segunda-feira, maio 21, 2018

Então o futuro é isso aí?



E o presente,
A vida segue com suas pontuações ... ( ) ! : ;ou “ ”,  _?. E a vida insiste ... ;  , e _  “ ” ( ) ! : ? e.
E o olhar se perde nas mãos adormecidas, a sussurrar ao coração sem palavra alguma, que não há movimento que bombeia a vida. Vive-se só a angústia que paralisa. E do hoje, os passos... Sem ! .
E o futuro é isso ai?
No passado, uma expectativa de que o futuro seria bem melhor. No presente a certeza de que o passado foi melhor.
Então o futuro é isso?
O lugar que não se chega nunca?
Que pena que o coração não desconfia que de pique esconde, ele fica a brincar, no presente de todo dia.


Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Contato 62-982385297

sexta-feira, maio 18, 2018

Nem super bonder cola



A confiança quebrada é louça que nem super bonder cola.  Os pedaços se espalham pela sala, cozinha e quarto, a lembrar que o amor não está mais guardado.
 O abraço antes oferecido agora ficou para dentro. É que o coração ferido com o dito não cumprido, levanta muralhas sem brechas como as de um castelo antigo.
Melhor seria abandonar a justificativa do que já está desfeito, conchegando um gesto humilde de desculpa. Quem sabe assim a ira se despeça, e o amor seja mais uma vez recolhido, em sua forma de mais fina louça. 


Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Contato 62 982385297

quarta-feira, maio 16, 2018

Perdoar é preciso VIII?


É quarta. Eu sigo nesta estrada do perdão, e espero que até junho em consiga concluir.

Perdoar é preciso VIII

Perdoar está para as relações humanas como o respirar está para o corpo.  Sem perdão, o cenário das relações não se sustenta.
Porém, como um órgão do corpo que adoece, comprometendo todo seu funcionamento, pessoas que sofreram traição na relação conjugal, e que decidiram permanecer casadas, contudo, com uma mágoa camuflada, passam a viver um verdadeiro câncer emocional.
 Ainda que haja a confissão antes de ser descoberta a traição, ainda que a rival tenha sido abandonada, por mais que agora, o outro, oferte todo tempo disponível para refazer a relação, e daí? O estrago feito no coração não encontra consolo no arrependimento do que traiu. E sua mágoa não confessada é vista ao fiscalizar quase que diariamente o celular, o facebook e e-mail do cônjuge. Num gesto de quem não consegue se conter, ao final do dia, revista as roupas em busca de algum cheiro, de alguma cor de batom, de algum cupom fiscal... Sempre que supõe algo diferente, revira as coisas pessoais do cônjuge para ver se encontra alguma coisa incomum. Em sua cabeça, faz a conta do tempo, repassa a rota que o outro diz ter feito, e verifica o estepe do carro ao ser informada (o) que o atraso ocorreu porque o pneu furou.
Ao negar para si e para o outro que esteja magoada, mantém a cama como se nada tivesse acontecido, contudo, ao menor toque, seu coração grita, seria assim com a (o) outra (o)?
Na tentativa de controlar o insopitável, fica presa na guarita de proteção à vigiar o outro. Seu coração, outrora em paz, agora vive a guerra “invisível” da desconfiança.
E a angústia não se despede, ela vai comparecendo na lábil emoção que insiste em cristalizar outra forma na relação. ‘Será que estava com a (o) outra (o)?' No perdão, a afronta é relembrada sem roubar a calma alegre da alma, mas, na mágoa camuflada, o lembrar é obsessão que não dá folga, a dizer que está viva a raiva.
Jesus Cristo disse que a existência do divórcio foi permitida por causa da dureza do coração. Ao fazer tal afirmação, fica claro que ele conhecia bem a natureza humana, e dela não esperava nem mais e nem menos do que tinha para oferecer.
Jesus sabia que assim como o menor movimento do magma altera o cenário da terra, o coração humano ao sofrer o movimento do magma da traição, ainda que uma única vez, este deslocaria as placas tectônicas da confiança, mudando para sempre a relação. Ele disse, o coração do homem é duro. Sim! É pedra, é rocha que se modifica na amargura ao perder sua capacidade de seguir em paz.
Quem dera o coração humano fosse da dureza de um diamante, e, mesmo sendo arranhado pelas lapidações da vida, não se quebrasse as pressões vividas. Mas, ele pode ser rocha a se desfazer na dor gerada por uma traição, fazendo com que a possibilidade do deserto se instale.
E ainda que a pessoa tente se manter como se tudo estivesse como antes, a mudança que se fez no íntimo murmura, ‘não dou conta’. É que ao sentir o calor extremo da raiva provocada e o frio extremo da confiança desfeita, prova do destempero do deserto que se fez. Perde-se o equilíbrio.
Agora, o chão é areia a tornar pesada os passos da relação, e a pessoa não é capaz de oferecer ao traidor arrependido o perdão ao provar da sua mágoa velada.
Se há filhos, eles são os primeiros a perceber que a casa antes construída em rocha firme, parece agora, castelo de areia construído na praia enquanto a maré está baixa. É que as crianças sentem, ainda que nada saibam, que algo mudou a estrutura da casa.
É preciso coragem para não negar a mágoa. É na confissão feita a si mesmo que o primeiro passo é dado para encontrar o caminho para tratar o coração que se fez com a traição. Sem este passo, nada mais se fará.
Contudo, este é só o primeiro passo. A viagem poderá ser longa... Mas não desista! Vale a pena caminhar para ver o cenário novo que poderá nascer de um coração que se deixou tratar.
Quem sabe haja lugar para regeneração?
Quem sabe o coração tratado encontre no novo cenário que se formou, belezas antes não vistas?
Seja como for, para a paz, nós fomos chamados.
Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Contato 62 982385297






segunda-feira, maio 14, 2018


A magia da calma

A sala de espera estava um tédio. A vontade era de cruzar a porta... Enquanto o movimento da rua corria em meus olhos. Olhei para o relógio. Uma hora havia se passado e minha cabeça girou nas muitas atividades que estavam por fazer. Meia hora a mais... Ufa! O suor já escorria pela alma, e os pés em atitude de protesto, só se contentavam balançando.
Quando finalmente a porta do consultório se abrira, a minha indignação ocultada foi atrás de um sorriso sem olhar, curto e educado.
A consulta começou...
O homem imponente a minha frente, detinha uma voz e gestos tão serenos, que num “pirimplimplim” me fez esquecer o tempo não mais reconquistado. É mesmo fantástico o poder do encontro com o outro, ao desconstruir a construção que fiz em não estar ali.
E o tempo passou rápido... sai daquela consulta, e a rua antes sedutora, agora perdeu sobre mim o seu encanto. Estava admirada, e desejosa fiquei de aprender o feitiço que dentro de mim fez descanso.
Afinal, tive certeza, tem magia a calma!

Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Contato 62 982385297

sexta-feira, maio 11, 2018

Roupa velha



Confortável roupa velha! De tão rasgada, desbotada, já não serve mais para ir a outros lugares, contudo, a ela nos apegamos. Ao vesti-la somos repreendidos até pelo espelho. É que conforto demais sem beleza alguma começa a embaçar os olhos, mas, insistimos.
Não é fácil jogar a velha roupa confortável fora... Ainda que ela não nos permita ir em outros lugares, ainda que o tesão ela não mais provoca.
É preciso coragem para jogar fora a velha roupa, a ocupar um espaço no guarda roupa e no corpo, contudo, nem sempre sabemos onde encontrá-la. Às vezes, tenho a sensação que a roupa empina o nariz com o ar de soberana, a nos dizer que o seu destino é estar ali pela vida inteira. E agarrados a ela, concordamos que não deve ser mesmo descartada, porém, sem que perceba, abandonadas são as novas cores trazidas pelas estações da moda.
É mesmo confortável aquela roupa velha... O problema é quando a nossa alma a ela se afeiçoa... ai, ai, ai...  A escolher fica não abrir espaço para o novo. Acostuma-se a mesmice. Torna-se insistente a ver a vida passar até que a roupa velha se desfaça. Tomara que dê tempo de revestir o nu que se fará.


Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Contato (62) 982385297

quarta-feira, maio 09, 2018

Perdoar é preciso VII?


É quarta-feira, sigo falando sobre o perdão.



Certa vez uma colega contou-me que se arrependia muito do “sim” no dia do seu casamento. Esta, soube na semana próxima a cerimônia que não deveria se casar, mas não teve coragem de terminar o noivado. Os anos se passaram, e hoje casada, tantas vezes olha para o passado, a suspirar a angústia de uma relação, cujo os corações não se encontram. Na viagem da vida é sempre possível pessoas ficarem angustiadas por não terem obedecido o saber que sinalizou a melhor estrada, provando o terrível destino do “sim” quando gostariam de ter dito “não”. 
É possível também encontrar pessoas entristecidas por terem quebrado seus próprios princípios. Para estas, não há descanso, ainda que achem motivos que justifiquem suas escolhas. Ficam a repetir: o que fiz? Deixando de acreditar que ainda tem jeito, ainda há tempo, se tornando vítima da escolha que foi ré.
Há um outro grupo de pessoas que ao não encontrar razões em suas próprias razões, entra em um ciclo vicioso em que a culpa é alimentada.
E a culpa, companheira má, vai paralisando o aflito na medida que o prende ao seu passado, fazendo com que o passado ocupe o presente, de tal forma, que a pessoa perde a capacidade de ver o que pode ser feito no “agora”. 
Desconfio que a culpa é narcisa. Ela convence o réu a ficar com o olhar fixo no erro cometido, até que ele morra afogado na dor de não ter feito o que julgava certo, se tornando juiz implacável de si mesmo. Ainda que esteja arrependido, este não consegue encontrar o perdão que o libertaria, portanto, não aprendeu que na vida todos vão errar em alguma etapa. Todos terão que refazer a rota em algum momento da viagem, pois o GPS do coração não funciona de forma tão precisa. Todos.
E haverá momentos que se acreditará estar na direção certa, entretanto, logo à frente ou um pouco mais distante, este descobre que foi enganado pela sua percepção, ou pelo seu saber não sabido, ou pelas suas expectativas. Haverá momentos que se decidirá pela rota mais curta, até descobrir que não tem jeito de chegar no destino almejado. Haverá momentos, que a rota escolhida é a certa, mas, em um ponto do caminho, um desvio... não era isso que queríamos. Haverá momentos que a rota vai apresentando obstáculos tão grandes no decorrer do caminho que a opção é desistir ou desfalecer.
Todos erraremos em algum momento. Todos. Teremos que refazer a rota. Ninguém pode experimentar uma vida com paz e alegria acusando–se o tempo todo do que fez ou do que deveria ter feito.
Não se condena a falta de perdão o arrependido, ainda que este seja você.
Quem não perdoa a si mesmo, quem só enxerga os erros cometidos, vive o inferno do não recomeço.  Para estes, podemos apontar o perdão dos céus, entretanto, dizem não merecer. Se ofertado é o perdão dos humanos, desconfia da bondade por não conseguir ser bom consigo mesmo.
Então se você errou, assumas tua culpa, no entanto, não deixe ela adoecer você.
Pare com esta história de ficar brigando com o passado. Porque casei? Porque fiz este negócio? Porque não fui? Porque fui. Pare! Todo arrependido merece começar de novo. Aprenda que o erro assumido guarda a beleza da experiência. A experiência é a oportunidade da correção de rota para quem decidiu viver sem as lentes da acusação. Na vida é sempre possível refazer ou encontrar uma nova rota.
Então permita-se! Perdoe.
A viagem com destino ao perdão não deve ser feita apenas com o propósito de perdoar aos outros, se necessário, faça-a para perdoar a si mesmo.




Roseli de Araújo
Psicóloga clínica

segunda-feira, maio 07, 2018

Ela não foi plantada


Tem coisa que desafia. 


Esta semana percebi uma nova planta que nasceu na fenda do muro em meu quintal. Ainda que provocada a perguntar, como? A magia da beleza que nasce em lugar inóspito silenciou a lógica. 
Fiquei ali a pensar nos sonhos que não habitam o real... E me alegrei no olhar que não viu o processo do nascer e o romper de uma planta não regada.
Perdoe-me o olhar de criança ao voar para terra onde o possível se faz. Culpada foi esta planta ousada, a alargar no peito a esperança. É possível!
E minhas mãos feridas por tantas vezes fazer, e nada ver, se animam. Quem sabe nas fissuras nelas já produzidas, nasça o sonho que nunca deixou de existir.

 Roseli de Araújo        
 Psicóloga clínica
Contato - (62) 982385297

quarta-feira, maio 02, 2018

O perdão e seus mito(VI)

Oi gente, sigo falando sobre o perdão.


Quem já ouviu uma pessoa dizer que não conseguiu perdoar porque não conseguiu esquecer? É comum tal expressão, entretanto, o esquecimento é sintoma de doenças graves, e somente perdoamos o que podemos lembrar, logo, perdoar não é esquecer.
Agora uma coisa é certa, trazemos lembranças que não são lembradas. Sei que contraria a lógica tal afirmação, a qual, chamamos de paradoxo, no entanto, os paradoxos são mais comuns do que gostamos de imaginar nos humanos. E, Freud trouxe muita compreensão desta realidade, ao descobri o inconsciente, lugar que abriga as memórias trazidas e esquecidas (na linguagem psicanalítica, reprimida).
Recentemente, os estudiosos do cérebro mapearam a memória e descobriram que ela se localiza no lobo temporal, estrutura responsável pelo seu gerenciamento. Dentro dele existe o hipocampo, órgão que guarda as memórias a longo tempo e que faz parte do sistema límbico, região que regula as emoções. Muito há para desvendar, contudo, a ciência avança.
 É interessante que a memória e a emoção estejam casadas no cérebro humano, mantendo o registro dos fatos vividos com as cores das muitas possibilidades do sentir, seja susto, medo, vergonha, desamparo, e de tantos outros matizes.
É sabido que experiências vividas na infância que produziram traumas e dores não compreendidas pelo universo infantil, são muitas vezes escondidas do consciente, podendo a pessoa

 ficar sem lembrar do fato ocorrido por anos. E ainda existe a possibilidade de ter pessoas que nunca as acessarão.
E, ainda que pareça confortável não trazer na memória consciente a dor, as lembranças traumáticas podem produzir males psicológicos, como a ansiedade exagerada e a depressão.
Estas lembranças não lembradas, reclamam seu lugar, e se apresentam não só em forma de problemas psicológicos graves. Tais lembranças, por vezes, nos visitam com aquela tristeza sem motivo aparente, que se mostra numa tarde quente de verão, na praia. Outras vezes, se manifestam deixando o peito oco, a sentir um vazio na existência. Pode também comparecer numa irritabilidade que não se justifica. E seja como for que ela queira se mostrar, irá desgastar as relações vividas.
Estas lembranças surgem nas sessões de psicoterapia, mas elas também podem se apresentar quando ouvimos uma história, quando assistimos um filme, quando passamos por coisas semelhantes na vida adulta. Às vezes somos tomados por uma clareza súbita, e vemos o não visto.
Perdoar o que ficou guardado por tanto tempo é necessário, se um dia fomos feridos por pessoas que deveriam ter nos amado.
Se a mãe não se fez presente, se o pai abandonou, se a violência sexual o visitou, seja por meio de estranhos ou conhecidos, seja o que for que tenha nos machucado, é consenso que a estrada até o perdão pode ser obscura. Contudo, ele é capaz de nos tornar mais livres para vivermos com mais alegria.
Sei que esta caminhada exige por vezes uma força que pensamos não ter, mas, quem carregou uma dor por tanto tempo, tem muito mais força do que poderia imaginar. Talvez a coragem seja a virtude mais exigida. Encarar a criança ferida que um dia não deu conta da dor, acolhê-la, deixar a emoção correr pelos olhos, o corpo se balançar diante do vivido que não pode ser mudado, e em um gesto de fé, dizer, “eu perdoo”, só é para quem decidiu vencer o medo de não viver de verdade.
Há no confessar de uma intenção verdadeira, um poder que é liberado. E ao encontrar lugar de perdoar, e também de ser perdoado, seja pelos outros ou por você, a alma é tratada.
Perdoar não é esquecer, e tão pouco só lembrar, é também ouvir o grito desta criança que está dentro de nós. Ainda que isto signifique mergulhar no oceano profundo das nossas memórias, e deixá-la saber que agora tem um adulto que pode acalentá-la.

Roseli de Araújo

 Psicóloga clínica
 Contato 
62 982385297








Leia mais: 
- https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2015/08/19/cientistas-descobrem-local-onde-cerebro-guarda-memorias-do-dia-a-dia.htm




quarta-feira, abril 25, 2018

Perdoar é preciso(V) ?



Oi gente, é quarta. Sigo falando sobre o Perdão.


O perdão pode ser uma viagem cujos trechos se faz necessário seguir sozinho porquê tem gente que não reconhece nunca onde errou.

Tantas vezes humilha na intimidade e na presença de outros. Depois chora, pede desculpa, mas, amanhã volta a fazer tudo de novo... Perdoado é mil vezes, mais mil vezes insiste em cometer o mesmo delito. Tantas vezes por medo de perder muda por algum tempo... Mas, como vão rápido as estações, assim suas intenções se dissipam. Tantas vezes sabe que necessita de ajuda para vencer a violência que o domina, porém, não dá passos em busca de ajuda. Vivem como se jamais as pessoas fossem desistir.

E tem aquelas que não respeita o corpo de uma criança... Que rouba os seus pais, e ainda diz que é pra ajudá-los... Que trai descaradamente sem se importar com a dor do outro que um dia confiou em seu amor... Que mata e desdenha da dor dos que ficaram... Que estrupa e argumenta ter sido provocado pela mini saia... Que bate todas vezes que se irritou...

Definitivamente, nesses casos, perdoar não é se expor ao ofensor diário que acredita ter alguma razão. Porém, nesse nosso tempo onde impera o individualismo, é preciso compreender que o não con-viver deveria ser uma via pouca conhecida, quase nunca transitada. Os pés criados para caminhada juntos, só deviam se separar se não houvesse mais nenhum outro caminho. O desprezo da companhia, ainda que se teime crer que não, esvaziará a vida em alguma medida. É no encontro com o outro que a gente se completa. Mas, tem gente disposta a não perdoar.

Normalmente gente assim, só aguenta quem a satisfaz o tempo todo e em todo o tempo. Se magoada nunca se recupera. Está escondida atrás do fino vidro do "eu tenho razão". E a razão, embora pareça segura, não é capaz, por si só, de suportar os peso das diferenças.

Gente assim, não só pisa na terra da inimizade, lá plantam seus pés a se alimentar da seiva que nutri o ódio. E o ódio pode ser uma fruta passível de ser degustada lentamente...

O triste é o que se perde... Os olhares não vistos, risos não compartilhados, a fazer "comum", o lugar vazio na mesa do café da tarde, na falta das reuniões alegres de família.

Ah... A terra da inimizade não deveria existir.

O não conversar não devia habitar as relações mais próximas... É mesmo triste as pequenas mágoas que consegue levar o outro para tão distante. Onde a vitória da intolerância deixa de ser turista e passa a ser moradora amada. Onde o silêncio grita: Tô nem ai. Onde irmãos não se importam mais. Onde a educação não encontra mais o lugar do bom dia. Infelizmente. 

E o mundo on line nos sinaliza o que vivemos no concreto do dia a dia, quando o outro é bloqueado, não mais seguido, não mais curtido. Se pensa diferente é briga certa e palavras não necessárias são escritas sem nenhuma consideração.

E neste mundo do descartável, o outro perde seu espaço e valor tanto quanto qualquer copo de plástico. É a dureza do coração na sua mais sofisticada versão.

Mas, eu insisto. Somos chamados a viver nas relações. É no encontro com os pais que os filhos se formam. Na rivalidade sadia dos irmãos que a gente aprende a lidar com a competição sem destruir o outro. É na amizade que a gente descobre outras lentes para olhar para o caminho. São os colegas de trabalho o suporte para o trabalho que fazemos. São os tios, os primos, em qualquer grau, a alegria da festa. São os colegas de escola companheiros de um tempo que será sempre lembrado. São os da mesma fé a força para a remoção dos obstáculos do caminho. E sem gente a vida não é.

Se perdoar é preciso não se esquive atrás de desculpas que não explicam nada para a alma que foi criada para as relações.

Perdoar é decidir ter flores e cores de todos os tamanhos nesta imensa jornada que é a vida. E vale a pena deixar pra lá as pequenas mágoas e voltar a estrada com companhia.


Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Atendo atualmente no Instituto Eu Psicologia & Autoconhecimento
Contato para agendamento (62) 982385297

sexta-feira, abril 20, 2018

Gosto

Gosto do conforto de uma roupa velha. Gosto da chinela que não aperta. Gosto de sentar a mesa do computador com alma a passear no mundo das palavras. Por vezes vou longe para encontrar a palavra que encaixa. 

E nesta brincadeira eu me perco, mas, meu bom relógio marca o tempo sem trégua. Em sua insistência, não me deixa esquecer o mundo que guarda agenda.
E neste universo concreto me realizo com gente de carne, de olhos brilhantes ao me permitir conhecer seus universos. E não há nada mais tão belo!
Faço o que amo, e me dou conta de que para os amantes não há rotina. É que o amor tem em si a magia do que se renova.

Roseli de Aráujo

Psicóloga clínica
Agendamento para consulta
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quarta-feira, abril 18, 2018

Perdoar é preciso IV?

Oi gente, nesta quarta sigo falando sobre o perdão.

Se perdoar é um destino de quem escolheu viver com o coração leve, sem o peso da mágoa, então, necessário é compreender que toda viagem a um destino, guarda rotas que não devem ser transitadas. É que existe na geografia da vida a terra da inimizade. 
Nela mora pessoas que amam a guerra mais do que a relação. E elas fazem da violência física ou quem sabe, da sutil agressão psicológica, sua única linguagem. 
Nesta terra, desconfio, só mora gente que gosta de gente fantoche. 
Se não diz o que querem ouvir, se não escolhe o que lhes agradam, se não faz o que é mandado, saiba, não importa o quê ou o tempo em que viveram juntos, conhecerá a descortesia que um inimigo é tratado.
Estas pessoas costumam sugar tudo o que o outro têm. Pobre se torna a vida de quem plantar os pés na terra da inimizade. Abrigará em si mesmo a morte do sorriso sincero, da  espontânea alegria que mantém o coração leve.
É preciso, urgente, sair logo desta terra!
Pode ser fatal não compreender que perdoar nem sempre significa conviver. 
Nesta geografia da vida que tem a terra da inimizade haverá momentos que seguir sozinho é a única opção na trilha para se alcançar o destino do perdão, já que o outro não consegue dar o respeito que tanto requer para si. 
Se para conviver é preciso negar o sentimento, sempre dizer sim quando se quer dizer não, a estrada então é da anulação e não a do perdão.  
Quem negocia o tempo todo seus valores, o que pensa, o que deseja, se perde no desvio da raiva, do medo e da dor. Embora pareça ter companhia,  a muito tempo está só. 
Ah... Quantas mulheres apanham dos seus maridos como se fossem crianças desobedientes. Convivem com o desprezo diário revelado nas palavras sem ternura, na infidelidade declarada, na exigência de ser empregada. A elas é negado a consideração do lugar que em que ocupam, como se valor não tivessem. 
E milhares de mulheres neste Brasil "pacífico", tentam conviver com quem a violência é a única linguagem conhecida. Dói com sangria, ver suas vidas perdidas nos "tapas" de todo dia.
E como elas, tantas outras pessoas que vivem presa a falsa ideia de que perdoar é sempre con-viver, necessitam pra ontem, aprender com o rei Davi a salvar a suas próprias vidas.
Ele ao ser perseguido por Saul que estava determinado a matá-lo, fugiu por mais de 10 anos.  Teve por preciosa a vida recebida e por ela lutou, dando a si a oportunidade de viver em paz com quem foi possível. Mas, este bravo guerreiro nunca desviou o coração do destino do perdão. Tendo em suas mãos a possibilidade de executar vingança, não o fez, havia decidido viver sem o peso da mágoa.
Infelizmente,  ainda que se deseje manter a paz com todos, nem sempre será possível, e quando isto acontecer, quando  os esforços forem em vão, permita-se sair da terra da inimizade, sem jamais perder a direção do seu destino escolhido.

Na semana que vem seguimos...

Roseli de Araújo
Psicóloga clínica
Agendamento para consultas 
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sábado, abril 14, 2018

Paciência:




É palavra esquecida em um baú perdido, neste tempo em que correr é compromisso já registrado na agenda.










E a sofrer o corpo chora de saudade da serenidade...
E vai morrendo sem tempo de buscar a resposta, se o que se faz, faz sentido, tem propósito.
Tanta coisa...Ufa!
Tantas palavras...
E a gente com sede apenas de vida.


Bom final de semana a todos com calma.

Psicóloga
Roseli de Araújo
Contato para agendamento de atendimento clínico
982385297

quarta-feira, abril 11, 2018

Perdoar é preciso III?

Oi gente, nesta quarta sigo falando sobre o perdão.


No último texto falei sobre a minha visão da necessidade de compreender a natureza humana, com suas luzes e trevas, se quisermos trilhar por este caminhoSe perdoar é preciso, conclui que é urgente compreender de que material somos feitos. 
Entretanto, neste texto irei falar sobre o processo do perdão.
Sei que você já percebeu que o perdão não é uma estrada reta. Ele guarda curvas sinuosas, pedras que ferem os pés, sol de julgamentos que nos queimam sem dó, tempestades que desorganizam e obstruem o caminho. Perdoar traz a tona o grande desafio que guarda as relações humanas, e nos põe à prova mais do que gostaríamos de supor...

Lembro do homem que invadiu minha casa em São Paulo, a qual tive que entrar na justiça para reaver. No dia da reintegração de posse, ele se apresentou a mim como alguém que havia cuidado e não invadido a casa. Seu cinismo me provocou uma indignação profunda. E vendo minha raiva expressa nas palavras de que eu não tinha nenhum prazer em conhecê-lo, gritou que o portão da casa, o qual eu havia comprado à vista, era dele e que o meu marido, já falecido, o devia. Fiquei impressionada com sua capacidade de mentir e a maneira como ele se fazia de vítima, depois de ter invadido minha casa por meses e roubado todos os acessórios dela, inclusive interruptores, janelas, portas, box do banheiro, gabinete e pia. 
Esta  experiência inaugurou um novo momento em minha alma, em que descobri que perdoar pode ser dificultado pela falta de lógica que enxergamos na atitude de uma pessoa, especialmente quando estamos vivendo um momento de dor, (e aquele era de luto para mim). 
Também, com o passar da vida, vi que o dia feliz pode trazer dificuldade para perdoar... Lembra quando o pai, a mãe, os avós, cuidadores, os irmãos, os amigos, o marido, os filhos, não fizeram questão de estar presente naquele dia significativo, onde fizemos uma apresentação na escola, uma homenagem ou quando pegamos o tão sonhado diploma? A solidão sentida pelas ausências podem provocar uma dor que torna o ato de perdoar uma estrada ainda mais confusa .
E o que falar da traição de um amigo e de um amor? É mesmo angustiante descobri que o lugar que guardamos com tanto respeito e atenção leal, foi violado. Dói uma dor sem nome o desprezo camuflado com atitudes que um dia acreditou-se sinceras. Certamente é  ferida diabética, difícil de cicatrizar.  

Mas, se perdoar é preciso, necessário é compreender que perdoar é viajar. 
E toda viagem necessita da decisão do destino onde se quer chegar, como o perdão só ocorre, quando decidimos perdoar. 
Sabe-se que uma viagem por mais pequena que se seja, cumpre uma série de etapas, logo, viajar é um processo tanto quanto perdoar. E, dos viajantes já se ouviu que tem viagens que são longas... 

Sabe aquele dia em que não dormimos a noite inteira e cedo precisamos levantar da cama para trabalhar, mas nossa vontade é desligar o alarme, quebrar o despertador, e dormir como se não tivéssemos nada para fazer, como se fosse um domingo ou um dia de feriado, acredito, que a escolha pelo destino de perdoar é mais difícil . Contudo, ao precisar do salário no final do mês, a sobrevivência martela, e somos por ela forçados a levantar. 
Mas, ainda que preciso seja estar bem emocionalmente, tanto quanto de suprir as necessidades mais básicas, trazemos um mecanismo para esconder o barulho do martelo das emoções que sinalizam as dores da alma. Talvez por isso, costumamos adiar esta decisão, mesmo que estejamos moídos pela noite que se abateu com densas trevas em nossa alma, não nos deixando dormir. E seguimos dando folga e feriado a alma magoada, como se nada tivéssemos a fazer. Como se não fôssemos os responsáveis pela nossa sobrevivência emocional, desprezando os alarmes por ela dado. E a alma cansada da nossa procrastinação, começa gritar para sobreviver...
E, este grito se traduz no corpo, que passa a sentir dores ao nível da pele... Pequenas manchas que doem ao toque, feridas... Outras dores mais profundas... Ao nível dos músculos, ossos, articulações, tendões, ligamentos, nervos... Orgãos inteiros... E a saúde comprometida fica com a alma desesperada para ser ouvida, deixando a vida correr o risco de entrar e ficar na UTI.
Pode-se adiar esta viagem, como se ela não tivesse que ser feita, mas as pesquisas mostram que não seremos poupados das consequências. A falta da caminhada em direção a este destino, nos trará relações quebradas, cadeiras em nossas casas ocupadas pela desconfiança e solidão. O corpo sofrerá pelo peso da paz em falta e pela ausência da leveza no coração que só o perdão pode dar.

O primeiro passo para o destino do perdão é o mais difícil. E a realidade de que ele não é suficiente para nos levar onde queremos chegar pode desanimar muito, entretanto, qualquer viagem exige outros passos... O segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, o sexto... Dezenas e milhares de passos até chegar lá.
Logo, perdoar é uma decisão que exige a compreensão de que a dor faz parte do caminho, e as feridas feitas precisam de tempo para serem curadas. Não existe mágica, mas, o milagre de discernir que vale a pena buscar a paz em toda e qualquer relação, no que depender das nossas escolhas. 
E o primeiro passo pode parecer difícil, confuso, sem visão do que vem pela frente... Porém, quando ele é dado com verdade de alma, nasce uma certeza, uma paz, uma força que capacita para os outros passos. E a cada passo, está experiência se renova. É que a Vida não nos deixa sem os recursos quando queremos viver de fato, e ainda que a viagem seja cansativa, chegaremos ao nosso destino. 
O que nos manterá na viagem, não é a vontade condicionada aos sentimentos que a dor produziu, mas aquela vontade que deseja viver com paz, ainda que o custo seja caro. 
Depois que se alcançou a compreensão de que o perdão é um preço que vale a pena pagar, seja ofensor ou ofendido, vive-se uma das viagens mais confortantes e restauradoras da vida. 
Por isso, se perdoar é preciso, pemita-se.

É certo que a viagem do perdão tem etapas que não depende da gente... Este assunto porém, iremos falar na próxima semana.