Era uma manhã bem tranquila. Eu estava lendo, quando de
repente um barulho me assustou. Olhei e vi um passarinho no chão. Ele havia
entrado voando e bateu na porta do guarda-roupa.
Aproximei com a intenção de ajudá-lo, e ao me ver tentou
voar, mas estava desnorteado, e sem conseguir, desistiu de lutar.
Ao ver que nada tinha quebrado, o aconcheguei em minhas
mãos, ele se aquietou. Eu fiquei ali encantada com aquele pequenino tão frágil
em minhas mãos.
Sua visita tão desajeitada me fez pensar que, na vida,
muitas vezes, em decisões que tomamos, batemos em muitas portas de
guarda-roupas.
Pensando estar na direção e na velocidade certa, ficamos
desnorteados quando nos defrontamos com barreiras que são intransponíveis.
É impressionante como decisões erradas têm o poder de nos
paralisar, nos levando, muitas vezes, a nos impor uma jornada solitária e
recheada de medos. Decepcionados em não perceber as barreiras antes, nossa
tendência é pensar: Como não vi o guarda-roupa? Como não medi a distância
certa? Por que fui tão rápido? E são tantos os porquês que nos atormentam...
Decisões erradas nos levam a ficar desconfiados da nossa
capacidade. E como aquela criança que passou a ter medo da janela porque um dia
pulou, por pensar ser um super-herói e quebrou a perna, assim somos nós,
passamos a ter medo de errar e cremos que só vive bem quem nunca erra. Todavia,
esta crença pode nos quebrar a alma.
Não sei onde aprendemos que devemos acertar em tudo. A
verdade é que a vida nem sempre sinaliza as curvas, os abismos, as fronteiras,
e é preciso caminhar para aprender o caminho.
Temos que aceitar que viver é decidir. E que depois de
certas decisões podemos experimentar a sensação de que, de agora em diante, ‘o
daqui para frente é só para trás’. Porém, este sentimento deveria servir para
ficarmos quietos até entendermos onde foi que erramos, para então corrigirmos a
rota à nossa frente. Todavia, muitas vezes ficamos como aquele passarinho,
amuados e desconfiados de qualquer um que se aproxima com suas mãos estendidas.
Aquele passarinho, eu o levei ao pé de pitanga, que fica
de frente à janela do meu quarto, e o coloquei em um galho. Ele ficou quietinho
por alguns minutos, depois se sentiu seguro e, quando voltei lá, já tinha
voado.
Confesso. Fiquei feliz em tê-lo ajudado a voltar ao seu
propósito.
Eu creio que assim o Senhor faz conosco.
Quando ficamos desnorteados e sem conseguir lutar, Ele
nos leva para pitangueira da nossa vida e nos coloca num galho seguro. Ele não
fica levantado os porquês dos nossos erros. Ele deseja que a gente fique apenas
um pouco de tempo quieto, para percebermos o que Ele fez e tem feito por nós.
Tempo só para refletir e pedir perdão por um dia termos confiado que não
iríamos errar. Tempo apenas para perceber que Ele estende as mãos para gente
como eu e você. Tempo para ver que em Cristo somos perdoados. Tempo para
podermos encontrar nEle a segurança perdida e voltarmos a voar na direção do
seu propósito.
Creia, Ele se alegra quando você volta a voar.
Roseli de Araújo
Escritora e Psicóloga clínica
Amém! Que voltemos a voar, não confiando em não errar, mas confiando que se erramos a rota Deus nos ajudará a voltar para o caminho certo.
ResponderExcluirAmém minha querida
ResponderExcluirQue possamos voar , que voltemos ao propósito .
ResponderExcluir