segunda-feira, março 12, 2018

Eu estava deprimida, o que faltava?

Eu me levantei como nos outros últimos dias. Meu corpo não pedia para sair da cama, e os pensamentos eram tão ruins que agradeci ninguém poder ler. Dava medo só imaginar pronunciá-los. 
Sendo otimista por natureza me pareceu muito estranho a visão negativa dominando-me, mas nos últimos meses a expectativa do mal pairou sobre meu mundo interno, e ainda que desejasse, não conseguia vislumbrar caminhos planos.
Estava deprimida. Sendo profissional da área,  conhecia bem os sintomas, e não tinha como ignorar ou supor outras coisas.
Liguei para Beatriz, minha eterna psicoterapeuta. Sentia-me mal em precisar de ajuda. Anos de terapia já feitos voltavam em minha mente como uma cobrança. E, eu repetia comigo mesmo que não deveria necessitar mais. 
Por algum tempo experimentei a onipotência daqueles que julgam conhecer alguma coisa, contudo, aceitei os conselhos que davam aos meus pacientes, e fui em busca de ajuda.
A terapia que sempre foi para mim um lugar de retorno ao equilíbrio, daquela vez, parecia não produzir nenhum efeito. 
Eu estava cega para ver qualquer possibilidade, contudo, o acolhimento sem julgamentos, me fez encontrar forças para continuar crendo que era só uma questão de tempo encontrar o alívio dos sintomas depressivos que se manifestavam sem nenhuma misericórdia.
O esforço para ficar bem com os meus próprios recursos minavam minhas forças, e considerei ir a um psiquiatra. 
Mas, a Beatriz me lembrou que ainda faltava algo a ser feito... E relutante concordei que não fizera tudo.
Esquecida de que os 40 anos guarda perdas importantes e o exercício físico não é mais uma opção, fiz careta ao imaginar entrando de novo em uma academia. 
Tentei dizer para mim que aquela solução parecia simples demais, entretanto, já havia aprendido que o simples guarda os seus mistérios na vida dos humanos. Confesso, que foi preciso reunir forças para lutar contra minhas próprias racionalizações... 
Na verdade era difícil reconhecer que a solução podia estar em meu próprio corpo, uma vez que estava me sentindo a maior parte do tempo esgotada.
E, minhas orações que antes eram dirigidas para soluções fora, voltou-se para dentro. Eu ia precisar de coragem para enfrentar o que não gostava. 

Caminhei para academia com o corpo e  a alma pesando uma tonelada. Sentia a terrível falta de leveza, mas, o sorriso de seja bem vinda dos professores de crossfit, me pareceu que eles eram de alma leve, facilitando assim minha difícil decisão.
Ao terminar a primeira aula pensei que todos aqueles exercícios eram pesados demais. Porém, ao chegar em casa, depois de muitos dias sem vontade alguma para colocá-la em ordem, tive disposição para arrumá-la. Então, decidi que iria no outro dia.
Segui... Duas semanas depois todos os sintomas depressivos tinham se despedidos. A doce alegria voltou ao coração trazendo as cores e sonhos. O acordar voltou a ser uma celebração de mais um dia, e voltei a me encantar com as possibilidades diante da vida. A gratidão pelas pessoas maravilhosas que o Senhor da vida colocou tão perto a me estender as mãos, borbulhou me devolvendo contentamento.
Era fato, a Beatriz tinha toda a razão, eu ainda não havia feito tudo. Faltava os exercícios físicos para recuperar a vida que estava me escapando pelos dedos. 
E a vida é um presente que não podemos deixar perder, é preciso fazer o que tem que ser feito.




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