Em um caderno os escritores
podem inventar histórias de suspenses, que nos prendem o ar, de romances que
nos fazem suspirar, de dramas que nos levam a chorar, de terror, que pode fazer
o coração gelar. Decidem como serão seus personagens, suas trajetórias,
personalidades, se serão mocinhos ou vilões, amáveis ou secos, interessantes ou
chatos.
Quando não gostam do que
escrevem, eles apagam, rasgam folhas e as lançam no lixo, ou queimam, ou
reciclam, ou começa tudo de novo. Seus cadernos acabam, e eles não hesitam,
compram outros novos. Os Escritores, eu os invejo, eles são os senhores de suas
próprias histórias.
A caneta segue firme em seus
punhos, e de tão útil, até sei torna sagrada. Porém, se ela acaba, não há choro,
eles a trocam por uma nova. E aquela que foi tão útil, agora vai parar no lixo
sem nenhuma saudade ou misericórdia.
Fico pensando que a Vida é
também um caderno, mas diferente do caderno dos escritores, pois ao nascermos,
o trazemos em parte escrito, e em parte em branco.
É fato que muito do que
vivemos é herança escrita em nossa biologia, onde nascemos é destino escrito
nesta viagem que não escolhemos, o que aprendemos para nos torna gente, é do
outro que não descrevemos, somos os personagens do Grande Escritor, Deus, que
nos fez com a capacidade de escolha que nos difere de todos os animais.
E a Vida é o caderno que vai nos impondo sua
própria história, seja tragédia ou alegria. Mas, a Vida é caderno com as
páginas em branco que permeiam nossa existência, entre as páginas escritas. Estas páginas são escritas pelos dedos das nossas escolhas, daquelas, que vamos fazendo na medida em que
as páginas já escritas, vão se impondo.
Destas páginas que
escrevemos somos senhores, ainda que marcados pela escravidão das histórias que
não escrevemos, essas páginas se entrelaçam.
E a Vida é uma viagem onde podemos
buscar novos personagens que nos ame de verdade, em meio as páginas de pessoas
que nos odeiam, podemos buscar destinos novos, novas cidades, trabalhos.
Podemos escrever sobre alegria desprezando assim as escritas da tristeza nas
páginas impostas. Podemos escrever sobre esperança, e desprezar a fatalidade
escrita em nossos cadernos. Podemos decidir amar, ainda que, nas páginas antes
escritas, não encontramos o amor.
O que sei é que podemos
fazer das páginas do livro uma história fascinante ou extremamente chata.
E quando aqui, não
estivermos mais para escrever, o que as pessoas que o leram, no decorrer da
nossa escrita vão sentir? Vão suspirar de saudade ou de alívio? O que será contado as
gerações futuras?
Sempre gostei de textos metalinguísticos, a palavra falando sobre o processo de irmanar palavras. Lembro de já ter assistido a palestras online sobre. E de bônus a analogia com a Vida, essa (des)conhecida. Roseli mais uma vez surpreendendo.
ResponderExcluirQue bom Paulo, sigo feliz com seus comentários.
ExcluirEu também gostaria que o meu Caderno, seja um livro que valha a pena ler.
ResponderExcluirEle já vale a pena minha amada. Você é apesar das lutas do caminho, alguém leve, que dá vontade da gente estar perto.
Excluir