quinta-feira, fevereiro 20, 2025

O passarinho e o meu guarda roupa

 



Era uma manhã bem tranquila. Eu estava lendo, quando de repente um barulho me assustou. Olhei e vi um passarinho no chão. Ele havia entrado voando e bateu na porta do guarda-roupa.

Aproximei com a intenção de ajudá-lo, e ao me ver tentou voar, mas estava desnorteado, e sem conseguir, desistiu de lutar.

Ao ver que nada tinha quebrado, o aconcheguei em minhas mãos, ele se aquietou. Eu fiquei ali encantada com aquele pequenino tão frágil em minhas mãos.

Sua visita tão desajeitada me fez pensar que, na vida, muitas vezes, em decisões que tomamos, batemos em muitas portas de guarda-roupas.

Pensando estar na direção e na velocidade certa, ficamos desnorteados quando nos defrontamos com barreiras que são intransponíveis.

É impressionante como decisões erradas têm o poder de nos paralisar, nos levando, muitas vezes, a nos impor uma jornada solitária e recheada de medos. Decepcionados em não perceber as barreiras antes, nossa tendência é pensar: Como não vi o guarda-roupa? Como não medi a distância certa? Por que fui tão rápido? E são tantos os porquês que nos atormentam...

Decisões erradas nos levam a ficar desconfiados da nossa capacidade. E como aquela criança que passou a ter medo da janela porque um dia pulou, por pensar ser um super-herói e quebrou a perna, assim somos nós, passamos a ter medo de errar e cremos que só vive bem quem nunca erra. Todavia, esta crença pode nos quebrar a alma.

Não sei onde aprendemos que devemos acertar em tudo. A verdade é que a vida nem sempre sinaliza as curvas, os abismos, as fronteiras, e é preciso caminhar para aprender o caminho.

Temos que aceitar que viver é decidir. E que depois de certas decisões podemos experimentar a sensação de que, de agora em diante, ‘o daqui para frente é só para trás’. Porém, este sentimento deveria servir para ficarmos quietos até entendermos onde foi que erramos, para então corrigirmos a rota à nossa frente. Todavia, muitas vezes ficamos como aquele passarinho, amuados e desconfiados de qualquer um que se aproxima com suas mãos estendidas.

Aquele passarinho, eu o levei ao pé de pitanga, que fica de frente à janela do meu quarto, e o coloquei em um galho. Ele ficou quietinho por alguns minutos, depois se sentiu seguro e, quando voltei lá, já tinha voado.

Confesso. Fiquei feliz em tê-lo ajudado a voltar ao seu propósito.

Eu creio que assim o Senhor faz conosco.

Quando ficamos desnorteados e sem conseguir lutar, Ele nos leva para pitangueira da nossa vida e nos coloca num galho seguro. Ele não fica levantado os porquês dos nossos erros. Ele deseja que a gente fique apenas um pouco de tempo quieto, para percebermos o que Ele fez e tem feito por nós. Tempo só para refletir e pedir perdão por um dia termos confiado que não iríamos errar. Tempo apenas para perceber que Ele estende as mãos para gente como eu e você. Tempo para ver que em Cristo somos perdoados. Tempo para podermos encontrar nEle a segurança perdida e voltarmos a voar na direção do seu propósito.

Creia, Ele se alegra quando você volta a voar.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga clínica

 

 

3 comentários:

  1. Amém! Que voltemos a voar, não confiando em não errar, mas confiando que se erramos a rota Deus nos ajudará a voltar para o caminho certo.

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  2. Que possamos voar , que voltemos ao propósito .

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