sábado, março 23, 2024

Eu queria ter o “lombo grosso”



 

     Tenho pensando que eu queria ter o “lombo grosso”, aguentar as críticas sutis e veladas, as abertas e falsas, as traições, as injustiças, a ingratidão...

    Percebo que embora me esforce, e muitas vezes até consiga deixar de lado o que eu não gosto, um incômodo inconveniente sempre me visita, quando não consigo compreender você.

    Por vezes, ferida, considero me fechar em meu próprio mundo. De muralhas em pé, as pedradas não me acertariam tão fácil. Contudo, sei que as muralhas que me protegeriam das pedras, são as mesmas que me impediria de ver, olhar, tocar e cheirar você, me expondo a uma solidão para a qual, não fui criada. Então, o confortável, desconfortável fica. A verdade é que eu preciso de você.

    Por um instante, sinto que estou numa corda bamba. Sei que posso cair e machucar, como sei que sem caminhar pela corda, não irei ver toda a beleza que só a nossa relação possui. Não há mar, não há flores, nem  um céu estrelado, que sejam tão belo quanto aquele mar, flores e céu que podemos ver juntos.

    Em meio as minhas incertezas se devo me arriscar a estar com você, volto meus olhos para Jesus, e fico admirada. Como ‘Ele sendo Deus, se esvazia de si mesmo, toma forma de servo, fazendo-semelhante ao homens, e achado na forma de homem, humilha a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz1?

    Por um momento, tento me justificar, afinal, era Jesus. Todavia, minha alma se agita, como as folhas, num dia de ventania.

    A verdade é que dói muito estar exposto ao que você pode me dar. É como se uma serra estivesse enfiada em minha carne, e dependendo do movimento, pode cortar e sangrar.  Então, tudo o que desejo é me proteger.

    Mas, ao fitar Jesus, tudo que vejo é Ele se expondo por mim. Fico constrangida com a profundidade que Ele mergulhou por me amar. Sem temer a fragilidade humana, se dispôs a experimentar nossa vulnerabilidade. Voluntariamente desceu para a arena, a qual, eu tantas vezes quero distanciar  Ele veio abrindo mão dos seus direitos, e como um pai que abaixa para conversar com sua criança pequena, se colocou em nossa estatura, para que pudéssemos vê-lo..

    É fantástico! Admirável! De um belo que nada neste universo se iguala.

    Ao ver tanta beleza, um misto de alegria e tristeza me invade. Sinto-me alegre por ser amada, e, triste por ainda estar tão longe de ser como meu Senhor e Salvador.

    Sua presença me faz ver o quanto o meu coração, ainda, não conheceu a sua mansidão e humildade. Meu coração se sobrecarrega quando o outro parece não me amar ou respeitar.

    Contudo, na presença dele, ouço sua voz a dizer: Venha, eu vou ensinar você a amar2.


Roseli de Araújo

Escritora e Psicóloga clínica

Referência:

1. Filipenses 2:5-8;

2. Mateus 11:28-30

 

 

 

   

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