quarta-feira, maio 04, 2016

Surjo





Surjo das cinzas.
Do fogo das decisões erradas, dos caminhos que não deviam ter sido trilhados. Do olhar que não era para ser visto. Das promessas que não deveriam ter sido feitas. Dos beijos que não me pertenciam. Dos abraços fora do tempo.



Eu surjo da descrença de mim mesma, da culpa que esmaga, do eco de vozes dizendo, 'de novo'?




Eu surjo da vergonha frente a acusação que grita... Mas, ainda que envergonhada eu esteja, levanto meus olhos e, encontro Jesus, a me dizer, 'mulher quem te acusa'?


Busco em vão ver quem me acusa, contudo, me deparo com meu próprio coração que se agita com as lembranças que trago do vivido... E percebo que o meu pior carcereiro é o meu próprio julgamento.
Mas, ouço a voz do Mestre, a ecoar com amor, 'Vai filha, recomece e, não peques mais'


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segunda-feira, maio 02, 2016

Qual é o seu tempo?


A vida, assim como a terra, guarda as suas estações: Verão, outono, inverno, primavera. A vida tem mais estações, mas hoje, gostaria de pensar com vocês que há duas estações que vivemos que marcam muito nossas vidas: as estações da alegria e as estações das tristezas. As estações da terra ocorrem cada uma em um determinado período de tempo, mas as estações da vida, muitas vezes se mesclam, chegam juntas, nos levando a sorrir e chorar ao mesmo tempo.
Viver, talvez, seja também, saber conviver com estas duas realidades juntas, sem perder a capacidade de entristecer pelo que é preciso estar triste, assim como, sem perder o sorriso pelo que traz alegria.

O meu tempo hoje é de um amor novo chegando, e como esse amor me alegra! Mas, também é tempo de despedidas.
É tempo de novo começo, mas também é tempo de deixar para trás o caminho que estava sendo trilhando até ontem.
É tempo de aceitar desafios nunca imaginados, mas também é tempo de deixar o confortável que outrora fora instalado.
O desafio, penso, é alargar o coração... é não se perder em nenhuma possibilidade de anulação do que brota. Afinal, a vida é travessia no deserto cercado pelo oásis de Deus.
Por vezes sou lembrada que o riso passa, é verdade, certamente que nessa vida onde as dores residem até no riso, as lágrimas é uma realidade sem trégua.
Contudo, decido viver com alegria a dor que recebo e, com mais alegria, a alegria que abraço.



sábado, abril 30, 2016

Trecho do Capítulo 4 " A culpa sob a mira da Palavra"

 ...A grande questão enfrentada para vencer a culpa foi meu orgulho pessoal. É claro que naquela época não admitiria isso nem sendo ameaçada de morte. Afinal, o que leva uma pessoa a pensar : Porque eu errei? Não seria uma falsa imagem que abriga de si mesma? Para as pessoas que não creem que a natureza do homem é corrompida faz sentido essa pergunta, mas para os que creem na Palavra, e sabem que são pecadores, qual a razão? Esse talvez seja o grande problema: acreditamos muito em nós mesmos, achamos que podemos, que temos em nós a capacidade de sermos santos, que temos a palavra que pode ser ouvida porque temos uma vida que a garante. Falamos da graça, mas compreendemos muito pouco o que isso significa no cotidiano das nossas                                                                               vidas...

sexta-feira, abril 29, 2016

A solidão das palavras

Hoje é um daqueles dias em que nenhum tema para escrever visita a minha alma.. Sinto-me abandonada pelas palavras...  E, a solidão do prazer que mais me encanta, se mostra com toda sua exuberância.
Estou em casa só... De braços que me abraçam, de conversas soltas na mesa, de troca de olhares, de divisão dos afazeres, e aqui,  reina o silêncio de fora... enquanto em mim, há barulhos, e, quem sabe até entulhos que impedem o prazer de chegar aos meus dedos. Contudo, digito!
Com este silêncio autoritário, brigo, não gosto de ser por ele manipulada, mas sua força hoje se coloca esmagando qualquer possibilidade de em mim, eu, hoje, mandar.
E rendida no silêncio das palavras, ouço a voz do que nem sempre consigo encarar, percebendo minha pequenez, minha incapacidade de qualquer coisa controlar... Seria isso provar um pouco da morte? A morte,  definitivamente, agora, não me parece rondar, mas a morte, se coloca diante do que eu quero viver e não consigo. E, visitando-me sem estar, agora, presente, provoca em mim o pensar sobre o significado da vida que eu quero viver, estreitando em mim os laços com quem amo, afinal, por quanto tempo os terei?
Na verdade, por quanto tempo vou viver a vida que de graça recebi? Por quanto tempo poderei ouvir aquele música que invade minhas entranhas e me sacode? Por quanto tempo vou ouvir o som das águas que correm entre as pedras no rio de Pirinópolis? Por quanto tempo vou provar aquele chocolate que minha boca molhar só de pensar? Por quanto tempo terei os amigos construídos, no decorrer da minha jornada?
Por um instante desejo a morte sondar, mas só por um instante, não me perderei nessa loucura de tentar desvendar os mistérios do cosmo, antes, hoje, no silêncio que se faz entre as minhas paredes, decido pela Vida.
 Não esta vida, corpo, alma, que recebi para aqui compartilhar, mas A Vida, que em Cristo, recebi.
 NEle, minha esperança se alarga. NEle tudo faz sentido. NEle, o efêmero se reveste das cores mais brilhantes, que desconfio, que a eternidade deve abrigar. Por Ele, quero viver e não deixar com que nenhum entulho mate dentro de mim, a vida que Ele sempre quer me dá.



quinta-feira, abril 28, 2016

Agora entendo os marinheiros...

Foto de Parati- Passeio de barco
Na imensidão do mar, eu me encontro. Fui levado pelas ondas que invadiram a praia do meu coração. Nadei num primeiro instante enquanto ainda tinha areia para firmar os pés, na tentativa de não me entregar por inteiro. 


Mas, a onda foi mais forte e me levou para o alto mar. 
Cansado de temer a vida, descansei meu corpo sobre as águas, e, seduzido pelo canto da sereia, me entreguei.
Agora entendo os marinheiros que se deixam levar... eles compreenderam que não há nada a fazer.
Em alto mar não avisto terra firme, contudo, minha alma confortada está pelo âncora invisível que me segura, sem me roubar as ondas com seus braços a me acalentar, num movimento de vida e morte, de alegria e dor que meu coração não explica...
Sentindo o azul do céu encontro descanso para a razão que não se cala, tanto quanto me desencontro da emoção que intenta me convence a não ir em frente. 
É que agora, minha alma me assegura que não há mais terra para pisar. O medo, este visitante sem convite, sem força sussurra outros mares para me levar, entretanto, não existe outro lugar que eu queira estar.




E, surpreendido pela força do que me mantém tranquilo longe da terra firme, descubro, que o coração só descansa, quando sabe que encontrou outro coração pra amar.


terça-feira, abril 26, 2016

Vida alheia

Eu não entendo, porque a vida pessoal de alguém interessa tanto... já viram como as pessoas estão sempre perguntando sobre coisas as quais nenhuma diferença farão para suas vidas?
Mas, curiosos seguem tantos...
Eu me pergunto onde encontram tempo para cuidar do viver que é do outro, colocando seus olhos na busca de respostas que não respondem nada do que precisam, como se na vida do outro pudesse encontrar algum sentido para a sua própria, talvez acredite que a vida do outro é mais interessante que a sua. E, talvez seja mesmo.
E como encontram tempo? Dizem que o tempo é ouro, contudo me parece que para esses, o tempo é dinheiro gasto sem um bom planejamento.
A grande pergunta que surge é:'O que está por detrás de tanta curiosidade?'
A vontade de saber se a grama do lado de lá é mais verde do que a sua?
A sensação de não estar vivendo o que deveria, enquanto o outro naturalmente já desfruta?
Ou aquela inquietação diante do que não consegue ser?
O que tem por detrás das perguntas?
Eu não ouso imaginar, mas já imaginando, eu me acerco de que o coração humano é terra maligna.
Quem sabe é a vontade de ser sentir mais pleno na mediocridade da sua vida?
Quem sabe é o desejo secreto de não ter o que se vê, mas que anseia que o outro não desfrute, afinal, quem é que pode viver o que eu acredito que não posso?
Minhas respostas são sempre não sei, a todas as perguntas que faço.
Porém admirada fico com a maldade contida em perguntas que parecem a nenhum lugar chegar.
Serão amigos os curiosos? Ou serão apenas aqueles os quais não devemos nem nossa mesa partilhar? Se a curiosidade domina, o que incomoda?

A curiosidade pela vida do outro que é curioso, hoje, me visitou, nossa que horror!
Afinal, meu tempo é ouro refinado pelo mais ardente fogo, e não pode ser gasto por coisas tão sem valor.

segunda-feira, abril 25, 2016

Atrair e trair




Atraídos, vulneráveis somos.

É verdade, sem mentira, que quem nos atrai nessa vida,
pode ser também quem mais nos trai? 
Uma vez atraídos, sem reserva ao outro, nos entregamos por inteiro. 


Mas, traído, fecho-me diante da realidade que se fez maior do que aquilo que eu acreditava.

É que agora, o chão que era firme, se torna areia que se move...
E corro para não me afundar nesse abismo que me traga.
Diante do novo que se apresenta a mim, novo que eu não quis ver ou ouvir, me pergunto: Quem é você?
 Já não reconheço o que vejo, e sigo agora com o olhar cortado da beleza que um dia viu, e com esta visão desfeita, tento compreender a nova estrada que em o meu coração surgiu. 


E sem entender o porque o chão, antes, firme, se tornou agora, areia que se move, deixando-me no vazio do que não compreendo, saio mesmo sem força, e corro dentro de mim, para não me afundar nesse abismo que me abocanha.



E com as mãos vacilantes pela dor que emerge, quebro as chaves por dentro, na tentativa de não ser mais ferido, mas a ferida já sangra... quem me atraiu, partiu... 

E nesse momento quando a solidão é minha amiga mais presente... tenho medo do que vejo em mim. Talvez eu apenas não tenha desconfiado do que sempre esteve ali. Talvez a dor que mais dói, seja descobri, que fui atraído pelo que quis, e fui traído pelo que eu mesmo escolhi.


Diante desta realidade, que agora marca a minha própria imagem, vejo brotar em mim o fosco desencantado, de quem perdeu o brilho de um dia ter crido no que achou ter visto... E ao perceber que a visão que me enganara, não era a visão do outro, a minha razão se desespera diante do meu coração enganoso.



sábado, abril 23, 2016

Este livro foi escrito com objetivo de ajudar irmãos na fé a compreender que Deus não se assusta com a nossa condição humana. Nós é que lutamos contra o humano que está em nós. Infelizmente a igreja no Brasil hoje, tem ensinado um evangelho que não é o evangelho de Cristo.

O livro está a venda pelo whatsApp 62 82385297. Todo seu lucro será revertido para projetos sociais e missionários.

Trecho do Capítulo 5

"...Não raro os cristãos querem perdoar, mas desejam vingança; querem deixar de falar mal das pessoas, mas desejam expô-las; querem servir melhor, mas desejam ser servidos; querem ofertar mais, mas desejam gastar com coisas que não necessitam; querem ir mais à igreja, mas desejam estar trabalhando e comprometidos com a vida familiar e social; querem vencer os pecados da gula, mas desejam comer toda a caixa de chocolate em uma sentada; querem pensar coisas puras, mas desejam o proibido; querem aprender a esperar em Deus, mas desejam agir com pressa. E frente ao que sabemos que devemos viver, àquilo que está em oposição ao que de fato desejamos, muitas vezes cedemos à velha natureza, que nos chama a sustentar a mentira, ou desanimamos com os padrões da vida cristã. Muitas vezes, vivemos uma verdadeira esquizofrenia espiritual, acreditando que não podemos sentir, enquanto estamos sentindo. Negamos assim a realidade dos sentimentos que fazem morada em nós, ou que nos assaltam diante de tudo que vamos experimentando no decorrer da vida. É impressionante o quanto o ser humano pode ser tornar especialista em negar o que vive, o que sente..."

sexta-feira, abril 22, 2016

Sombras


Por vezes no coração se faz sombras. Sentimentos opacos brotam não permitindo passar luz como um corpo escuro e sombrio, fazendo a luz da alegria de um momento tão rico, não encharcar a alma da gente. Nos perguntamos, 'O que surge tão sorrateiramente'?
Então descobrimos que há sombras que assombram o momento ainda que o sol se desponte no horizonte. Elas estão dentro e não fora desta terra estranha e desconhecida, que abriga todos nossos mais profundos desejos e dores.


Quando as sombras surgem, tememos. Até que nos damos conta que sem elas não aguentaríamos o sol do meio dia, porque são elas que dão aos olhos o conforto para que eles vejam para além do tempo.
E, vamos aprendendo que as sombras fazem parte do caminho, do humano, ainda que sejam sombras que escondem o olhar que se faz dentro, ainda que sejam dúvidas que nos roubam a certeza do novo caminho. O sol forte não podem cegar os olhos se as sombras se apresentam.

E, a certeza de que a vida vai dar certo invade, na verdade, a vida já deu certo. E as sombras que surgiram para assombrar se tornam sombras que descansam o coração da gente.

E, nesses dias aquecidos pela alegria presente, a luz que irradia não pode ser contida, por nenhum sentimento opaco, apenas pode ser sombra que torna possível o coração aguentar a certeza de que agora chegou o tempo de ser feliz, ainda que o medo se faça presente.

E nos assentamos na cadeira de balanço que a sombra constrói no alpendre da alma da gente. É que a sombra artesã, só existe porque está no caminho onde a luz incide sobre corações opacos, que se encontram.
Ao Criador, toda reverência pelas sombras.








quinta-feira, abril 21, 2016

Guerreiro Cansado


A estrada é incerta. Não se sabe se longa ou curta. Porém, o guerreiro vem com sua armadura. A espada já pesa frente a realidade de não saber o tempo, e o coração se sobrecarrega com o pensar da pergunta: Até quando?
Mas o guerreiro segue. Ele vislumbra a cruz ao longe e, atraído por ela não consegue abandonar o deserto. É necessário cruzá-lo.
A cruz que o atraiu, é a cruz que o colocou no caminho. Que tornou possível seus passos ao seu rumo. 
É a cruz, hoje, vazia, mas que um dia, na plenitude dos tempos, fora levantada com o Filho do Homem. 
E o guerreiro atraído se pôs no caminho aberto, no caminho que é deserto, que é estreito. Por que?  É certo que nele a Verdade e a Vida se faz por inteiro.
E, mesmo cansado, o guerreiro avança, passo a passo. Suas mãos se abaixam, e a espada antes carregada em punho, agora, arrastada está. Mas ele segue sem vacilar, fora buscado pelo Deus que se fez homem, e que assentado está a interceder por ele. 
Seus inimigos se apresentam de todos os lados, são lobos, são como leões que rugem, mas no seu caminho está o Leão da tribo de Judá.
Sua vitória é garantida, e ainda que se sinta fraco, é e sempre será, sustentado pelo Criador do cosmo, o ressuscitado.
Texto: Roseli de Araújo

quarta-feira, abril 20, 2016

O amor entre o homem e uma mulher

 O amor sempre salva. ainda que seja o amor humano. E penso que está certo o que Lulu Santos e Nelson Motta ao escrever o "teu amor me cura de uma loucura qualquer". É verdade que o amor entre um homem e uma mulher pode nos curar de dores que trazemos.
Muitas vezes acreditamos ser o patinho feio, até que somos olhados pelos olhos de um apaixonado, e passamos nos sentir mais belos. Tantas vezes cansados das nossas próprias escolhas, pensamos,        'perdemos oportunidades, fizemos tudo errado', mas chega alguém que nos provoca esperança de novo, e nos vemos sonhado como na época de adolescentes.  

O amor entre um homem e uma mulher  tem si o poder de nos tirar da desilusão para os sonhos, da solidão para a vida em família, do caminho sozinho para o andar de mãos dadas. 

Talvez por isso, não seja raro ouvirmos, que a pessoa depois que começou um relacionamento passou por uma verdadeira transformação. É que o amor sempre provoca no outro um novo caminho.
E a vida sempre nos presenteia com tantos amores, cores e flores, nos fazendo seguir em uma direção nunca, antes,  imaginada. Quando chega, traz o gosto pela simplicidade da vida, tornando um pão com café um banquete oferecido pelos deuses.
Porém, os amores humanos são limitados em sua cura. Seus efeitos duram enquanto aquela relação existir, e se pessoa amada  vai, a gente se perde. O ódio não cogitado se desponta, e queremos morrer ou matar quem se ama. 
Mas, apenas o amor de Deus nos cura de todo mal que abrigamos no peito.
O amor de Deus é o único dos amores que tem o poder de nos fazer fortes diante das batalhas árduas da vida. 
O amor de Deus nos dá esperança diante do impossível. 
O amor de Deus mantém nosso bom humor diante do que não compreendemos. 
O amor de Deus nos faz seguir adiante mesmo machucados por quem amamos. 
O amor de Deus nos  faz querer vencer o mal com o bem. 
O amor de Deus nos promove segurança no meio do mar revolto das nossas emoções. 
O amor de Deus é sempre porto seguro diante da morte que nos rouba o que tanto queríamos ter.
O amor de Deus é a certeza de que todos amores da vida são presentes, ainda que eles digam não ao nosso caminho. 
E diante da saudade que os amores nos deixam, da decepção que passa a existir no coração, nos levando a desacreditar que amar vale a pena, o amor de Deus se faz presente nos revelando a verdade de que a morte foi vencida pela vida. E nessa caminhada com Deus, Ele vai nos livrando da nossa maior loucura, a de vivermos longe dos propósitos seus.








terça-feira, abril 19, 2016

Jesus - Deus Homem


Ele, diante de dois peixes e cinco pães, não murmurou do pouco, mas ergueu a sua voz em gratidão ao Pai, nos ensinando o caminho do milagre da multiplicação. 
Ele, o Santo, a Luz do mundo, abaixou os olhos frente a uma mulher exposta, a pecadora que os homens queriam apedrejar. Perguntado sobre o que dela fazer, cala seus acusadores, que um a um saem com suas pedras nas mãos, nos mostrando que não há lugar para lançar pedras, quando a verdade do que somos, presente está. 
Ele não suportava a hipocrisia dos fariseus, e esses, dele sempre escutava as verdades como facas. Mas, nos ensinou que o amor é o caminho para lidar com os inimigos.
Ele sabia ouvir as entrelinhas do que não era dito, e se compadecia daqueles os quais a esperança fora levada pela força do sofrimento. E diante de um homem que por 38 anos buscou cura, o fez ver que ainda que a sua fé estava fraca, sua misericórdia é força que o faz realizar o impossível em qualquer tempo.
Ele suportou o beijo que o entregou...  e sua pergunta inquieta, 'amigo o que o traz'? Ele sabia tudo, mas por três anos andou com aquele que sempre o roubou até o vender.

Ele, o amigo do Deus Pai, não hesitava orar por horas a fio, mesmo cansado após um dia árduo de trabalho. Por certo, Ele encontrava nesses momentos, a harmonia do dialogo mais misterioso de todo o cosmo... era o Deus Homem falando com o Deus que o enviará.
Ele sabia dormir quando o mar se agitava. Acordado, acalmava o coração dos discípulos, e mesmo vivendo o comum da vida, quando queria dizia para o mar se aquietar.
Ele escolheu seus discípulos e os fez primeiramente amigos, mas ao ressuscitar os chamou de irmãos. Que mistério! o Arquiteto das estrelas, fazendo de humanos pecadores, filhos adotados do seu Pai.
Ele em Caná da Galileia fez o final da festa de um casamento servir o melhor vinho, dando esperança aos homens, de que a alegria foi sua primeira agenda ao começar seus milagres.
Ele, sendo tão perfeito, entrava na casa de pecadores como Zaqueu, que a nação judaica odiava, e no encontro com Ele, o ladrão se fez honesto, o imperfeito, encontrou o amor que o fez de novo.
Ele que criou o planeta e os seus habitantes, cultivava amigos em Betânia, Lázaro, Maria e Marta, e os visitava para lá descansar. O Deus do cosmo, dormindo e comendo em comunhão com amigos, como a gente, em um dia de domingo, dá pra imaginar?
Ele mudou sua rota para com uma mulher não aceita, conversar, e lhe prometeu água viva, pois via no seu coração o desejo de adorar. 
Ele que ressuscitou mortos, subiu ao calvário. Estranho caminho, loucura diante do humano. Mas, os humanos sabem quem são os loucos, ainda que morram dizendo, 'somos saudáveis'.
Ele, Jesus, não precisou de ninguém tirar a pedra do seu túmulo, porque lá, já não estava. 
E agora ressuscitado, é certo que Ele vai voltar. 

















segunda-feira, abril 18, 2016

Espelhos




Naquela casa havia espelho, mas ninguém ousava vê-los.
E na falta de brilho da solidão dos olhares, era possível ver que não havia nenhum dividir do pão.
Contudo, os espelhos estavam por toda parte.
Na sala a TV ligada para preencher a conversa que não se fazia.
 No quarto, o sono inventado para não ser tocado e nem incomodado, ou a dor de cabeça que não se pode medir, mas que na insistência da sua presença, mostra qual é a sua régua.
Na varanda, a cadeira de corda, a rede, sempre vazia. É que naquela casa não havia nenhum espaço para os outros, ela já estava preenchida pelo eu dos seus habitantes.
Na cozinha, o sentar à mesa já não era bem vindo, sendo preferido não comer por medo de engasgar com a indiferença sempre posta sobre a mesa.
O banheiro, um escape, para viver a solidão sozinho.
Na garagem, um carro, uma esperança... sair era o que mantinha aquela convivência.
Mas, naquela casa havia espelhos, e ninguém se inquietava do fato de que ninguém os olhavam.
Eles. os espelhos, se falassem, gritavam, ‘Vejam, vejam, vejam, a morte ronda, salve a casa’.
Mas o medo os dominavam, era melhor apontar o outro do que se ver no espelho... e assim a morte já reinava... o perdão já se despedira, a educação se perdeu no ralo do “to nem ai”, e a conversa que um dia fora leve, pesada ficou, até que o silêncio se impôs, na construção de muralhas...
Os espelhos mostravam o que precisava ser visto, e revisto, retocado... mas ninguém se sentiu responsável... e sozinho ficou a mostrar o que não era bem visto.
Naquela casa, um dia houve sorrisos. E os espelhos eram amados. Porém, o tempo dos eventos que ventos fortes trouxeram desorganizou aquela casa... e nenhum móvel podia ser mantido como era... que pena! Nasceu bonita, cheia de vida, prometia ser bela, mas se tornou escombros... sem possibilidade de florescer de novo...
Os espelhos foram ignorados,  e até a bruxa da branca de neve tratou o seu espelho melhor do que eles... Naquela casa, os espelhos, nem foram consultados, ‘espelho ,espelho meu quem é mais belo do que eu’? Os moradores não queriam saber da beleza do outro, se perderam como Narciso.

Mas os espelhos naquela casa continuam. Estão sujos pelo desprezo dos que passam por eles, mas estão lá, e quem sabe um dia, a vida volte a correr naquela casa, e a morte deixe de lá rondar.