Abrimos o
aplicativo do banco. E uma angústia visita. A vida está cara. As compras do
básico têm o preço de objetos de luxo, e saímos do supermercado assustados com
as poucas sacolas. As contas não param de chegar. E quando conseguimos, com
muito custo, pagar as contas de um mês, outro se inicia.
A noite chega,
e como é difícil dormir quando se carrega o peso da falta de dinheiro. Sem
sono, pelas pré-ocupações do que fazer para encontrar saída deste túnel escuro,
ficamos a pensar no que inventar... E a paz parece fumaça que se perdeu no
tempo.
Contudo, tem
um mal ainda mais cruel que nos assola. A necessidade de ter o que não é
necessário. E corremos atrás de tantas coisas que já perdemos de vista a
verdade que a vida não consiste na quantidade de bens que conquistamos ao longo
do caminho1.
Dizemos: A
nossa casa é o céu. Todavia, vivemos em prol de construir patrimônios nesta
pátria que não é a nossa. Nem mesmo o dia do luto é capaz de nos advertir que
desta vida nada vamos levar e saímos de um velório preocupados com o que temos
que conquistar.
Buscar o reino
de Deus e a sua justiça para todas as coisas serem acrescentadas2 parece
mais história de ficção do que promessa do Deus todo poderoso. E seguimos
cansados como qualquer outro que não crer, porque deixamos de buscar o reino de
Deus em primeiro lugar, pois temos que construir o nosso.
O pior que nos
ocorre é que esta escolha nos deixa à deriva, neste mar turbulento da
ansiedade, como se não estivéssemos no navio da graça.
Seguimos
afirmando a nossa fé no pão da vida, com fome de mais, mais, mais... Temos água
da vida e vivemos com sede.
Somos a luz do
mundo, mas estamos trancados no quarto escuro da incredulidade, vivendo como
luz de vela no final do pavio.
Somos o sal da
terra, todavia, contentamos em ser pisados pelos homens todo dia, ao nos
submetermos ao sofisma que para ser temos que ter.
Pregamos sobre
o Deus da provisão, do Soberano no controle, mas nem nós mesmos estamos convencidos
destas verdades, porque elas não nos acalmam mais. A verdade é que a nossa alma
o tempo todo grita por águas de descanso.
Que
estranho... Parece que estamos perdidos no reino de Cristo, como se fôssemos do
mundo que jaz no maligno3. E nos tornamos os mais infelizes de todos
os homens porque não vivemos da graça que já recebemos.
Que hoje, Deus
nos ajude a fechar o aplicativo do banco como quem não é órfão do Pai.
Roseli de
Araújo
Escritora e
Psicóloga clínica
Referência:
1.
Lucas 12:5
2.
Mateus 6:3
3.
IJoão 5:19
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