terça-feira, junho 21, 2016

A dor do culpado

Quem pode medir a dor do culpado? Ouso afirmar que ninguém.
Ela estrangula a alma até ao ponto de fazer com que o corpo cheire a morte, ainda que seja aos poucos.
E, como assistir um filme que nos comove por inteiro, assim olhar para o passado que a gente mesmo não compreendeu o porque construiu, mas que gostaríamos tanto de apagar, nos faz chorar copiosamente. E o coração de tão dolorido, seco se transforma pelas tormentas que os sentimentos levantam, e quebrados vemos nossa alegria de viver derramada.
Ficamos atordoados. Se não construímos o que queremos, como podemos confiar em nós mesmos? Então, o chão antes tão firme, se torna  areia que nos traga. E seguimos não como antes. O sorriso se perdeu ou amarelo ficou frente o que antes trazia contentamento.
Sentimos como se nada que fizemos tivesse algum valor, e nossos frutos maduros e bonitos, agora são vistos como podres. 
Ai como machuca ver nossos passos nas estradas da nossa história  pelas ruas que não queríamos caminhar, tanto quanto nos feri as pessoas que se erguem frente as nossas quedas. Infelizmente, para muitos é a oportunidade que terão de se apresentarem como modelo, então, não nos poupam. Com crueldade tentam arrancar de nós tudo que foi bom de nossas mãos. E ficamos aterrizados com os holofotes que nos lançam, ampliando assim o que fizemos.
Fere também nosso coração quando contemplamos seus erros que não foram computados, mas que  socialmente são aceitos, nos deixando amargurados ao perceber que o principio da queda fora o mesmo. E a dor aumenta, agora somos culpados e também injustiçados, porque afinal, quem pode bater no peito que nenhum pecado carrega?
Ai como doí a hipocrisia dos santos que não guardam a língua. Sem nenhuma misericórdia seguem... se esqueceram de quem é o juiz.
Porém, o pior juiz que carregamos é aquele que habita em nós mesmos. Esse tantas vezes despreza o perdão que é dado a quem confessar o seu pecado, assinando contra si mesmo a sentença de morte.
E assim o culpado segue sem descanso, não porque não haja rede para seu coração cansado, mas porque se recusa deitar e aquietar seu peito na justiça daquele que sem pecado, "se fez pecado por nós para que nele fossemos feitos justiça de Deus"
(II Coríntios 5:21).

segunda-feira, junho 20, 2016

Tudo foi dito

De longe vi os ventos a tocar seus cabelos brancos. Fiquei a imaginar que o tempo em breve tingiria os meus e, tive medo. Não da cor de neve a cobrir minha pequena cabeça no futuro breve, mas de ter perdido tempo em viver o que não desejava. Talvez fosse um medo imaginário, sem nenhuma possibilidade de se fazer no real, mas que me abraçou com força.
Peguei minha caneta, já um tanto esquecida e sai em busca da escrita. Assustada percebi que não encontrei as palavras. E gritei quase em desespero, 'palavras onde estão? Foi quando percebi que minha alma se negava a soltar para os dedos os seus segredos. E, senti-me só de mim mesma.
De repente você se levantou e veio em minha direção. Fiquei a contemplar seus cabelos já bagunçados pelos ventos. Sentou-se ao meu lado como que compreendendo a minha inquietação, embora palavra alguma fora proferida por mim. Em silêncio ficou frente ao turbilhão da minha alma. 
Então não contive minhas lágrimas. E a alma antes tão distraída, se fez presente. 
Você silenciosamente me olhava. Pensei em lhe narrar onde estava meu coração aflito, mas as palavras me pareciam tão desnecessárias, frente a ternura com que me embalava.
Sem saber o tempo que passara, vi que meu coração se acalmou frente a falta de pergunta em seus olhos e lábios. Compreendi que os ventos que impelem os barcos ao mar alto, sopraram com toda sua força, mas estranhamente me levaram ao porto invisível dos seus braços, ainda que seus braços não me abraçaram.
E ali ficamos juntos. Nada falamos.Tudo foi dito.
E você com seus cabelos brancos se despediu sem nenhuma palavra. E fiquei vendo-o sumir na multidão das pessoas que me cercam sem me ver. E o medo se desprendeu do meu coração. Descobri que viver é se deixar levar pela beleza da ternura dos olhos daqueles que nos amam sem nenhuma amarra.



domingo, junho 19, 2016

Amigos existem?

Estou a observar a capacidade humana de dissimular. Acho que sinto inveja de quem consegue vestir duas caras, eu custo a dar conta de uma só. Sempre acreditei que ser transparente fosse o melhor caminho, contudo, hoje, penso que pode ser um caminho perigoso a trilhar, se ao nosso lado nos vemos cercados de "amigos" que se dizem tão preocupados com a nossa situação.
Na verdade, estou acreditando menos na amizade. Me desculpe o tom negativo. Sou otimista por natureza, mas o tempo, esse que corre célere, me aponta outras realidades. 
E, vou descobrindo que as relações são frágeis... pessoas que pensávamos jamais perder, sumiram pelo caminho, nos deixando suspensos na alma, da razão que não se faz presente. 
Sempre ouvi falar que a solidão a dois é pior que a solidão que sentimos quando estamos sozinhos, pensava não ser verdade, porem, é bem melhor estar sozinho do que ser traído.
Ao ser traído ficamos como quem anda em campo minado. Desconfiados ficamos a imaginar que a qualquer momento uma bomba esperada vai explodir, o problema é que não sabemos o poder da potência, qual o estrago que fará em nossa alma e, nessa tentativa de não sermos surpreendidos, vamos perdendo a leveza daqueles que um dia acreditaram na amizade.
Contudo, os amigos existem, graças a Deus! E são os verdadeiros amigos que nos consolam das sequelas que em nós são feitas pelos desleais.


sábado, junho 11, 2016

Vida presente

No meu peito rios correm.
Nos meus olhos fontes brotam.
É a vida um presente!
E ainda que o corpo sofra com as mudanças do tempo, carrega o espírito que se renova a cada novo amanhecer.

E, assim a vida corre, com sorrisos e lágrimas, pra mostrar a minha alma que o controle tão buscado, é apenas uma corrida sem nenhuma possibilidade de chegada.
Mas o descanso, esse sentir tão raro, é o que o meu coração anseia, por saber que nessa vida, o que vale mesmo é viver a cada dia. Na certeza de que não importa o que virá no futuro, o presente é sempre certo com a Presença de Jesus Cristo.

A Ele quero dar todo o meu coração, vivendo dia a dia seu projeto, através das minhas decisões.
E quando chegar aquele dia em que para casa irei voltar, cantarei alegremente a vitória com aqueles que nEle souberam esperar.

sexta-feira, junho 10, 2016

Luz no fim do túnel





Atendi um paciente que me disse: Sou egoísta. Fiquei encantada com sua coragem de olhar para si mesmo. Certamente é mais fácil olhar para os que estão ao nosso redor e neles, encontrar erros, e sem nenhuma empatia, apontar o dedo. Mas ser capaz de admitir que exite algo muito adoecido em nós e não no outro, é atitude heroica pouca contemplada. 
Contudo, se o outro é o nosso problema, nos tornamos reféns dele porque não podemos mudá-lo, e sendo assim, não teremos nossos problemas solucionados.
Mas, não é verdade, não somos reféns dos outros, as escolhas da nossa vida não podem ser terceirizadas. Se o outro é problema, é porque nós não temos conseguido encontrar um caminho melhor para lidar com ele. Sei que o que escrevo é complicado... viver não é fácil, e as relações humanas é o nosso grande desafio. Mas, não vencemos encontrando no outro a culpa da vida que levamos. Vencemos na medida em que buscamos caminhos melhores para os nossos pés trilharem.
Viver é mesmo complicado. Trazemos tanta coisa dentro de nós! Somos o nosso maior desafio e nem sempre queremos encarar essa realidade. Dói muito deixar com que a verdade sobre nós venha a tona, ver o que somos por vezes nos desanimam, somos ambíguos demais. Mas a máxima de Sócrates, 'conhece-te a ti mesmo', é ainda o caminho para encontramos a solução para muitos dos nossos contratempos.
Por isso, não tenha medo. Você e eu trazemos a maior de todas as capacidades, a de fazer escolha
, e com ela, podemos encontrar novas formas de viver nossa vida. Fácil? Não será! Como não é fácil viver sem sentido, sem esperança, sem possibilidade de ver a luz no fim do túnel.  

segunda-feira, junho 06, 2016

Tão grande amor



Sentada junto ao poço com os pés descalços eu aguardava as respostas das minhas perguntas. A minha alma sedenta continuava viajando nesse planeta que habito no mundo da minha imaginação. Percebi que neste mundo só meu, eu me reencontrava com o que sempre desejava todo dia. Mas, o sol escaldante da realidade queimava. E mesmo sentada junto ao poço sentia seco meu coração.
Levantei os olhos em busca de um balde para jogar no poço e assustei-me que não havia cordas para lançá-lo. Meu peito se apertou diante da água tão perto, porém impossível de ser alçada.
Sentei desconsolada. Ser saciada talvez fosse para outros em sua jornada. Lamentando fiquei ali a minha falta de corda. Quisera eu ter feito uma outra estrada, mas o que vivi foi o que eu dei conta.
Então... eu estava a lutar com minha alma. Quando você se aproximou com as cordas em suas mãos. Seu olhar meigo, seu sorriso franco e seus gestos educados me fizeram pensar que tudo não passava de uma miragem. Mas, sem nenhuma pergunta, amarrou a corda no balde e içou a tão desejada água. Depois a colocou em uma cuia e me ofereceu.
Bebi sofregamente. A sede já doía na alma. E a vida tão desejada retornou ao meu coração árido.
Então as forças foram recobradas e me levantei para ver onde iria. E ao me levantar você estava com suas mãos estendidas em minha direção. E sustentou minha decisão de ficar de pé.
Contemplei então uma outra vida. Uma que pensava não existir. Percebi que meu mundo imaginário com todas as suas cores jamais poderia supor algo tão grandioso. E vi a cruz, este caminho doloroso que cruzou para me libertar desta natureza pecadora que carrego. Vi as marcas dos cravos, vi a testa ferida pela coroa de espinho. Vi seu amor em seus olhos e encontrei o maior amor que alguém pode ter.
E com sua voz terna me disse: Eu sou o Caminho, e a Verdade e a Vida (Evangelho de João 14:6).

E assim, tornou-se meu Caminho, minha Verdade e minha Vida.

sexta-feira, junho 03, 2016

Pia suja

A xícara e o copo conversavam sobre a pia. Eles estavam chateados com o quanto a pia estava cheia.
Disse o copo:
- Eu não entendo os moradores desta casa, porque não vão nos lavando na medida em que nos usam? Assim não nos deixariam aqui tão apertados e, com todos esses alimentos em decomposição, aff.
Respondeu a xícara.
- Calma Sr. Copo, estes humanos são assim mesmos. Eles não gostam muito da organização...
- Calma? Isso é o que eles não tem em nenhuma medida, então porque me pede tal coisa Dona Xícara?
-Por que alguém tem que ter calma nessa casa - respondeu pacientemente Dona Xícara - E respira meu amigo que você melhora. Afinal, esta é outra coisa que os humanos não fazem como deveriam.
- Estes humanos. Vivem a correr de um lado para o outro. Certo dia, sentados a mesa até pensei que eles teriam alguma reflexão importante.  A dona da casa, a bela mulher, sentou-se na cadeira com a expressão cansada e, disse ao homem que ultimamente perguntava a ela mesma, se aquela correria toda a levaria em algum lugar que fosse realmente importante. O homem não aguentou nem ela concluir sua frase, levantou desdenhando e falando que a vida não é para os filósofos e, sim para os pragmáticos.
- Nossa que falta de educação Sr. Copo, nem deixou ela terminar de falar? - Dona Xícara falou assustada.
- É, isso é normal Dona Xícara entre os humanos. Educação eles já perderam faz tempo.
- Triste não é mesmo - Lamentou Dona Xícara - Porque as palavras mais belas que acho são: Obrigada, dá licença e por favor. E quase não as escuto mais. E, também uma boa conversa ao pé da mesa pode restaurar o coração. Que pena.
Sr. Copo balançou a cabeça concordando, porém desanimado. Dona Xícara se calou perdida em seus pensamentos. E o silêncio reinou naquela cozinha, tanto quanto reina a indiferença entre os humanos.

quarta-feira, junho 01, 2016

Teclar

Escrever eu quero.
Sei que me encontro quando brinco com as palavras.
E a vida rotineira  de teclar não me cansa. E mesmo na solidão da sala, eu viajo aos mais concretos e subjetivos lugares, conhecendo sempre um novo personagem, uma nova poesia, um novo texto, as letras do alfabeto. Como sou feliz nesse espaço tão meu, fazendo o que pulsa em meu coração.

segunda-feira, maio 30, 2016

Mais ou menos?


Tem gente de todo jeito. 
Porém, existe uma espécie de gente que é uma tristeza. São aqueles mais ou menos. Deixa eu explicar. 
Gente mais ou menos ao estudar se contentam com a média, o que importa é passar de ano. 
Gente mais ou menos também não estuda o que quer e, reclama que falta mercado de trabalho. Se vê alguém animado com alguma profissão diz logo, 'isso não tem futuro, não dá dinheiro'.
No trabalho ficam o tempo todo buscando desculpa para sua incompetência. Crítica os outros. Planeja derrubar o bom colega falando mal dele, diz que não lhe ensinaram o serviço. Eles nunca percebem que são eles que têm que melhorar.
Gente mais ou menos não gosta de ver casais apaixonados, vivem relações tão sem sal ( na verdade é assim que elas são) que desacreditaram que é possível que o amor maduro seja mais gostoso que a paixão. Algumas vivem casadas como se não fossem. E basta um olhar atento que logo percebemos que seus corações já estão solteiros faz tempo.
Gente mais ou menos não faz nada bem feito. Pedi um favor a eles é ficar chateado com certeza. E, normalmente nos arrependemos amargamente.
Gente mais ou menos ora diz uma coisa depois diz outra. Quando confrontados, saem pela tangente com a desculpa de não se lembrarem de ter falado tal coisa.
Gente mais ou menos tem sorrisos amarelos, parece não escovar bem os dentes. Seus sorrisos também são contidos, porque acham que não podem dar boas gargalhadas. 
Gente mais ou menos acredita na sorte. Ficam de pernas para o ar reclamando que dias melhores não virão. Desconfio que gente mais ou menos não é confiável. E você?
A bíblia diz que Deus não suporta os mais ou menos. Melhor seria ser quente ou frio, porque os mornos provocam o seu vômito (Apocalipse 3:15,16). Por essa razão, tenho horror de pensar que a vida, este bem precioso e único, seja vivida mais ou menos.


sexta-feira, maio 27, 2016

Trecho da Introdução



Às vezes vivemos noites tão escuras que nem a perspectiva do amanhecer parece trazer algum conforto para a alma. O sofrimento é tanto que em vão tentamos descrevê-lo! O corpo dói, o coração fica apertado no peito, como se estivesse seguro por mãos que o esmagassem com força, por vezes um suspiro é arrancado do íntimo e você se assusta com a intensidade dele. Às vezes, as lágrimas surgem espontaneamente; ainda que tentemos não chorar, elas, teimosas, molham o rosto; outras vezes, elas secam e em vão buscamos chorar a angústia que nos oprime, e descobrimos que estamos como nascentes cujas matas ciliares foram destruídas. Percebemos que muita coisa morreu dentro da gente, apesar de estarmos vivos, e a dor que experimentamos nos transforma em outra pessoa, ficando a sensação de desconforto. Agora convivemos com um estranho dentro de nós...

Em relação a Deus, podemos pensar: ‘bem que Ele poderia ter nos livrado daquela situação, não é Ele poderoso e soberano?’... Porém, não ousamos falar! O temor que nos resta diante de um Ser Poderoso sem misericórdia não nos permite verbalizar, e em sociedade seríamos certamente repreendidos.
Passamos então a conviver com uma raiva mantida sob um véu de tule, que na verdade não a oculta – embora seja essa a sensação psicológica – e, na medida em que assim vamos seguindo, desenvolvemos uma indiferença que nos torna tão frios como os túmulos de mármore nos tempos de inverno.  E vamos ficando secos da vida abundante prometida4, porque os rios de águas vivas que correm dentro daqueles que creem em Jesus, como dizem as Escrituras5, estancaram-se em nós “de repente”.
 A morte, essa indesejável, torna-se um anseio não confessado. Contudo, o que se revela nas entrelinhas das nossas palavras é que morrer é muito melhor do que viver, e se o Todo-Poderoso nos permitisse, ah... se Ele nos consentisse... que alívio seria!
A igreja, antes tão importante, agora perde o valor, deixamos de ir ou, se continuamos a frequentar os cultos, é por causa do hábito religioso adquirido e por ser o único meio social a que estamos acostumados, porém não queremos comunhão: na verdade, a tememos. É claro que isso também não expressamos, certamente escandalizaria muitos.
E adoecidos seguimos, sufocando o choro, a angústia seca de lágrimas e a raiva disfarçada de ironia. Mas, se assim nos encontramos, precisamos de forma urgente – “pra ontem” – buscar ajuda.
Esse livro foi escrito por quem assim já viveu, mas que voltou a beber na fonte das águas vivas. E eu o convido a essa leitura, que não precisa ser sequencial, pois cada capítulo trata de um tema, com o único desejo de que A Vida prometida por Jesus volte à sua vida. 

*Caso queira adquirir o livro é só entrar em contato por what'sapp 62 82385297(tim) no facebook e na fan page.


quarta-feira, maio 25, 2016

Quem é você?

Todos os dias o espelho me lança a pergunta.
Quem sou?
 Sou um universo preso a um corpo pequeno.
Sou travessia nessa vida que se faz a minha revelia, ao mesmo tempo que sou escolha que dá contorno a minha frágil existência.
Sou a menina de 44 anos que traz no peito a dor de saber que o tempo passa, Sou adulta lutando pra não deixar que a infantilidade me vença.
Sou bela, mas sei que não estou a corresponder nenhum padrão de beleza.
Sou raiva do que não compreendo. Sou amor, constrangida pelo Eterno que me amou primeiro.
Sou esperança fortalecida, ao mesmo tempo que sou guerreira vestida da armadura, para lutar contra a desesperança.
Sou choro.
Sou riso.
Sou pulso.
Sou coração de pedra e de carne. Sou filha de Adão e Eva.
Sou filha de Deus comprada por alto preço.
Sou em Cristo adotada e, por Ele foi feita amiga e irmã.
Sou uma mulher feliz, por ser pássaro escolhido a voar no céu por mim conquistado.
E você quem é?

terça-feira, maio 24, 2016

Saudade

A saudade é a dor ou cicatriz da alegria que um dia se fez presente. É menina má, que nos faz lembrar dos momentos faceiros só pra nos ver chorar.

Ela nos faz sofrer pelo que é bom, nos fazendo desejar fechar os olhos e, ir para além de onde estamos, na busca do objeto ou do sujeito amado, só para mantê-los em nossos braços.

Ela nos conta o quanto importante é alguém em nossa vida, quando surgi na ante véspera da viagem, nos levando ao abraço mais apertado e, ao suspiro mais profundo, só de pensarmos na ausência que se fará no amanhã. E, basta o amor não ser mais mirado, ela surge e, nos faz agasalhar em mais espaço, o amor, que o coração já vive.

Estranha é essa saudade de alguém que está perto, que nos segreda que todo tempo é ínfimo, quando estamos com quem amamos.

Saudade... gosto de tê-la. É maldade que nos lembra o bem que vivemos. É flecha a marcar

a alma com a certeza do vivido ter sido bom e valer a pena.

segunda-feira, maio 23, 2016

A caverna que precisamos

Seria o meu e o seu coração uma rocha onde cavernas pudessem ser abertas? 
Caverna é uma cavidade profunda e extensa aberta em rocha. Ela permite a entrada de luz para o interior da rocha e também serve de abrigo aos animais e humanos.
Se o coração é rocha, luz e vida não o adentram.
Se o coração é rocha podemos até ser chão seguro, mas não seremos consolo nunca.
Se o coração é rocha perderemos a flexibilidade. Destruiremos as nossas relações.
Se o coração é rocha precisaremos que cavernas se formem para que luz e pessoas possam adentrar.
Na verdade se o coração é rocha, então insensível torna-se para com Deus e os outros. Então, necessário se faz que cavernas sejam abertas em nós.
E como as cavernas poderiam ser abertas em nós, seres duros de coração?
Quem sabe o sofrimento, este vilão constante na história humana ao visitar e revisitar o tempo todo, fazendo na vida de muitos morada permanente e, na de tantos outros morador de aluguel sem data de mudança, pode ir abrindo fendas, cavidades profundas e extensas, nos tornando pessoas que ao passarem por alguns problemas ficam bem mais maleáveis ao falar, julgar e ouvir os outros. 


Quem saber ao experimentarmos a solidão de não ser ouvido quando a dor rasgou o nosso coração, aprendemos de que no tempo da dor o que precisamos é de silêncio recheado com abraços sinceros.
E frente a dor do outro, agora, com a caverna que foi aberta em nosso coração, nos tornamos profundos, permitindo assim que pessoas encontrem em nós lugar de descanso e abrigo.