quarta-feira, fevereiro 17, 2016

O Humano que encontro no Outro

Eu sempre fui muito comunicativa. Pessoa estranha? Quando mais jovem, sempre me pareceu não existir. 
Porém o tempo passou... E vocês sabem que o passar do tempo é algo que pode trazer  mudanças... Afinal é o tempo que se encarrega de trazer o que a vida nos apresenta. E a vida é mesmo um baú de surpresas encantadoras e de sofrimentos inimagináveis que vão forjando em nós, ás vezes, uma pessoa que até mesmo jamais desconfiávamos ser.
Então percebi que comecei achar muitas pessoas estranhas. Passei a sentir  que certas pessoas provocam um mal estar, um desconforto, e, não sabemos bem o porquê, mas algo em seu olhar, gesto, tom de voz, nos faz ficar um pé atrás com elas. É uma sensação interna desagradável achar que o outro, tão humano quanto eu, é estranho a mim.
Infelizmente, isso foi se tornando um fenômeno cada vez mais presente em minha vida, e, quando ocorre tenho o desafio de voltar o meu olhar para mim. 
Você pode perguntar: Por que se o estranho é o outro?
É que o tempo, esse danado, me trouxe o aprendizado de que é possível eu estar incomodada com algo que é meu, que nem sempre eu sei que tenho, mas que eu estou de alguma forma reconhecendo no outro. 
Ai... Como é difícil saber que aquilo que me incomoda no outro, pode também habitar em mim. Tem hora que ser psicóloga é meio chato.
 O que descubro, a contragosto da minha alma, é que o humano sonha, gosta, desgosta, luta, chora, tem qualidade, tem defeito, tem amigo, tem inimigo, tem alegria, tem sofrimento, tem calma, tem raiva, e, este humano que eu estranho, é o humano que eu sou, e que está expresso em todos os outros que vou encontrando pelo caminho. 
E saber disso certamente incomoda, mas também me faz capaz de um olhar com misericórdia, porque sei o quanto é difícil ser o humano que sou.

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