sexta-feira, julho 18, 2025

Temos Pai?

 


Abrimos o aplicativo do banco. E uma angústia visita. A vida está cara. As compras do básico têm o preço de objetos de luxo, e saímos do supermercado assustados com as poucas sacolas. As contas não param de chegar. E quando conseguimos, com muito custo, pagar as contas de um mês, outro se inicia.

A noite chega, e como é difícil dormir quando se carrega o peso da falta de dinheiro. Sem sono, pelas pré-ocupações do que fazer para encontrar saída deste túnel escuro, ficamos a pensar no que inventar... E a paz parece fumaça que se perdeu no tempo.

Contudo, tem um mal ainda mais cruel que nos assola. A necessidade de ter o que não é necessário. E corremos atrás de tantas coisas que já perdemos de vista a verdade que a vida não consiste na quantidade de bens que conquistamos ao longo do caminho1.

Dizemos: A nossa casa é o céu. Todavia, vivemos em prol de construir patrimônios nesta pátria que não é a nossa. Nem mesmo o dia do luto é capaz de nos advertir que desta vida nada vamos levar e saímos de um velório preocupados com o que temos que conquistar.

Buscar o reino de Deus e a sua justiça para todas as coisas serem acrescentadas2 parece mais história de ficção do que promessa do Deus todo poderoso. E seguimos cansados como qualquer outro que não crer, porque deixamos de buscar o reino de Deus em primeiro lugar, pois temos que construir o nosso. 

O pior que nos ocorre é que esta escolha nos deixa à deriva, neste mar turbulento da ansiedade, como se não estivéssemos no navio da graça.

Seguimos afirmando a nossa fé no pão da vida, com fome de mais, mais, mais... Temos água da vida e vivemos com sede.

Somos a luz do mundo, mas estamos trancados no quarto escuro da incredulidade, vivendo como luz de vela no final do pavio. 

Somos o sal da terra, todavia, contentamos em ser pisados pelos homens todo dia, ao nos submetermos ao sofisma que para ser temos que ter.

Pregamos sobre o Deus da provisão, do Soberano no controle, mas nem nós mesmos estamos convencidos destas verdades, porque elas não nos acalmam mais. A verdade é que a nossa alma o tempo todo grita por águas de descanso.

Que estranho... Parece que estamos perdidos no reino de Cristo, como se fôssemos do mundo que jaz no maligno3. E nos tornamos os mais infelizes de todos os homens porque não vivemos da graça que já recebemos.

Que hoje, Deus nos ajude a fechar o aplicativo do banco como quem não é órfão do Pai.

Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga clínica

 Referência:

1.       Lucas 12:5

2.       Mateus 6:3

3.       IJoão 5:19




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