gastos. A terceira idade sai caro... E o corpo muda, ainda que a indústria da beleza tente nos convencer que é possível nos mantermos eternamente jovens e belos.
Contudo, a alma, tão desprezada pelos comerciais, pode aspirar a beleza e a juventude eterna e a ela é ofertado a plástica sem bisturi na medida em que a vida acontece...
Paulo, escritor de 13 cartas do novo testamento, parece ter passado por esta cirurgia. Certo dia, a caminho de Damasco, indo perseguir cristãos, foi derrubado do seu cavalo por uma forte luz, e ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que você me persegue? Conta a história que depois desta experiência, Saulo deixa de ser um perseguidor da igreja e seu nome passa a ser Paulo, que significa enviado, apontando para a nova realidade que se formou em sua vida, ao se tornar um mensageiro fiel e ativo da mensagem que perseguia. De perseguidor, tornou-se perseguido, e passou a sofrer por sua fé, mas escreveu sobre alegria e paz, mesmo preso em uma cadeia sem nenhum conforto.
 Aquele encontro no caminho de Damasco marcou o início da cirurgia plástica que sua alma passou, e toda sua forma de pensar, sentir e viver foi transformada.
Agora, com a alma modelada, Paulo nos ensina que ‘não devemos ficar com os olhos naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno’¹.Embora este corpo tenha prazo de validade, a alma abrigada por ele é capaz de sofrer as mais belas modelagens e transcender, embora, hoje, ela é tratada como mercadoria esquecida.
Mas, que a luz possa nos derrubar dos cavalos que nos levem a correr atrás do que é transitório, e a gente vendo o que não se ver, encontre novos significados para viver.

IICo. 4:18
Atos 9 - História de Paulo

Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
62 982385297



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